Capítulo 9

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— Como assim? — exclamei de olhos esbugalhados — estavas muito entusiasmada pra contar agora dizes que não há...

— Só estava a brincar...

— O quê?

— Qual é o problema? — Sou assim tão velha pra brincar

— Tens razão... — concordei — acho que me entusiasmei de mais...

E lá estávamos nós outra vez, sentados no confortável sofá, abraçadas vendo minha série favorita, apesar do que ela estava passando, ainda assim ela não parava de fazer criticas.

Não imagino minha mãe sentada confortavelmente em um sofá de um programa espanhol, sendo entrevistada sobre a série e do outro lado Alex Pina. Aquilo vai ser uma batalha muito épica, até que seria muito divertido.

Mas isso está muito distante de acontecer, afinal a Espanha é um dos poucos países que minha mãe quer conhecer.

— Abidemi...

— Sim! Mãe.

— Não achas este lindo e confortável sofá esta um pouco vazio?

— Não... — respondi rapidamente — Eu só acho que precisamos de uma nova TV, de uma mesada mais gorda — dei um sorriso provocador — mas não acho que precisamos de uma pessoa. Eu tenho você e pra mim é o suficiente...

Ela comprimiu os lábios e deu um leve tom de tristeza, embasbaquei em menos segundos o ar tornou-se tétrico e oco.

— O que foi? Mãe — perguntei na esperança de receber um mero esclarecimento do que realmente estava acontecendo, mas ela simplesmente revirou os olhos e prontos. Não disse nada — por que o silêncio? Mãe.

— Até o meu silencio é questionado? — retrucou — eu pensei que... Que...

— O quê? Mãe — falei com bastante euforia — por que tanta volta? Diz logo!

— Eu pensei que depois de teres perdido o pai, talvez fosse mais acolhedora — disse com a respiração presa — entendes?

— E o que a mãe esta sugerindo?

Ela ficou cinco minutos de silêncio e foi exatamente nestes cinco minutos que minha mente deu uma voltinha pelo mundo dos porquês. Será que a minha mãe quer ter mais um filho? Mas pra isso ela precisara encontrar um viúvo amargurado ou talvez um mulherengo safado, mas minha mãe não gosta de tipos como esses. Então, o que realmente esta rolando na mente dela?

— Que horas são? — disse ela, tentando fugir do assunto — Abidemi. Páre de me encarar desse jeito e vê logo a hora!

Uma coisa estava bem clara naquela conversa idiota: Ela é minha mãe e ninguém sabia mais do que ela, que sou uma menina bastante questionadora, logo, o melhor era deixar ela se safar desata vez. Só desta vez!

— Vinte e duas... — Falei secamente — acho que esse é o momento em que me levanto e vou dormir, não é? Mãe.

— Isso mesmo! — disse ela com um sorriso falso, me deu um beijo e fui pra o quarto — E durma mesmo de verdade! — gritou bem antes que eu entrasse pelo corredor.

Meus olhos queriam descansar, mas minha cabeça ainda queria estar acordada, simplesmente para continuar com minhas teorias, foi quando me lembrei de que amanhã seria um dia bem mais chato do que hoje, mas e se eu tentar dar uma de espiã, talvez eu descubra o que minha mãe está escondendo. O que tenho a perder? Então vamos a isso.

Levantei bem devagarinho, meu quarto estava escuro, era perfeito lugar pra começar. Fui até a varanda, que era como um túnel que ligava meu quarto e a sala, mas ainda precisaria dar uma pequena curva pra poder chegar ao quarto de dela.

Dei uma espiadinha no sofá e ela ainda estava dormindo, isso era mais que perfeito! Continuei caminhando com bastante cautela, seria uma grande borrada se ela me pegasse a desbibliotar sua vida. Já estava a centímetros da porta, mas havia algo que não se encaixava bem no meu magnifico plano: era a lâmpada do quarto dela, estava acesa.

Deixe-me esclarecer pra você o porquê a lâmpada acesa era um problema. Minha mãe era altamente medrosa, era um medo razoável por baratas e houve um dia que bem no calar da noite, ela deu um grito arrepiante, quando fui pra ver o que era e adivinha. Era uma barata no canto do armário e ela já estava em cima da cama, bem aterrorizada.

— É apenas uma barata minúscula e indefesa. Mãe — falei secamente — pode deixar que eu tiro.

— Não toque nisso Abidemi! — Ela surtou — Ela é pequena sim, mas não significa que não seja perigosa!

Mas tirei mesmo assim, depois daquilo tive que dormir junto dela naquela noite. É por essa razão que a lâmpada acesa era um problema, porque isso me dava entender que ela estava lá dentro. Mas como? Eu acabei de vê-la na sala, de repente senti um leve puxão por trás, meu corpo eriçou da cabeça aos pés, virei morosamente para ver o que era e... Era nada mais, nada menos que uma menininha de aproximadamente seis anos de idade. Mas o que é isso afinal?

— Filha, levante logo dali — Despertou-me — já esta na hora de ires p'ra escola, Abidemi!

— Ham! — murmurei com o rosto enterrado na almofada, abri os olhos e pude perceber que não passava de um horrível pesadelo — Esta bem! Já vou Mãe, me dê cinco minutos...

— Vê se não se atrase! — gritou bem antes de sumir.

Meu pai é VirgemOnde histórias criam vida. Descubra agora