10. Butique

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— Eu vou falar com ele. Fique em silêncio. - Sehun pediu e S/N apenas assentiu, sem ter muito o que fazer.

Saindo do rancho e fechando a porta atrás de si, Sehun encontrou a figura do pastor a alguns metros dele. Se recostando na parede de madeira, ele acendeu um cigarro, enfiando a mão livre no bolso da calça e esperou até que Henry olhasse na direção dele.

— Você viu minha filha? - Perguntou em um tom ríspido e Sehun tragou mais uma vez antes de responder, acabando com a pouca paciência que Henry tinha quando se tratava dele.

— Qual delas? - Questionou, assistindo o pastor rolar os olhos.

— S/N.

— Ah. - Sehun murmurou, abrindo um sorriso de soslaio que fez o mais velho comprimir os olhos e fechar as mãos em punho. — Eu vi, sim. - Confirmou, o olhando com uma expressão arrogante. E ele havia feito bem mais do que somente vê-la.

— E onde ela está? - Exigiu, começando a ficar com raiva. Sehun sempre falava o mínimo possível e sempre que ele abria a boca, o pastor ficava à beira do ódio.

— Ela entrou no bosque, acho que foi atrás de algum animal. - Era comum coelhos e esquilos andarem por ali, saindo da proteção das árvores que rodeavam a igreja.

Sem falar mais uma palavra, Henry caminhou a passos duros para longe de Sehun, continuando a busca por sua filha. A mesma que estava escondida dentro do rancho. Sehun voltou a sorrir, balançando a cabeça e tragou novamente, batendo a cinza do cigarro. Ele não sabia descrever exatamente o que era aquilo que sentia apenas em pensar que S/N estava ali, mandando tudo para casa do caralho somente para poder conversar com ele após todo aquele mês em silêncio. Ela estava ali com ele e não com suas irmãs ou até mesmo com seu noivo. Era como se, pela primeira vez, ele fosse a prioridade de alguém e aquilo estava completamente fodendo com a sua cabeça. Porque ela iria se casar e mesmo que não fosse, não seria com ele que ela ficaria.

Soltando todo o ar de seus pulmões, Sehun jogou o cigarro no gramado, pisando no mesmo e entrando no rancho. S/N estava sentada na banqueta, olhando tudo ao redor até que seu olhar repousou no homem.

— Ele já foi. - Ela assentiu, sem responder. — Eu te ajudo a sair pela janela. - Apontou para a janela que ficava ao lado oposto da porta, onde ela poderia caminhar até a linha das árvores sem que ninguém a visse saindo do rancho.

— Ok. - Murmurou, se levantando e ajeitando seu vestido.

Sehun caminhou até lá, abrindo a janela de madeira e deixando a luz natural entrar. Ele suspirou, voltando a se virar para S/N. Ela encarava seus sapatos e Sehun parou em sua frente, segurando o rosto dela e a observando atentamente. Assim que ela abriu um tímido sorriso, ele voltou a chocar suas bocas, querendo saborear os lábios dela no pouco tempo que tinham. E ele não se referia a esse exato momento, Sehun bem sabia que seja lá o que fosse aquilo, não duraria por muito tempo. Nada de bom ficava em sua vida por muito tempo e S/N não seria exceção. E por mais que ele odiasse esse pensamento era nada mais que a verdade.

Quando eles finalmente se separaram, os dois se entreolharam, sem ousar falar nada para estragar o que quer que fosse aquilo. Por mais que as confissões e os beijos mudassem as coisas, ainda havia as mudas dúvidas para entender completamente o que aconteceria. O que eles fariam? Até que ponto poderiam deixar esses sentimentos crescerem e os engolirem por inteiro? Qual seria o tamanho do peso da consciência de S/N por tudo o que estava acontecendo? Até quando poderiam deixar aquilo acontecer? E o pior, o que aconteceria caso alguém soubesse sobre eles?

— Eu tenho que ir. - S/N sussurrou com medo de quebrar o silêncio e com medo de voltar para a realidade que era a sua vida.

Sem dizer nada, Sehun assentiu. Ele passou um braço por baixo dos joelhos dela e outro por suas costas, a erguendo no ar e fazendo S/N soltar um barulho surpreso, segurando instintivamente os ombros dele. Se ela tentasse pular a janela sozinha, com certeza seu vestido se prenderia em alguma farpa ou prego solto e estragaria seu vestido. E a mulher já estava encrencada o suficiente com seu pai.

Semeone else - SehunOnde histórias criam vida. Descubra agora