14. Colar

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Caminhando de um lado para o outro, S/N roía as unhas de sua mão, uma mania que nunca teve antes. Aparentemente, apenas apertar o tecido de suas roupas não estava mais sendo o suficiente. Madalena observava a irmã mais velha em silêncio, ouvindo apenas os barulhos que Clare fazia na cozinha, preparando chá para ela e as sobrinhas. A jovem havia percebido o comportamento inquieto e arisco de S/N, se assustando com qualquer mínimo movimento, como se escondesse algo ou tivesse medo que algo ruim acontecesse.

— Está tudo bem? - Perguntou, vendo a irmã dar um pequeno pulo de susto, colocando a mão em cima do coração e parando de andar.

— Sim, Lena. - Forçou um pequeno sorriso, querendo que a mais nova acreditasse em suas palavras.

— Não é o que parece.

— Impressão sua. - Murmurou, se sentando e escondendo o rosto entre as mãos.

— O chá está pronto! - Clare exclamou da cozinha. Madalena prontamente se levantou, indo até o cômodo e deixando S/N sozinha. Passados alguns minutos, sua tia apareceu na sala, lhe lançando um olhar inquisidor.

— O quê? - Perguntou em um tom baixo. Odiava quando sua tia lhe olhava daquela maneira, como se a mulher não passasse de um livro aberto que sua tia conseguia ler em poucos segundos.

— O que está incomodando esse coração, querida? - S/N desviou o olhar, dando de ombros. — Você fica tão inquieta quanto sua mãe ficava quando tinha algo a perturbando. - A sobrinha respirou fundo, a olhando de um modo nervoso.

— Você não pode contar para a Madalena. - Disse baixo, para que sua irmã não pudesse ouvir o que as duas falavam. Clare franziu o cenho, abrindo um pequeno sorriso.

— Tudo bem. - Soltando todo o ar de seus pulmões pela boca, S/N começou a remexer em seu vestido, pegando as cartas dobradas que estavam guardadas dentro do bolso interno da roupa. Ela entregou os papéis a Clare, recebendo um olhar confuso e esperando a mulher analisar as mesmas.

Lendo trechos e mais trechos, Clare crispava os lábios, franzia a testa, semicerrava os olhos, arqueava as sobrancelhas e meneava a cabeça. Suas diferentes reações apenas faziam a respiração de S/N acelerar com a angústia que se apossava de seu peito.

— O que é isso, S/N?

— É a caligrafia do meu pai, não é? - Perguntou, aflita. Clare repousou os olhos na sobrinha.

— Onde você encontrou essas cartas?

— Sehun encontrou... entre os pertences da mãe dele. - Clare a olhou intrigada, voltando a analisar as cartas. — Meu pai que as escreveu para a mãe dele, não foi? - A mais velha devolveu os papéis. Sua testa estava enrugada enquanto ela pensava no que dizer. Após alguns instantes onde o silêncio era tão pesado que se tornava palpável, Clare umedeceu os lábios.

— No quarto do seu pai... - Falou, parando para respirar fundo, sem nem ao menos saber se aquilo era uma boa ideia. — há uma tábua solta embaixo da cama, sua mãe me contou a muitos anos atrás que ela escondia algumas coisas lá. Procure para ver se seu pai não colocou nada lá dentro depois que sua mãe faleceu. - S/N se recostou no sofá, encarando o chão enquanto sua mente trabalhava com as mil possibilidades do que poderia ter lá.

— Ok. - Disse em um sopro, sentindo seu coração acelerado.

Se quisesse a verdade, ela teria que fazer aquilo, independente do quanto fosse doer.

(...)

Fazia três dias que S/N tentava criar coragem para ao menos colocar o pé dentro do quarto de seu pai, mas toda vez que ela tentava, o desespero sempre a bloqueava. E com os dias que iam, a possibilidade de saberem o que aconteceu entre o pastor e a mãe de Sehun continuava passando.

Semeone else - SehunOnde histórias criam vida. Descubra agora