Já teve a sensação de estar imerso no universo? Como se seus olhos só conseguissem enxergar uma única coisa?
Tipo um hipnotismo?!Pois é, foi assim que eu fiquei quando vi aquela figura parada olhando um dos quadros pendurados na parede branca do museu.
Ele.... ele é idêntico.
Os lábios rosados e cheios, as bochechas coradas naturalmente, sem precisar de maquiagem; os olhos que, quando sorriam, se tornavam duas vírgulas e quando estava pensando, fugiam de toda a realidade.
A diferença entre eles? Park Jimin está morto e o rapaz.... aparentemente vivo.
Por que você faz isso comigo? Por que você não sai da minha mente?
Meus olhos não conseguem se desviar do rapaz de madeixas loiras sorrindo para as artes expostas ali por meu antigo e eterno amor, mas especificamente uma..... uma das artes que Park Jimin fez antes de partir.
[•••]
— Jeon?Sou tirado de meus desvaneios pela voz de meu melhor amigo. Ele estava tocando em meu ombro esse tempo todo e eu não tinha percebido, possivelmente porque estava pensando nele.....
Meus olhos estavam repletos de lágrimas dolorosas. A saudade invadia meu corpo de uma forma violenta. Quebrando-me mais e mais. Arrancando os últimos resquícios de felicidade que haviam em mim.
Se não fosse pelos braços de Taehyung envolvendo meu corpo, eu estaria no chão. O aperto contra mim, sem me privar de chorar e gritar, colocando para fora toda aquela saudade e amargura dentro de meu corpo.
— Calma, Jungkook.... eu estou aqui. — ele dizia, com calma e pude sentir a tristeza em seu timbre. Sinto as uma das mãos grandes dele acariciando minha costa, tentando ao máximo me consolar. — Vai ficar tudo bem....
— Não, não vai. Não vai ficar tudo bem! Ele não está aqui! — minhas pernas cansam de tanto lutar e me deixo ser levado de encontro com o piso gélido junto a meu amigo, que em nenhum momento soltou o abraço.
— Eu sei, eu sei. Mas acha que ele gostaria de te ver assim? Hein? — as mãos, que antes alisavam minha costa, agora afagam os cabelos de minha nuca. — O Jimin amava você, Jungkook... ele te amava mais que tudo nesse mundo. Te amava mais que a arte. Mais que os pincéis, tintas e quadros.
— Hyung.... — em um fio de voz, o chamo. — Me.... me leva até ele. Me leva até ele, por favor... — choro em seu colo, com minha cabeça sobre suas pernas — Eu não aguento mais....
Sem muita força abro os olhos, mas me arrependo amargamente de ter o feito. Minhas íris, embarçadas pela água salgada, vão de encontro a um outro quadro de Jimin. Dessa vez, a pintura retratava um garoto de casaco amarelo. Ele estava de costas, em pé sobre um vasto jardim florido. Seus braços estavam esticados para os lados e a cabeça tombada para trás. Era.... era eu.
[•••]
Era o último dia do acampamento escolar. Nossa turma não queria formatura, então optamos pelo acampamento. O lugar foi escolhido por meio de votos da classe.
E por incrível que pareça, o lugar mais votado também era o mais bonito.
— Aqui é tão lindo! — disse eu, correndo entre as flores coloridas do campo. — Hyung, vem correr comigo!
— Agora não, Jungkook ah. — meu hyung, que nesse tempo tinha o cabelo preto, sentou por cima do gramado e ajustou a lente de sua pequena câmera.
Ele fotografava tudo! Desde as borboletas que voavam, até as joaninhas que andavam nas folhas das flores. E eu assistia tudo em completa adoração. Porque para mim, não existia paisagem nenhuma que superasse o brilho daquele sorriso. Não existia nada que arrancasse suspiros meus além do olhar intenso e mágico de Park Jimin.
— Pode ficar parado por um instante, Jungkook?
Acatando seu pedido, virei-me de frente para o sol, ficando de costas para o que estava sentado. Senti aquela corrente quente percorrer meu corpo ao fechar os olhos e a brisa bater nas partes descobertas de roupas em mim, juntamente com os raios solares do fim de tarde. Ergo os braços, me permitindo de sentir cada sensação incrível que invadia meu corpo.
Click.
O barulho de sua câmera ecoou em meus ouvidos, sendo seguido por uma risada gostosa. Busquei a face de meu amado, para poder apreciar ele sorrir com os raios divinos tocando seu rosto angelical. Como podia existir alguém tão lindo?
— Jimin-ah, eu estou..... — soltei um ar preso em meus pulmões e um enorme sorriso adorna meus lábios. Meu coração quase explodiu só de pensar nas palavras que foram proferidas a seguir — Apaixonado por você!
Nada. Nenhuma palavra foi dita por ele. Mas não me importei com isso. Seu sorriso era tudo o que eu precisava ver. Apenas de observar seus olhos sumindo ao que seus lábios se tornaram um sorriso tímido e as bochechas ruborizadas de timidez, deixava meu coração quentinho.
— Eu estou apaixonado por você, hyung! — gritei com todo o fervor que havia em meus pulmões. Gritei com toda a paixão que tinha em mim por aquele garoto.
Gritei porque Park Jimin era meu.
E eu era seu.
[•••]
Cansei de ficar ali. Cansei de olhar ao redor e me corroer com aqueles sentimentos malditos. Quando a lembrança daquele quadro veio em minha mente, eu corri.
Corri dos braços de Taehyung. Corri das memórias de Park Jimin. Corri do meu passado. Apenas corri para bem longe.
— Jimin-ah! — minha garganta parece rasgar com o urro. A chuva caia sobre mim no meio daquele parque, se misturando com minhas lágrimas, com os joelhos no chão e o rosto elevado para o céu. — Eu odeio você, ouviu? Seja lá onde você esteja, saiba que eu.....
Puxo a grama, sem me importar com as pedras entrando para baixo de minha unha e os galhos espinhosos cortando meus dedos e mãos. Aquela dor era suportável. Não se comparava nem um porcento da agonia que se alastrava dentro de mim.
— Eu.... eu amo você.
E com último suspiro, meus olhos se fecham. A terra maltratada por mim me abraça, sabendo que já não tinha forças para suportar meu próprio peso.
Tudo fica branco. Sinto aos poucos meu corpo abster-se de todos os sentidos.
E o branco..... vira preto.
🎈
Um pouco triste essa história, eu acho.
Realmente, não sei se ela vai ser vista por alguém, mas espero que sim!
É isso, fim.
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My immortal.
Hayran Kurgu" Eu deveria ter dito mais que te amava. Deveria ter te abraçado mais vezes e ter dito a você o quanto você era lindo. Porque depois da morte, não há mais o que fazer. É o fim. Se eu pudesse, te apagaria de minha memória, porque não é fácil ter vo...