Prologue

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A manhã está quente, o que não é exatamente uma surpresa, os últimos dias têm sido quentes graças ao verão recém chegado, apesar de que tenho de confessar, o verão na Coreia é bem mais quente, mas ainda assim, prefiro o inverno.

O cheiro de café já estava por toda cozinha, eu me encontrava encostada a bancada da pia tomando meu café, verifico a hora mais uma vez, continuava cedo.

O café da manhã estava pronto e na mesa, eu ainda teria algum tempo até sair de casa. Pouso a xícara na bancada e caminho pelo meu apartamento, indo direto ao pequeno corredor e abro a primeira porta.

Minha pequena garotinha estava ali, dormindo tranquilamente, queria poder não acordá-la, mas sendo mãe solo e tendo que trabalhar, não me restam muitas opções.

Caminho em silêncio até sua cama e me sento ao seu lado, aliso seu rosto deixando um carinho em sua bochecha e sorrio.

— Hanni, está na hora de acordar, bebê — Falo e ela solta um resmungo — Não seja preguiçosa

— Bom dia, mamãe — Fala com sua voz doce enquanto coça os olhinhos

— Bom dia, meu amor — Falo e beijo sua bochecha

Me levanto da cama e abro as cortinas iluminando o quarto, minha pequena já estava sentada na cama com a carinha inchada.

— Vamos tomar café da manhã? — Pergunto e ela afirma levantando os braços — Minha mocinha não está grande pro colo? — Pergunto e ela nega me fazendo rir

Vou até ela e a ergo em meus braços a levando pra cozinha, ela estava abraçada ao meu pescoço e só soltou quando a coloquei na cadeira.

— Panquecas — Comemora e eu sorrio

— Quem é a melhor mãe do mundo? — Pergunto

— Você, mamãe — Fala animada e eu rio

— E você é a melhor filha do mundo — Falo e ela sorri largamente enquanto sirvo seu café da manhã — Coma tudinho

Tomamos café da manhã com calma, depois organizei uma lancheira pra ela que me ajudou pegando as coisas na geladeira, o que alcançava pelo menos.

Depois fui dar banho e arrumar ela, coloquei um shortinho confortável e uma blusa simples, seu tênis e fiz duas tranças em seu cabelo.

Eu já estava pronta, uma uma calça e uma camiseta preta e também um tênis. Ela verificou a própria mochila e disse que não faltava nada.

Logo o ônibus da escola chegou, me despedi dela com um abraço apertado e ela correu até ele. Não demorei a sair, fui caminhando até o ponto de ônibus.

Ainda estava adiantada pra faculdade, faço jornalismo e estou no meu penúltimo ano, trabalho em uma floricultura durante a tarde e parte da noite, além de um estágio em um jornal, mas todo meu trabalho nele é online então faço de casa.

Felizmente o dinheiro que ganho é o suficiente pra cuidar da minha filha de cinco anos. Descobrir uma gravidez aos 16 anos foi um pouco traumático, contar pros meus pais — dois coreanos tradicionais — nem se fala.

A primeira proposta deles foi o casamento, o que estava totalmente fora de cogitação, uma vez que o sexo não foi exatamente consensual, meu namorado da época não parou de insistir até eu dizer sim e eu nem disse afinal, não que isso o importasse, terminei com ele logo em seguida.

A segunda foi dar para um orfanato, eu estava muito confusa ao descobrir que estava grávida, mas não sabia se realmente queria deixar meu bebê ir dessa forma e nunca mais o ver, então eu disse que iria criá-lo.

Meus pais, sempre muito compreensivos, me bateram, gritaram comigo e tudo mais, eu já não aguentava aquela casa a tempos e já tinha um emprego e dinheiro guardado, e foi assim que aos 16 anos, grávida de dois meses, simplesmente saí de casa.

Além do meu emprego de ajudante em um supermercado, comecei a dar aulas a crianças mais novas pra ganhar um dinheiro extra e continuei estudando. Eu não sabia de muita coisa sobre o mundo, mas sabia que ia precisar de dinheiro e ter um emprego bom no futuro pra cuidar da minha filha.

Quando a barriga cresceu, perdi alguns "alunos" dos quais eu era tutora, as mães de alguns se comoveram por eu estar morando sozinha e me deram fraldas e coisas assim. Na escola, fui motivo de chacota por boa parte das outras turmas, mas tive sorte, o pessoal da minha sala me protegeu durante o ensino médio inteiro, nunca me deixavam sozinha pela escola.

Hanni nasceu durante as férias e pelo que me contaram os médicos ficaram em choque ao ver que mais de 15 pessoas estavam ali só por minha causa. Óbvio que no segundo e terceiro ano ela virou o próprio neném da turma. Quando ela chorava durante a aula não faltavam pessoas pra me ajudar, até mesmo os professores, eles até me ajudaram com dinheiro.

Por estudar em uma escola diferente, o pai dela só a viu uma vez quando eu estava brincando com ela na praça, e logo após o ensino médio me mudei de cidade, não queria ele ou os meus pais perto dela.

Ela também foi pra faculdade comigo até poder ir pra escola e é uma menina maravilhosa, muito educada e um amor de criança, qualquer um se encanta por ela.

Cheguei na faculdade e caminhei direto pra minha sala, sentei no canto habitual e comecei a escrever um artigo pro estágio enquanto a aula não começava.

As aulas foram tranquilas, e saí de lá ao meio dia, tive que correr pra pegar o ônibus e buscar a Hanni na escola e quando cheguei ela estava quietinha me esperando.

— Mamãe — Fala e vem até mim me abraçando, era uma das únicas crianças que restavam

— Desculpa a demora, bebê, o trânsito está horrível

— Não tem problema, mamãe — Fala sorrindo e beijo sua bochecha

— O que quer almoçar? — Pergunto

— Arroz, frango e batata frita e suco de laranja — Fala e eu rio

— Tinha que ser minha filha mesmo — Falo e ela ri

— Ela é muito educada, senhorita Kim — Sua professora fala e eu sorrio

— Obrigada, diz tchau, amor

— Tchau, tia, até segunda

— Até Hanni — Diz acenando e nós saímos

Fomos em um restaurante ali perto, eu decidi comer primeiro e ir pro trabalho depois e assim fizemos. Pegamos mais um ônibus depois, mas esse foi rápido, e chegamos a floricultura.

A dona do local é uma senhora que não pode mais cuidar e gostou muito de mim e da Hanni, então me contratou e paga mais do que deveria.

Minha filha já acostumada com a rotina me ajudou a abrir tudo, depois sentou em um cantinho pra brincar enquanto eu preparava umas encomendas.

O dia foi tranquilo, não teve tanta coisa assim, Hanni tirou um cochilo durante a tarde, mas depois acordou e eu brinquei com ela.

A noite, como quase todos os dias, Charlotte dona da floricultura, veio nos trazer comida.

— Boa noite minhas meninas — Fala entrando

— Vovó — Hanni acena, ela vê a mulher como uma figura materna

— Oi raio de sol, está com fome?

— Sim — Fala animada

— Como vai, querida?— Pergunta a mim

— Está meio parado hoje — Comento

— Estou perguntando de você, Jisoo — Fala e eu sorrio

— Estou bem e a senhora?

— Cansada — Fala sorrindo — Venha, vamos jantar

Seguimos a rotina de sempre, jantamos, trabalhei mais um pouco e depois fomos pra casa, dessa vez de táxi e como de costume minha pequena estava exausta, não demorou a dormir depois do banho e eu, após meu banho, fui escrever um pouco mais do meu artigo.

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It all started with flowers - ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora