Julia e Sofia passeavam pelo shopping, era a primeira vez que Julia saia de casa sem Benicio para bater papo com uma amiga e sentia-se grata por ter um momento para ela.
Benicio nascera saudável e era um bebê alegre e bonzinho, chorava quando estranhava alguém ou quando sentia alguma dor, mas no geral era bastante tranquilo. Denis se mostrara um pai de verdade, participava ativamente dos cuidados com o bebê, cuidava dos afazeres domésticos, com ele não tinha aquele papo machista de que a responsabilidade da casa e dos filhos é da mulher e apenas dela. Ele fazia o que todo e qualquer pai deveria fazer e quando alguém o elogiava dizendo quão bom pai ele era, ele dizia que só fazia a sua obrigação enquanto pai e parceiro.
Ele também não sairá de casa sem Julia e o filho nos últimos tempos, mas quando Julia disse que gostaria de sair com a amiga, ele não pensou duas vezes, e disse a ela que fosse e que ele cuidaria de Benicio. Mesmo sendo um grande parceiro, sabia que Julia precisava muito mais que ele de um descanso. Apesar de sair com a amiga para se distrair e conversar, o foco de Julia eram as lojas de produtos para bebês, e foi numa dessas lojas que Julia e Sofia encontraram Aída.
— Aída? - Julia se aproximou surpresa, enquanto Sofia se afastava quase se enfiando em um dos corredores cheios de roupinhas.
— Julia! Que saudade!
— O que você está fazendo aqui? Não vai me dizer que está grávida?
— Deus me livre! - Respondeu Aída rindo alto. — Eu amo crianças, acho lindo, mas eu não tenho esse dom, não.
— Vou te falar! Não é fácil mesmo... e olha que o Benicio é de boas. Aliás, você precisa conhecê-lo.
— Eu sei, estou devendo essa visita. Aliás estava aqui justamente comprando um presente para ele.
— Nada disso! Não precisa de presente, a gente quer é te ver lá em casa.
— E eu vou, mas quis dar um tempo, imaginei que vocês ainda estavam se adaptando a tudo e não queria incomodar.
— Você não incomoda. Pode ir quando quiser. Tem gente que incomoda e vire e mexe aparece sem avisar.
— Fernanda? Tia Dora? Tia Mariza?
— Como adivinhou tão fácil? - ambas riram da ironia contida na conversa.
Sofia continuava distante, sem jeito de se aproximar, mas Julia fez questão de chamá-la.
— Lembra da Aída, né? Prima do Denis...
— Sim, claro. Como vai Aída?
— Bem, e você?
— Bem.
A conversa entre as duas resumira-se a cumprimentos, havia um estranhamento no ar, não era ciúme, inveja, inimizade, só uma coisa que não dava para entender. Talvez, em outra ocasião, se não houvesse Diego, as duas até poderiam ser amigas. Sofia conhecia Aída pelo que os outros (Denis, Julia e outros conhecidos) diziam dela e isso a fazia pensar que Aída era inteligente e divertida. Aída não saia muito sobre Sofia, mas simpatizava com ela, sentia que Sofia era uma boa pessoa, e de fato era.
Julia conversou mais um pouco, falou sobre Benicio, enquanto Sofia e Aída mais ouviam que falavam. Despediram-se na porta da loja com a promessa de que em breve Aída conheceria o priminho. Aída e Julia se abraçaram e meio que num impulso, Aída abraçou também Sofia para despedir-se.
— Foi um prazer te ver de novo, Sofia.
— Obrigada.
Após a despedida, Aída virou-se para seguir seu caminho e já tinha dado alguns passos quando Sofia a chamou. Julia estava a alguns passos de distância e tinha uma expressão confusa.
— Oi – Aída virou-se para Sofia com uma expressão surpresa e curiosa.
— Eu e o Diego não estamos mais juntos.
— Certo. Que pena – Aída respondeu reticente. — Mas eu não entendi. Por que está me dizendo isso?
— Ele te ama
— Olha, Sofia. Não tem absolutamente nada entre eu e o Diego. A última vez que eu o vi foi no casamento da Julia.
— Eu sei. Não estou te acusando de nada.
— Então...
— Eu e o Diego terminamos porque ele nunca deixou de gostar de você, acho que ele nunca vai gostar de alguém do mesmo jeito. Eu não sei quanto a você, mas se for recíproco, não perde tempo. Todo mundo merece ser feliz.
— Você está feliz? – Aída perguntou realmente interessada.
— Confesso que foi difícil no começo, eu gostava muito do Diego, mas eu percebi que era o melhor para nós dois. Eu mereço ter alguém ao meu lado que me ame, sabe?
— É claro.
— Então, eu estou curtindo a minha paz e a minha companhia nesse momento, e estou gostando demais disso. Acho que nunca olhei pra mim com tanto amor.
— Uau... Isso parece bom.
— E é.
— Sofia, eu fico feliz por você estar bem. Nos não nos conhecemos direito, mas eu sei, sinto que você é gente boa e acho mesmo que merece ser feliz.
— Valeu. Acho que você é legal também.
— Obrigada.
— Por isso eu decidi falar com você agora. Você e o Diego tiveram um história legal com um monte de gente babaca se metendo, sei disso porque a Julia me contou. Eu acho mesmo que vocês dois se amam ainda, pelo menos o Diego te ama. Não deixa os outros atrapalharem isso.
— Caramba! O Diego é um babaca por não ficar com você.
Sofia riu e deu mais um abraço em Aída, que saiu do abraço com lágrimas nos olhos.
— Sabe, Aída. Eu ainda amo o Diego, mas não é do mesmo jeito de antes. Acho que tive bons momentos com ele, mas acabou, ainda é amor, só que diferente agora. E é por ser amor que eu quero que ele fique bem e seja feliz. E eu sei que é isso o que ele deseja pra mim também.
— Eu queria ser inteligente que nem você – disse Aída com um sorriso sincero.
— Quem sabe um dia possamos ser amigas?
— Quem sabe?
Mais uma vez as duas se abraçaram e despediram-se, Aída saiu de lá com o coração quente, sentindo-se feliz por Sofia, não pelo fim do namoro com Diego, mas por ver que Sofia estava bem, e que ficaria bem porque sabia seu valor e quão feliz ela merecia ser.
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Feliz e ponto.
Kısa HikayeAída e Diego se apaixonaram, mas a diferença de idade entre eles foi um problema para família e amigos. Aída é 8 anos mais velha que Diego, uma diferença considerada normal quando homens são mais velhos, mas que gera muito preconceito quando a mulhe...