Capítulo 4

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P.O.V Mickey Milkovich

Depois do meu colapso humilhante no sofá, eu finalmente tomei coragem pra me levantar e lavar o rosto no banheiro e fui pra cozinha comer qualquer coisa antes que eu acabasse desmaiando de fome.

— Mick? - O tom de Iggy estava cuidadoso, como se ele tivesse lidando com uma bomba relógio, o que não deixou de ser um pouco engraçado.

— O que foi? - Eu respondi, esperando não iniciar uma segunda briga com meu irmão no mesmo dia.

— Só estou com tédio, pensando se a gente pode assistir um filme juntos... Mandy está vindo também. - Sabia que esse era o jeito de Iggy de tentar esfriar as coisas depois de uma briga.

— Tudo bem... - Respirei fundo, sem saber como exatamente pedir desculpa pro meu irmão. — Iggy, sobre o que eu disse mais cedo... eu exagerei.

— Não tem problema, não é como se você tivesse mentido. - Ele respondeu, parecendo genuinamente sincero, o que só me deixou pior.

— Mas eu falei merda... eu sei que deve ter sido um inferno todos aqueles anos ao lado de Terry... - Ele desviou os olhos, como se tivesse fugindo das lembranças que o atormentava, assim como eu, assim como Mandy...

Eu sabia que nossa infância tinha sido uma merda em muitos aspectos e sabia que Iggy tinha sofrido muito ao lado de Terry, tendo que assumir as coisas nos momentos mais difíceis. Mas ainda assim, todo dia que passava eu sentia mais falta dos momentos raros de alegria entre ele, Mandy e eu.

— Eu juro que não tô puto contigo. - Ele me deu um sorriso suave, daqueles que ele usava quando éramos pequenos e ele queria nos tranquilizar, apesar de toda a gritaria. — Sei que os anos perdidos não podem ser recuperados, mas acho que eu, você e Mandy podemos recomeçar.

— Desde quando você ficou tão filosófico?

— Anos usando muita maconha fizeram isso comigo. - Ele respondeu brincando, o que tirou uma risada de nós dois.

Fomos interrompidos pela porta sendo aberta e Mandy entrando.

— Parece que eu cheguei em bom momento. - Ela disse, levantando as sacolas.

— É bom ter trago cerveja! - Eu exclamei.

— É claro que tem, cervejas e uns salgados, mas só por isso, vou querer escolher o primeiro filme que a gente vai ver.

— Desde que não seja uma comédia romântica tosca. - Iggy falou.

— Todo mundo vai ter seu momento de escolher filme, eu hein, se eu quiser colocar filme de comédia romântica, qual vai ser o problema?! - Nós três ficamos discutindo por um tempo, mas no fim, Mandy venceu e o primeiro filme que a gente viu foi "Just Like Heaven", que na minha opinião, era estranhíssimo.

— Se apaixonar pela porra de um fantasma?! Mandy, isso não faz nenhum sentido! - Eu reclamei do filme com ela, que revirou os olhos pra mim.

— Você está perdendo o romantismo do negócio, merdinha! Ela não é exatamente um fantasma e o fato deles terem essa conexão torna tudo ainda mais romântico.

— Ela tá vagando pela porra do apartamento, como assim ela não é um fantasma?! - Eu me indignei.

— E como esse relacionamento vai funcionar?! - Iggy perguntou de forma surpreendente sábia, considerando que era estranho ter um relacionamento com um vulto.

— Dá pra assistir a porra do filme e entender a história?! - Ela reclamou, revirando os olhos pra nós dois.

Continuei assistindo aquela merda, mesmo sentindo que nada na história fazia sentido. Quem acreditaria nessas besteiras de que uma alma era capaz de vagar pelo apartamento de alguém e se apaixonar novamente?! O pior de tudo era que a mulher nem tinha morrido no fim, só estava em coma.

Destinos entrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora