Capítulo 7

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P.O.V  Ian Gallagher

Eu sabia que ser um Gallagher significava que a qualquer momento, sua vida poderia virar de cabeça pra baixo e fazer você se adaptar a uma realidade ainda pior do que antes, mas mesmo assim saber que eu tinha sido azarado o suficiente pra ter uma genética tão merda e ser o "escolhido" pelo transtorno bipolar da minha mãe bateu o record pra mim.

Desde então, eu estava lutando muito pra colocar a cabeça de volta no lugar, pra tentar dar um rumo na minha vida de merda que tinha se tornado tão vazia e olhando pro meu presente, eu diria que estou no caminho certo.

Eu consegui meu emprego de paramédico, o que me fez ter muito orgulho de mim mesmo, uma sensação que há muito tempo eu não sentia, eu estava estável tomando os meus remédios e.. eu tinha encontrado Caleb, que me ofereceu um namoro estável e normal pela primeira vez na vida... com quem eu tive meu primeiro encontro... mas mesmo assim, existe sempre a sensação de vazio no meu peito, como se eu tivesse obrigação de ser feliz e mesmo assim não conseguisse sentir isso.

No entanto, mesmo essa sensação estranha não abalava o fato de que esse era um dos períodos mais estáveis da minha vida e uma parte disso eu devia a Caleb, que é um cara muito bacana e vem me ensinando todos os dias coisas novas.

Pelo menos foram esses pensamentos que estavam rondando minha cabeça há dias, mas isso caiu por terra pela primeira vez quando eu encontrei Mandy no bairro.

Ela estava saindo de seu carro, parecendo ainda melhor do que a última vez que eu a encontrei.

— Mandy?! - Ela virou pra mim, parecendo totalmente surpresa, o que era muito estranho, considerando que ela estava na zona sul.

— Ian... Há quanto tempo. - Quando o choque dela passou, ela se aproximou de mim e a gente deu um abraço forte e nesse momento eu percebi mais uma vez o quanto eu sentia falta de Mandy. Sentia falta dos nossos momentos juntos, das nossas conversas, de estar com ela... Sentia falta dos velhos tempos... me interrompi antes que meus pensamentos me levassem ainda mais longe.

— Por que você não me avisou que tinha voltado? - Ela me deu um sorriso de canto, mas por algum motivo, eu senti que ela estava desconfortável, o que me deixou com uma grande sensação de estranheza, porque existia uma época em que éramos melhores amigos e esse desconforto nem sonhava em aparecer.

— Acabei nem avisando porque ia ser uma visita rápida... eu precisava ver um assunto com Iggy e não tinha como resolver isso por telefone. - Essa desculpa não tinha me convencido, mas depois de passar tanto tempo sem ver Mandy, não queria sair pressionando ela.

— E você pretende ficar por mais um tempo?

— Na verdade não... mas talvez você me encontre mais vezes durante alguns dias. - Ela me deu um sorriso de canto.

— A gente bem que poderia marcar de se ver pra conversar... eu senti sua falta. - Ela me deu um sorriso, mas parecia levemente mais triste e os olhos azuis dela ficaram marejados enquanto me olhavam, o que inevitavelmente me levou a uma lembrança que eu tinha guardado bem no fundo do meu cérebro.

"Eu te amo". Ele me falou, com olhos azuis marejados, parecendo tão vulnerável diante de mim... e tudo o que eu conseguia pensar em dizer de volta, era que eu nem mesmo sabia mais o que essa frase significava...

Me forcei a parar de pensar nesse momento e voltei a focar em Mandy, que me olhava do mesmo jeito carinhoso do passado.

— Eu também senti muito a sua falta. - Eu queria perguntar por qual motivo ela não tinha me ligado de novo ou tentado manter qualquer contato, mas me controlei, porque não era hora e nem lugar pra isso. — Juro que não vou desaparecer sem a gente marcar pelo menos um dia pra colocar a conversa em dia.

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