7. Sala

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Costurando o furo do vestido amarelo de uma cliente, S/N olhou de relance para sua tia que estava sentada a alguns metros dela. S/N estava passando o dia na casa da mais velha, a ajudando com os pedidos. Aquela era a oportunidade perfeita para conversar com sua tia, a sós.

— Tia? - S/N pronunciou, chamando a atenção dela.

— Sim, querida? - A voz doce da mulher ecoou pelo cômodo enquanto ela mantinha os olhos fixos no que fazia.

— Você ficou feliz que seus pais escolheram com quem você iria casar? - Clare parou de costurar, levantando os olhos para fitar a sobrinha. Ela franziu o cenho, por mais que mantivesse um leve sorriso em seus lábios.

— Não é como se eu pudesse fazer nada sobre isso.

— Não foi isso que eu lhe perguntei. - S/N murmurou. Clare suspirou, conhecendo a sobrinha como a palma de sua mão e sabendo que ela não desistiria tão fácil de ter uma resposta decente.

— Eu não fiquei. Para ser sincera, eu nunca tive vontade de me casar. Sua mãe desde pequena sonhava com o príncipe encantado, mas não eu. De qualquer forma, não tinha como eu fugir dessa... responsabilidade, ou seja lá como eu posso chamar isso. - Disse com uma careta. S/N soltou uma risada nasalada.

— Você gostava dele? - O marido de Clare havia falecido quando S/N tinha um ano e por isso não se lembrava de absolutamente nada do homem.

— Não posso negar que ele era um cavalheiro. - Ela falou, sorrindo genuinamente, se relembrando do marido. — Joseph era um bom homem. Ele fez as coisas serem mais suportáveis e foi me conquistando aos poucos. - Clare fez uma pausa, analisando sua sobrinha por alguns segundos. — Por que, meu amor? - S/N apoiou o vestido e a agulha em seu colo.

— Eu não quero me casar com Vincent. - Clare soltou uma fraca risada.

— Eu bem sei, se você soubesse quantas vezes já ouvi seu pai enchendo meu ouvido por conta desse Vincent e você.

— Ele não é a pessoa certa para mim! Eu não acho justo ser forçada a me casar com quem eu não amo e sei que nunca vou amar. Ele poderia ter a maior riqueza do mundo e mesmo assim, eu iria preferir me casar com um morador de rua. - Clare riu, ouvindo o tom exasperado da mais nova.

— E como você pode ter tanta certeza que nunca gostará dele? - S/N a encarou com os olhos arregalados. Ela deveria falar o motivo?

— Por que ele é um imundo! - Exclamou, ouvindo mais risadas da tia.

— Sua personalidade é muito parecida com a minha, para o desgosto do seu pai e para minha felicidade. - Falou e S/N notou o tom de orgulho na voz dela. — Sabe o que você faz que me lembra de sua mãe? - Ela negou com a cabeça. — Usar mangas mesmo com esse calor infernal. Sua mãe costumava fazer isso. Eu só espero que seu motivo não seja o mesmo que o dela. - Clare murmurou a última parte, mais para si mesma, mas S/N conseguiu ouvir. A jovem franziu o cenho. Sua tia não poderia estar insinuando que... - Aceita um chá, querida? Vamos tirar cinco minutos para descansar antes de continuar com o trabalho, sim?

(...)

Quando voltou para casa, S/N ficou pensando na conversa que teve com sua tia. Várias possibilidades passavam em sua cabeça e ela tentava ignorar todas, desejando que ela apenas tivesse entendido errado o que sua tia quis dizer.

No outro dia, S/N foi cedo para a igreja com seu pai. Ela iria começar a ensinar algumas crianças a ler, usando um cômodo vazio que havia na igreja. A jovem ficaria mais ocupada do que o normal, já que agora teria que dividir seu tempo entre treinar as músicas e dar aula, mas aquilo era algo bom. Dessa forma, ela teria menos tempo para passar com Vincent.

Semeone else - SehunOnde histórias criam vida. Descubra agora