XVIII

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MAKAYLA LILITH

Eu olhava aqueles cartazes sem remorso algum, via as letras, a fotos em preto e branco e não sentia uma lágrima, ou aperto no coração.

Ao meu ver eram só letras. Mas ao meu redor as pessoas estavam  desesperadas, umas até vieram me consolar. Mas consolar o que? Mal sabem elas que não somos mais amigas.

No dia que paramos de ser amigas foi aqui mesmo na escola. Só umas 12 pessoas viram , e nem todas estavam ligando para nós.

Então....nem todos sabem que paramos de ser amigas, e viam me consolar como se de alguma forma aquilo doesse, se pudesse até riria mas...seria muito psicopatismo.

Eu não entendia em como tão pouco tempo eu havia me tornado tão...fria, insensível. Nem para uma coisa pesada dessas eu ligava.

Cartazes de desaparecimento.

Avery Sicler Caleb
20 anos
Loira, olhos verdes escuros, 1.68.

Informações básicas.

Eu queria rir da cara das pessoas que estavam me consolando...eu não precisava daquilo. Ela quis me abandonar, o que eu posso fazer?

Ela já estava tão longe de mim que estando mais ainda não fazia falta...

(...)

Eu estava ajudando nas buscas, por mais que eu não liga-se eu tinha que manter o roteiro e fingir que doía. Até coloquei álcool perto dos olhos para conseguir chorar.

Eram 18:42 e tinham pessoas, polícias, e cães de guarda. A rua estava "cheia" e estávamos tentando achar ela. Até havia pessoa gritando o nome dela.

— eu não sei o que fazer sem ela — ouço a voz da mãe da Avery perto

— nós vamos encontrar ela Tia — digo tentando parecer o mais abalada possível

— como você se sente em relação ao desaparecimento dela — ela diz soando o nariz

Que porra Tia, não era para perguntar isso, como vou te responder? Não fazia parte do roteiro.

— é...nós éramos melhores amigas, sinto a falta dela e muita. Nesse momento eu só queria ela por perto — digo buscando palavras do além

— que saudade da minha menina — ela diz chorando ainda mais

Eu não sabia como reagir por isso apenas abracei e continuei a caminhar.

Já estava ficando tarde, os meus pés doíam de tanto andar. Então comecei a andar contra as pessoas para voltar à casa.

Estava quase me livrando das pessoas quando sinto alguém pegar o meu braço.

— você é amiga da Avery né — diz uma menina

— sim porque — pergunto soltando o meu braço de seu aperto

— você não parece triste em relação ao desaparecimento dela — ela diz desconfiada

— estava me observando — pergunto tentando parecer intimidadora

— talvez — ela diz e sorri de lado

— eu tenho mais coisas para fazer — digo tentando sair dali

— prazer, meu nome é Kira — ela diz estendendo a mão e só agora percebi o colar dela escrito Kira

— Makayla — ela sorri sem mostrar os dentes

Sai dali e fui até minha casa, abri a porta e subi correndo até meu quarto.

Abri o meu notbook e comecei a procurar todos os perfis do insta com o nome Kira. Garota de dreads vermelhos e sobrancelhas vermelhas, cílios enormes e que com certeza eram artificiais, piercing no nariz e orelhas, unhas compridas e estilo masculino dos anos 2000.

— ACHEI! — dei um grito e depois notei que foi alto demais e me calei — Kira Kinsley — falei comigo mesma

Não sei porque eu estava procurando informações dessa menina mas ela me pareceu estranha, e me parar do nada para me falar algo que...sla acho que ninguém deveria perguntar é bizarro.

Continuei olhando o perfil dela para ver se achava algo, mas não tinha nada a não ser fotos de família, amigos, e dela mesma.

Talvez devesse fazer amizade com ela?

Eu nunca a tinha visto aqui em Seattle, seria impossível mesmo até porque Seattle é grande demais mas mesmo assim. Nunca a vi na escola e como ela sabia que eu era amiga da Avery?

Ouço batidas na porta de me levando para ver quem é.

— oi — o Erick diz entrando no quarto como se fosse dele

— como vocês entraram — pergunto fechando a porta e trancando

— uma mulher abriu a porta para a gente — ele diz se deitando na cama

— como assim uma mulher — pergunto pegando meu notbook

— é...uma mulher alta morena, cabelos curtos, olhos castanhos...não conheces? — o Simon diz se sentando na poltrona no canto do quarto

Resolvi não fazer mais perguntas, eu não fazia a mínima ideia de quem era essa mulher. O meu "pai" não tem o hábito de trazer mulheres aqui, muito pelo contrário ele ia até elas.

— enfim...o que vieram fazer aqui — pergunto fechando o meu notbook

— estávamos passando aí vimos que tem um monte de gente lá fora. O Erick achou que fosse fofoca e pediu para virmos até aqui para você contar — o Simon responde eu dou um riso

— como se você não quisesse também saber — o Erick rebate

— talvez...um pouquinho só — ele diz nos fazendo rir

Antes o Simon era bem fechado, na dele e não falava nada. Não que ele parou de ser assim mas era pior antes, evolui bastante.

— hurum sei...agora conta o que aconteceu — ele diz e os dois se preparam para prestar atenção

— a Avery desapareceu — eles demoram bastante para ter uma reação — vocês já sabiam?

— não...é que é meio chocante sabe — o Simon diz

— talvez...

— não está triste — o Erick pergunta

— para ser sincera....não, nem um pouco — digo — tipo, é triste o desaparecimento de alguém mas eu como melhor amiga dela deveria estar arrasada

— ex melhor amiga né amor — o Erick diz e eu bato com uma travesseiro nele — ai — ele reclama

— começou — o Simon diz

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