4. Other side

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Bianca's Point Of View.

Quando Mari anunciou que a médica estava aqui, o mínimo que eu não esperava era encontrar uma mulher tão jovem. Bruna Marquezine era bem feita e muito bonita. Ela tinha cabelos quase pretos e ondulados, enquanto seus olhos brilhavam com um castanho escuro, sendo quase tão negro quanto os meus, e a cor de sua pele era um pouco mais escura do que a minha.

Minha mente estava começando a ter algumas dúvidas sobre a sua capacidade mental, porque desde que ela tinha entrado no quarto não tinha dito uma palavra, mas sobretudo porque a menina não tinha tirado os olhos de mim. Talvez ela jogasse no mesmo time que eu e é por isso que ficava olhando para mim, afinal de contas eu ainda era bonita e quente. Mas depois da morte de Rafaella, minha mente não reagia a qualquer atração física ou emocional com ninguém fora do meu círculo estabelecido de amigos.

Eu não tinha feito sexo em mais de sete anos.

Eu ri internamente, se alguém viesse me dizer há 10 anos que eu, Bianca Andrade, a ortopedista mais sexy em todo o país, tinha perdido o gosto por sexo antes dos quarenta, eu teria rido na sua cara, ou quem sabe talvez eu teria quebrado alguns ossos pela praga jogada. Mas agora eu estava aqui, jovem, lésbica e viúva lutando pela vida do meu filho, um filho que me mantinha viva, a única razão pela qual eu ainda existia depois de ter perdido quase tudo.

— Bruna? — a voz de Mari interrompeu meus pensamentos, ao que parece ela também tinha notado seu repentino estado de choque. Ela me olhou por alguns segundos, antes de transformar o rosto surpreso em um profissional e, finalmente, apertando a mão que eu tinha estendido a ela.

— Lamento Dra. Andrade, eu não tive a intenção de me desligar desse jeito. — ela sorriu pela primeira vez desde que tinha chegado e meu coração afundou quando vi as covinhas que se formaram em seu rosto jovem, eram lindas, mas nenhuma jamais superaria as de Rafaella. — Eu sou a Dra. Bruna Marquezine, e juntamente com a Dra. McPerk, estarei cuidando do caso de seu filho.

— Por favor, enquanto eu estiver nesta sala não serei uma médica, para que nos entendamos melhor pode me chamar de Bianca. — eu lhe dei o meu melhor sorriso e notei que seus olhos se abriram um pouco mais do que o normal.

— Ok então, Bianca, você também tem todo o direito de me chamar de Bruna.

— Mami? — alívio me inundou novamente ao perceber que a voz do meu filho estava livre de dor. Coloquei meu melhor sorriso e virei-me em sua direção.

— Sim, querido? — perguntei ao lutar contra as lágrimas que eu deixei ir enquanto ele estava dormindo.

— Ella es muy linda. — ele disse em um perfeito espanhol enquanto se inclinava um pouco na cama para conseguir olhar melhor a Bruna, que estava atrás de mim revisando o quadro do meu menino. — Si le pregunto, ¿crees que quiere ser mi novia? — ele perguntou na mesma língua, não querendo passar vergonha na frente dela. Meu filho sempre falava em espanhol quando ele queria conversar em particular comigo e estávamos na frente de estranhos.

Tinha sido ideia de Rafaella que nossos filhos lidassem com idiomas com perfeição porque, de acordo com ela, nunca seria inútil ter uma vantagem sobre os outros. Eu sabia o espanhol, ela sabia o português, além de nossa primeira língua: inglês. Uma nova onda de tristeza tomou conta de mim quando me lembrei das aulas privadas de espanhol que eu costumava dar a minha esposa antes de perdê-la em um sangrento acidente de carro.

Mari soltou uma gargalhada embora ela não entendesse espanhol; ela era capaz de ler o rosto do meu filho melhor do que ninguém. Isso só me confirmou que eu não poderia ter escolhido uma melhor madrinha para Theo.

Bruna terminou de ler a carta e olhou para mim com um sorriso divertido, afirmando que ela tinha entendido o que Teteo havia dito. Ela colocou a carta na cama e virou para o meu filho com o mesmo sorriso.

remember me. || rabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora