15. Amanhã à noite

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Gargalhando alto enquanto balançava negativamente a cabeça, Sehun parecia um lunático. Principalmente após seu pai ter dito que a falecida esposa havia colocado fogo na própria casa e se matado junto com sua filha. Ou, talvez, o lunático fosse James.

— Você não está falando sério. - Sehun pronunciou. O álcool em seu cérebro e a nicotina em seus pulmões não eram o suficiente para fazerem o homem parar de tremer incontrolavelmente.

— Você acha que eu inventaria isso? - James indagou fracamente, sem energia para discutir.

— O que lhe faz pensar que minha mãe colocaria fogo na casa? Ainda mais comigo e Emma dentro! Isso é um absurdo.

— Ela escreveu uma carta. - Sehun franziu o cenho, balançando a cabeça e sorrindo com escárnio.

— Sim, ela escreveu várias cartas.

— Ela deu a carta para um dos nossos antigos vizinhos. - James continuou, ignorando o comentário do filho. Estava na hora de deixar a verdade vir à tona, independente do quanto aquilo fosse destruir Sehun. — Inventou uma história que iria fazer uma surpresa para mim e que eu deveria receber a carta apenas no dia seguinte. Ela escreveu uma despedida e pediu perdão pelas coisas que fez comigo, sem eu ao menos saber. Também disse que Emma não era minha filha, mas não falou de quem era.

— E todos falam que ela era uma santa porque vivia na igreja. - Sehun gargalhou, passando a mão pelo rosto. — Ah, se soubessem o motivo. - James encarava o filho que, claramente, estava fora de si. Sehun não era do tipo que ria, e muito menos gargalhava. Também não era do tipo que ofendia sua falecida mãe. Independente do quanto tivesse bebido.

— Ela escreveu o quanto amava você. E mesmo que queimando a casa fosse lhe colocar em risco, ela não queria que você morresse. Você não estava envolvido em todo o caos que ela criou para si mesma.

— Emma também não estava envolvida! Ela não tinha culpada de nossa mãe ser uma vadia!

— Não abra sua boca para falar da sua mãe desta forma! - James esbravejou, incrédulo com as palavras de Sehun.

— Você quer defendê-la? Por Deus, ela te traiu! Ela não te amava, porra! - Sehun falava, tentando enfiar aquilo na cabeça de seu pai.

— Isso não lhe dá o direito de ofender a mulher que lhe deu à luz.

— Eu quero que ela se foda. Inclusive, espero que ela esteja queimando no inferno.

— Sehun! - James exclamou, vermelho de raiva. O coveiro se levantou, mas não deu um passo em direção ao filho.

— O quê? Tem mais alguma coisa que você queira falar? Ou já disse tudo o que sabia por todos esses anos enquanto eu estava na porra do escuro? - A aquele ponto da conversa, Sehun gritava, sem se importar se os vizinhos conseguiriam ouvir. Ele realmente não poderia se importar menos. — Você sabe quanta merda eu tive que aguentar todos esses anos!? Enquanto todos me acusavam de ter matado minha mãe e minha irmã, você soube todo esse tempo! Você ficou quieto vendo essa porra de circo dos horrores que fizeram com a minha vida, e você não cogitou na merda da possibilidade de dizer a verdade? - James se mantinha em silêncio, levemente assustado com seu próprio filho. Sehun estava vermelho e as veias de seu pescoço estavam saltadas enquanto ele gritava para Deus e o mundo ouvir. Seu olhar carregava tanto ódio e dor que somente aquilo era o suficiente para quebrar James.

— Você não entenderia. - O coveiro murmurou, soltando todo o ar de seus pulmões.

— Entender o quê!? Que você é um grande filho da puta?

— Eu não podia manchar a imagem da sua mãe, após a morte dela! - Sehun se calou, encarando seu pai como se ele fosse insano. Desde quando aquilo era razão o suficiente para deixar a vida do próprio filho virar o próprio inferno?

Semeone else - SehunOnde histórias criam vida. Descubra agora