Olhe sempre para o lado Bom da vida (One Piece)

Capítulo 18

Zoro estava sentado no canto de seu quarto, quieto. Enquanto uma parte dele estava cochilando, ele ainda estava muito consciente de tudo o que estava acontecendo na sala. Usopp estava deitado na cama e seu braço ferido estava envolto em bandagens e uma pequena mangueira de borracha translúcida estava presa a seu braço. Chopper o colocou em um soro. Ele estava quase dormindo, mas de vez em quando acordava com respiração irregular e pânico nos olhos. Nami estava lá para acalmá-lo sempre que isso acontecia. Chopper ia e vinha, latindo para as pessoas que ele achava que estavam atrapalhando o sono e a recuperação de Usopp. Zoro sabia que não eram as pessoas que perturbavam Usopp. Foi a dor. Ele tinha visto pessoas com queimaduras de frio antes e sabia que a recuperação doía como o inferno.

"Não estou tão preocupado com o braço", disse Chopper. "A ferida não é tão profunda e, embora haja um grande risco de infecção, não é nada que eu não possa controlar. É o congelamento nos dedos do pé esquerdo que me preocupa.

Isso preocupava Zoro também. Ele teve um vislumbre dos dedos roxos no pé esquerdo de Usopp. Roxo não era um bom sinal. Era a cor ruim para se ter em qualquer parte do corpo.

"Neste ponto é impossível dizer quão extenso é o dano," Chopper explicou para Nami e Zoro. "A cor indica que estamos falando de pelo menos terceiro grau aqui, mas não sei dizer se o frio afetou os tecidos mais profundos. Nesta fase, não posso descartar a possibilidade de perda de tecido."

"Perder tecido?" Nami havia repetido em um tom morto.

"O tecido que não pode se recuperar pode precisar ser removido cirurgicamente-" Chopper parou de falar quando notou o horror no rosto de Nami. Rapidamente ele mudou de tom. "É apenas uma possibilidade! Claro que espero que ele se recupere totalmente! Quero dizer, não me olhe assim Nami, isso me deixa nervoso." Então o pequeno médico escapou dos olhos de Nami.

Remoção cirúrgica de tecido devido a congelamento? Zoro sabia que era possível. Às vezes, o frio matava a carne, tornando-a negra e desagradável. Morto. Algumas pessoas nas ruas ainda tinham aqueles dedos mortos e presos. Alguns tiveram a sorte de removê-los. O pensamento fez Zoro estremecer. Se ele perdesse um dedo do pé, isso arruinaria seu equilíbrio e suas lutas. Quanto tempo levaria para reaprender a se equilibrar? Ele poderia recuperar suas habilidades atuais?

Zoro deixou seus olhos pousar em Nami e Usopp. Parecia que os dois estavam dormindo agora. Nami estava sentada no chão e descansando a cabeça no lado de Usopp, sua mão alcançando a mão saudável de Usopp, seus dedos enrolados firmemente juntos.

Quando isso aconteceu? Quando Nami e Usopp ficaram assim?

Zoro se sentiu estranho, como um intruso em seu próprio quarto. Forasteiro no mundo que os dois estavam compartilhando. Ele estava irritado e não estava. Ele estava irritado com algo que não conseguia explicar, algo que realmente não queria rotular como ciúme. Mas ele também estava aliviado - aliviado por haver alguém cuidando de Nami. Alguém para estar lá para ela quando Zoro não estava. Zoro sabia que nem sempre estaria lá, e Nami também sabia disso. Ele assumiu muitos riscos para fazer esse tipo de promessa a Nami. A ninguém.

Uma porta se abrindo ofereceu uma perturbação bem-vinda, e Zoro afastou seus pensamentos quando Sanji entrou na sala. Ele carregava uma bandeja de comida, tão cheia de frutas e legumes que quase escondiam as duas tigelas embaixo deles.

"É para Nami," Sanji rosnou assim que percebeu os olhos de Zoro o seguindo. Então ele suspirou teatralmente, ainda se recusando a encontrar os olhos de Zoro. "Pegue a segunda tigela, cabeça de musgo. A sopa fica boa quando está quentinha."

Como Nami não estava acordada, Sanji se virou rapidamente para sair do quarto.

"Ei, cozinheiro", disse Zoro, quando a porta estava quase fechada. "Quintal, 10 minutos."