[✨] Impressões agridoces

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"Previsão para virgem: Estranhas coincidências acontecerão no decorrer da semana."

TAEHYUNG

Taehyung fechou a porta. Foi uma reação quase inconsciente. Em um rápido cálculo mental, só porque a hipótese era absurda, imaginou qual seria a probabilidade de ter falado na internet com o mesmo homem que conheceu na noite passada.

Era baixa, mas existia. Taehyung não acreditava no destino, então essa situação só poderia ser uma coincidência rara, mais uma aleatoriedade que ninguém conseguiria prever.

Ele sabia que basicamente tudo no universo era feito de partículas fundamentais com diferentes tipos de interações entre elas. Havia um roteiro já pré-programado que não poderia sofrer alterações.

Taehyung soltou uma risada seca assim que as imagens vagas da noite passada, e todas as sensações estranhas que aquele garoto havia transmitido no seu corpo ao beijá-lo, vieram à mente.

— Ei, cara! Qual é o seu problema? — Taehyung ouviu o garoto gritar do outro lado e dar soquinhos na porta.

Apesar da situação estranha e impossível, Taehyung estava sem saco para lidar com isso. Ainda mais naquele momento; estava praticamente zerado e precisava da grana para quitar o aluguel atrasado.

Foi por isso que, sem pensar muito nas consequências que abrir a porta para o cara que beijou a sua boca noite passada poderia causar, Taehyung retrocedeu na decisão de deixá-lo plantado lá fora.

Taehyung abriu a porta. O garoto ainda estava lá, sentado com as pernas cruzadas, do outro lado do corredor, segurando um vaso de planta com as duas mãos. Ao escutar o barulho da porta, ele ergueu os olhos para Taehyung e abriu um sorrisinho enviesado.

É, sou eu, o cara da noite passada, Taehyung teve vontade de falar, mas ele só rolou os olhos, entediado. Não queria ter aquela conversa. Não queria falar sobre isso. Não deveria ser tão importante.

Repuxando as situações da noite anterior, Taehyung se lembrou do nome dele. O nome dele. O nome dele, sim, era importante.

Jeongguk. Era Jeongguk.

Jeongguk piscou um par de vezes, parecendo um pouco confuso, e encolheu os ombros, como uma criança culpada de alguma arte faria.

Azul. Não era um dom que Taehyung possuía, muito menos um super-poder, era mais como se ele tivesse acesso a uma parte específica do cérebro onde seus sentidos ficavam bagunçados; gosto, cheiro, textura, até mesmo o paladar. Tudo lá era trocado. Invertido. Cada fio ficava plugado em partes diferentes e isso sempre resultava em confusões estranhas e inusitadas, principalmente durante as primeiras impressões.

E Jeongguk era azul.

Não era nada de especial, muitas pessoas eram azuis por aí, e Jeongguk poderia ser só mais uma, se não fosse por aquele tom específico.

Jeongguk era um azul quase cinza.

Taehyung sempre aceitou as cores das pessoas. Nunca questionava. Nunca se questionava. Era uma cor e pronto. Uma cor que combinava com elas. Mas, pela primeira vez, Taehyung se questionou. Ele achava que aquela cor não combinava com Jeongguk. Com ninguém, na verdade.

Jeongguk também tinha um gosto doce de marshmallow que impregnava todo o seu paladar, e talvez fosse por isso que Taehyung tinha a sensação de estar tocando em um naquele momento. A sensação única era sentida na extensão da sua palma, macia como uma nuvem.

Melodia EstelarOnde histórias criam vida. Descubra agora