Como você olha pra ela

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Denis achava aquilo uma bobagem, mas "chá revelação" estava na moda, e Julia - sua esposa - queria, a família praticamente exigia. Para ele, bastava um chá de bebê simples, sem tanta coisa, sem tanto gasto desnecessário, além disso, a revelação seria para a família e amigos, já que ele e a esposa sabiam que esperavam um menino.

Sábado a tarde, o salão de festas do prédio estava decorado com ursinhos em tons de rosa, azul e dourado e Denis aguardava os convidados demonstrando uma falsa animação depois da noite insone ao lado da esposa que sofria enjoos noturnos desde o primeiro mês de gravidez.

Enquanto os familiares e amigos chegavam e se acomodavam nas mesinhas dispostas no salão, Denis mantinha-se na entrada como um recepcionista que não pode deixar seu posto. Julia apareceu animada pedindo desculpas aos convidados já presentes por não os recepcionar. Diego e Sofia chegaram a tempo de ouvir o final do pedido de desculpas, abraçaram o casal parabenizando-os mais uma vez pelo bebê. Julia arrastou a amiga para a mesa principal afim de mostrar a decoração, deixando Diego e Denis próximos da porta de entrada.

— Tá de castigo? Não sai dessa porta – riu Diego.

— Tô meio desanimado, cara... sei lá, acho isso tudo uma tremenda bobagem.

Percebendo o desanimo do amigo, Diego aproximou-se mais de Denis para poder falar mais baixo.

— Você tá arrependido do casamento? Ou não queria ser pai?

— Não, cara, nada disso. Eu amo a Julia, amo o bebê. É só que... todo mundo se mete, a minha família, a família dela. Eu nem queria esse chá revelação, de início nem ela, mas aí o povo ficou pesando e ela acabou se convencendo, a gente gastou uma grana aqui, uma grana que a gente não tem no momento.

— Foda... – Diego murmurou entendo a situação do amigo.

Fernanda chegou em seguida, num vestido longo e florido que acentuava sua boa forma após 1 mês do nascimento de seu bebê, que fora deixado com uma babá, pois ela não perderia uma festa jamais, principalmente o chá revelação da "outra grávida" da família, como ela costumava referir-se a Julia.

— Oi, priminho! – Fernanda cumprimentou Denis com seu costumeiro ar de superioridade.

— Oi, gente! Fiquem à vontade. – Denis cumprimentou dando espaço para que Fernanda e o esposo entrassem.

— Ai, primo! Você deveria ter falado comigo sobre o chá, a decoradora que fez o chá da Heleninha é ótima, ela faz decorações mais simples, mais baratinhas...

— Agradeço Fernanda, mas a gente decidiu cuidar de tudo do nosso jeito e a Aída deu uma força.

— A Aída? – Fernanda lançou um olhar inquisidor – Desde quando a Aída entende de decoração?

— Um amigo dela entende, o cara trabalha com isso. A Aída nos presenteou com o trabalho do cara. – Denis respondeu sério, mais uma vez, indicando a entrada para a prima, tentando encerrar qualquer assunto com ela. – Entra aí, sua mãe já chegou, tá lá dentro com a Flavia e a tia Marisa.

Fernanda tentou falar alguma coisa sobre Aída e a qualidade da decoração, mas Denis ignorou, cumprimentando um casal de amigos que chegava ao local, fazendo com que a prima entrasse sem mais comentários. Após indicar a entrada ao casal, aproximou-se mais uma vez de Diego.

— Puta que pariu, a Fernanda é chata mesmo, viu? – Comentou indignado com Diego.

— Sempre foi. – Diego concordou e um breve silêncio se instalou entre eles, silêncio suficiente para que Diego criasse coragem para perguntar ao amigo o que desejava saber desde que saíra de casa. – A Aída vem?

Feliz e ponto.Onde histórias criam vida. Descubra agora