Capítulo 6

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P.O.V Mickey Milkovich

Eu continuei trabalhando com Daisy e com o tempo, eu admiti contra a minha vontade que tinha feito uma amiga nova, aliás, a primeira amiga... já que Mandy não conta. Mas a mulher era feroz de um jeito que me fazia respeitá-la um pouco mais, além disso ela não era intrometide e nem de muita enrolação... me lembrava muito a minha prima Sandy, que simplesmente tinha sumido e nunca mais dado notícia.

— Acho que você pode começar a fazer tatuagens mais simples a partir de semana que vem. - Ela me falou, assim que terminou de me dar mais uma aula.

— Tem certeza dessa porra? Não vou me responsabilizar se algum cliente sair chorando daqui. - Ela deu um sorriso cruel.

— Tenho certeza que você vai dar conta e assim, uma tatuagem mal feita não mata ninguém, só humilha um pouco. - Me lembrei da merda que eu tinha feito no meu peito e concordei com ela.

— E como humilha...

— Ih, você tem uma tatuagem desse tipo? - Ela me perguntou, parecendo genuinamente curiosa.

— Tenho, mas isso é uma história pra outro dia.

— Pelo visto não é uma lembrança muito feliz. - Lembrei da cara de Ian quando viu a tatuagem e quando ele anunciou que eu ainda tinha escrito o nome dele errado. Provavelmente um dos momentos mais constrangedores da minha vida.

— Definitivamente é um momento de merda, que eu gostaria de poder apagar. - Ela me encarou de forma mais séria.

— Se você ainda tiver essa tatuagem que tu odeia e quiser encobrir, tamo aí. - Eu respirei fundo, pensando seriamente em aceitar a oferta e fazer qualquer outra tatuagem no meu peito pra cobrir o horrível "Ian Galagher" que estava nele, mas ao mesmo tempo, do que adiantaria fazer isso?

Eu poderia arrancar o nome dele do meu peito, mas o meu amor por ele continuaria na porra do meu coração e a lembrança do toque dele continuaria fazendo eu me arrepiar. Não serviria de nada cobrir o nome dele do meu peito, porque de qualquer forma, ele já estava debaixo da minha pele de todas as outras maneiras.

— Por enquanto eu vou recusar essa oferta. Essa tatuagem ainda tem sua utilidade. - Eu resolvi fazer uma promessa pra mim mesmo, eu só iria encobrir essa tatuagem quando conseguisse olhar pra ela sem sentir nada, quando tivesse a certeza de que pelo menos superei Ian. — Vamos continuar? Você disse que ia me mostrar novas técnicas. - Ela sorriu e continuou a me explicar as coisas de onde paramos.

O dia passou praticamente voando e depois de mais um turno, eu estava voltando pra casa doido pra pegar uma cerveja e me jogar no sofá, mas minha noite foi interrompida quando dei de cara com uma das pessoas que eu não queria ver.

— Mickey?! - Dei de cara com Kevin e uma parte do meu passado voltou a tona como um furacão. Sabia que Kevin era próximo dos Gallaghers...

— Eu mesmo, porra. - Eu perguntei, tentando agir como se não tivessemos ficado praticamente dois anos sem nos vermos.

— Cara, que loucura, da última vez me falaram que você tinha sido preso e com uma sentença alta! Já te libertaram?

— Sentença alta nunca é garantia de nada... meu pai vivia sendo solto e isso aconteceu comigo também. - Resolvi encurtar a parte da advogada, do processo, da minha garantia de liberdade e de tudo o que estava rolando na minha vida.

— E nem deu uma passadinha no Álibi pra beber? Sentimos sua falta no bairro, ficou até menos violento sem você. - Isso me tirou uma risada alta.

— Eu não tive muito tempo de visitar o Álibi. - Na verdade eu não queria me arriscar e dar de cara com Ian e nem com qualquer outro Gallagher, mas agora que Kevin sabia que eu fui solto, não sabia quanto tempo levaria pro bairro todo saber.

Destinos entrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora