Capítulo 2

8 2 3
                                    


* * * *

- Mas o que se passa aqui? - disse Abimu bastante preocupada, deu-me logo um abraço - Abidemi você está bem? Abidemi diz alguma coisa...

Não conseguia responder apenas chorava, chorava porque não conseguia esclarecer o que realmente sentia. Não sou muito amante de leitura, mas ainda me lembro de um trecho que eu li e dizia o seguinte:

"Chega um momentos de nossa vida que o azul claro torna-se escuro e o preto no subúrbio de descanso dos nossos próprios medos. Fugimos, não dos outros, mas de nós mesmos, fugimos porque não conseguimos albergar tamanha quantidade de identidades que ao longo da vida, fomos acumulando, pelas promessas sem bases, pelos olhares não enxergados, pelas lágrimas secas, pelos sardônicos e sandices ditas em nosso interior"

- Pátria Dourada.

Posso dizer que era mais ou menos desse jeito que estava me sentindo naquele preciso momento. Mas o que dizer? "A vida é cheia de coisas lindas, mas também é repleta de dores insuportáveis".

Abimu não me soltava por nada, levou-me pra fora e sentamos em um banco próximo do prédio, deitei-me em seu colo e mirava para ás estrelas como se estivesse a curtir um filme em ar livre.

Ela não parava de acariciar meu cabelo, essa era a Abimu, carinhosa e chata ao mesmo tempo.

- Deste jeito vais acabar por estragar a maquiagem - Disse ela com um sorriso contagiante que não pude evitar - Eu sabia que você ainda estava lá no fundo... - Acrescentou.

- Só você seria capaz de me fazer rir, em um momento como esse - Falei. Com os olhos cheios de lágrimas, mas com um sorriso bobo estampado no rosto.

Abimu é uma pessoa bastante resiliente ela conseguia transformar um clima tétrico numa festa de criança com balões colorido flutuando pra todo lado - Como você consegue fazer isso?

- O que? - exclamou ela - Fazer o que?

- Resolver as coisas de forma tão simples...

- Strª. Lencastre - ela disse de queixo erguido - Quem foi que te disse que as coisas sempre serão simples?

- Sei lá - dei de ombros - Só acho que para ti parece que são.

- Não se engane, minha querida - disse ela de queixo erguido - Nem sempre um belo sorriso é sinônimo de paz interior...

- Onde você leu isso? Srta. Abimu Cury.

Demos uma gargalhada.

Não sabia que era tão boa nisso - disse ela ainda sorrindo.

- Pelos vistos estas pegando o jeito - falei - Mas diz lá, qual é o segredo da tamanha sobriedade, mesmo depois de uma garrafa de VODKA?

- Não aqueça a cabeça em algo que esteja fora do seu controlo...

- O quê? - Exclamei - Eu pensei que seriam umas vinte e cinco regras ou talvez umas cem. Agora você me diz que o segredo de sua sobriedade é uma minúscula frase que parece ser tirado de um bolinho da sorte.

- Isso mesmo!

- Você é uma louca. Sabia?

- Eu sei - disse ela com bastante precisão - como também sei que já é hora de ir pra casa...

- Hai! Que seca - resmungo - Será que posso voltar a dormir em sua casa hoje? Por favor...

- Tá! Mas não se acostuma... Você me ouviu bem?

- Sim senhora!

- Eu já falei pra você umas mil vezes... - resmungou com bravura.

Abimu detestava ser chamada de senhora, no seu ponto de vista, aquilo era como se estivesses acrescentar cinquenta anos da idade dela.

- Pára de me chamar deste jeito. Será que você é cega? - parou por um instante e movia o corpo que nem uma modelo, apenas pra provar que ela não era uma senhora - Olhe bem para essa belezura... Vá olhe! Sua invejosa.

- Me poupe tá... - falei secamente - Quando olho pra você eu só vejo uma quantidade absurda de banha e rugas...

- O quê? - Embasbacada - Você me chamou de gorda? Acho que tens problemas sérios com os olhos, tem certeza que não tens princípio de glaucoma?

- É claro que não!

- Mas eu continuo achando que tens!

- Então tá!

Lá fomos nós caminhando no meio da noite, sem medo e cantando Heartbreak Anniversary de Giveon, esse homem é bom pra valer no que faz.

E deixa já te alertar que não conseguíamos cantar como ele então cantou mesmo assim soltamos as nossas vozes rocas.

Você deve estar se perguntando se estávamos loucas ou talvez embriagadas, eu posso afirmar pra você que não! Eu tinha os meus demônios e Abimu também, concluindo, a única maneira de abafar-mos nossas dores insuportáveis era gritar bem alto para que o universo nos ouça e quem sabe mude alguma coisa.

Mas ainda que não mudar, enquanto estarmos fincadas estaremos prontas para o que vier.

- Ei Abidemi...
- O que foi agora?
- Você acha que um dia haverá um homem que vai me levar a sério?

- Porque você está dizendo isso agora?

- Só me responde sua burra!

Não demorou muito para que ela se jogasse no meu corpo e começasse a chorar, daí percebi que era uma situação séria.

- O que foi? - Perguntei delicadamente, não queria piorar a situação - porque você está chorando assim tão de repente?

- Eu não presto pra nadaaaa... Hunhum... - Soluçava sem para, suas lágrimas não paravam de rolar - todos os homens só querem brincar comigo, por quê?... Eu sou tão feia e gorda!

- Ei! Pare já com isso - exclamei bravamente, segurei em suas bochechas redondas e morenas, limpava suas lágrimas - Abimu pare de proferir essas palavras pontiagudas contra você, desse jeito você só vai piorar...

De repente um homem alto de corpo robusto e voz grossa apareceu da escuridão, ele estava com uma calça jeans, casaco de napa preto retinto e um boné escondendo o rosto, sem hesitar apontou uma arma bem na minha cabeça.

- Deem tudo o que vocês têm se não eu atiro e aviso já eu não estou brincando! - disse ele em tom bastante agressivo suas mãos não paravam de tremer até que...

* * * *

Obrigado por leres este capítulo, prometo que irá de se surpreender com o próximo capítulo. Não se esqueça de me seguir e deixar seu comentário!

Nos vemos na próxima!

Meu pai é VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora