Capítulo 1
Na Espreita
É época de festas e comemorações, o final do ano estava chegando. Após um período longo e cansativo, o natal e o ano novo vieram para aquecer o coração, são nesses dias que nos reunimos com a família, comemos e cantamos juntos a noite inteira. O fim de um ciclo é o início de outro, com novos começos, novas experiências e grandes aprendizados.
O dia é 22 de dezembro de 2018. Miguel estava mexendo em seu celular no sofá de sua casa. Em sua frente havia uma caixa de som e ao lado uma árvore de natal que foi recém montada, á sua esquerda tinha um sofá menor e á sua direita apenas uma cópia do quadro “O Grito” de Edvard Munch preso à parede, na entrada de um corredor que ligava os dois quartos.
Miguel se encontrava sem planos para o restante do dia, mas viu a situação mudar quando às duas e vinte três da tarde seu celular tocou, era a ligação de seu amigo Davi.
— Davi? — Miguel estava surpreso com a ligação, eles falavam apenas por mensagem, e se encontram casualmente quando sobra tempo — Por que tá me ligando? Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupado.
— Não aconteceu nada, não. Hoje não vou trabalhar, aqueles exploradores me deram uma folga — Davi estava com um riso empolgado do outro lado da linha — Tá livre hoje?
— Sim, e estou muito entediado, onde tá pensando em ir? — Miguel perguntou, mas Davi ficou em silêncio por uns cinco segundos antes de responder.
— Estava pensando em ir naquele bar de sempre e encher a cara — falou rindo ao quebrar o silêncio.
— Tô nessa — respondeu Miguel — vou tomar um banho antes, a gente se vê lá umas 16h.
— Fechou! — Davi desligou a chamada.
Miguel levantou do sofá e entrou no corredor dos quartos, passou pelo primeiro, que apesar de estar mobiliado, ninguém o usava, já que morava sozinho. Então seguiu adiante, e ele andou até seu quarto que ficava no fim do corredor. Quando entrou, percebeu que estava ventando forte e decidiu fechar a grande janela que clareava todo seu quarto. No ambiente tinha uma cama de casal centralizada, aos pés havia um grande armário onde ficavam suas roupas; em cada lado da cama tinha uma escrivaninha, uma com abajur e a outra com vários livros. Após olhar pela janela andou até seu armário e pegou uma toalha para tomar banho. Após terminar, com apenas uma toalha cobrindo a cintura, caminhou em direção ao quarto novamente para escolher a roupa que iria usar, e ao abrir a porta sentiu uma forte brisa entrando de sua janela, o que lhe deu calafrios após ter tomado um banho gelado.
— Que estranho… — Olhou para fora e fechou a janela logo depois — tinha quase certeza que fechei, mas fazer o que né? — Deu de ombros e foi escolher suas roupas.
Enquanto procurava no meio de várias de suas roupas, Miguel sentiu um calafrio percorrer por todo seu corpo e dessa vez não era o frio, a janela havia se aberto sozinha novamente, e ele teve a sensação de que tinha alguém sentado nela. Se virou lentamente para olhar, seu corpo estava todo arrepiado, suas mãos estavam tremendo, tentando se controlar. Engoliu seco e olhou. Não havia ninguém, a presença que ele supostamente tinha sentido não estava lá, respirou aliviado, e sentou na cama para se acalmar.
Será que estou ficando maluco? Que sensação esquisita foi essa?
Ao se controlar, rapidamente escolheu suas peças e se vestiu para sair. Ele estava usando um kit moletom preto, a única cor diferente era de sua pele clara e seus olhos castanhos, até mesmo seu cabelo era preto. Saiu de sua casa, que ficava a cinco minutos do bar, e decidiu ir caminhando. Ao se aproximar da faixa de pedestres, viu uma senhora parada com várias sacolas de compra, ele percebeu que ela não conseguia atravessar rápido por causa do peso. Se aproximou e resolveu ajudá-la a carregar.
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Shingers
FantasyEm uma noite aparentemente comum, o mundo de Miguel é abruptamente virado de cabeça para baixo quando sua casa é invadida por uma força sinistra. Ele se vê arrastado para um submundo obscuro, onde os Shingers, seres que se alimentam da vitalidade hu...