ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 𝔒𝔫𝔷𝔢

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Azriel encarou sua parceira conforme aguardavam ansiosamente pela abertura das grandes portas duplas que davam de entrada ao salão principal. Ambos apreensivos, temerosos, em uma conversa silenciosa. Como tudo escalara a aquele nível? Estavam em seu próprio refúgio, criaram seu laço e sobretudo, uma família e casa.

E tudo fora facilmente desmoronado quando, durante um dos passeios com os filhos, um fae da guarda especial farejou o cheiro de Rhaegar, e então o de Aegon. Azriel não pensara duas vezes antes de pará-lo, tempo antes que subisse as escadas de uma pequena torre. O corpo caiu em um baque surdo quando seus filhos o encararam, em silêncio. Não havia medo ali, embora ele não soubesse exatamente o que era. Tudo que conseguira dizer fora o nome de Astrea e casa antes que partissem silenciosamente as sombras

Rápido assim, quando chegaram a residência, Astrea o encarou, enquanto ele a encarava em silêncio após sua confissão. Ela não dissera uma palavra até se certificar de que todos estivessem bem, e então, tudo que dissera fora " ― bom "

E agora, a contragosto, estavam ali, na noturna. Era o único lugar que Azriel conseguira pensar em refúgio durante aquele curto espaço de tempo, que mais parecia uma eterna tortura. Tiveram tempo suficiente apenas para explicar aos filhos o que era o local, como deveriam se portar, e sobretudo, que deveriam sempre estar próximos.

Astrea trajava um longo vestido de linho, denso como as sombras de seu parceiro, em detalhes bordados em azul, prata e dourado. O broche permanecia sob o coração da fêmea, os cabelos praticamente soltos, com uma única trança que circulava o topo, quase como uma coroa adornada em quartzos e ônixes negras, enquanto Rhaegar e Aegon trajavam roupas semelhantes a do pai, um traje escuro, embora possuíssem os broches e adornos em linhas de ouro e prata nas barras de suas vestes, que pareciam quase cintilar sob a luz, assim como as asas do mais novo ou o cabelo prateado do mais velho, idêntico ao de sua parceira. Ambos pareciam se destacar, mesmo a escuridão banhada pelos lustres e candelabros.

Helaena trajava um longo vestido em um tom de azul que se misturava ao verde, com pedrarias em cristais tal qual flocos de neve cintilando na peça, quase como se possuísse escamas em suas vestes, as tranças mais elaboradas que adornavam sua cabeça o suficiente para que apenas metade do cabelo estivesse livre, cobrindo-lhe as costas. A jovem fae segurava a mão da caçula, Aelyx trajando um vestido semelhante ao de Astrea, embora as cores destacassem mais o branco que se misturava a prata, e o dourado em contraste. A pequenina possuía os cabelos completamente trançados em um penteado único e elaborado, as orelhas a mostra e os olhos cautelosos e vívidos quando as portas se abriram, e o espião respirou fundo. Haviam planejado, uma, duas, dezenas de vezes, talvez centenas, se fosse mais específico.

Azriel entrou primeiro, os ombros tão erguidos quanto o queixo, a postura segura e cautelosa conforme seus passos ressoavam pelo salão, assim como o som do vento indo de encontro as suas asas, como se o recebessem ali. Ele seguiu, se dirigindo até seu antigo irmão e Grão Senhor da Corte Noturna, parando ali quando se virou para sua parceira, que seguiu o mesmo caminho
Astrea mantinha a postura rígida e graciosa, as madeixas prateadas pareciam se iluminar sob a luz das estrelas através da janela, a barra do vestido arrastando sob o grande tapete em veludo conforme seguia lentamente, acompanhada por Aegon e Rhaegar, que seguiam-na como guerreiros e escudeiros fiéis a sua dona e progenitora, em respeito absoluto. Os cabelos de Rhaegar pareciam gritar sobre a sua existência, ou sobre sua linhagem, assim como suas feições ou as sombras em volta dos pulsos, enquanto Aegon seguia ao lado esquerdo, a mesma postura inabalável, entretanto, as asas abertas como as de Azriel o acompanhavam, e todos ouviram quando o grão senhor se remexeu, parecendo engasgar-se em surpresa.

Surpresa essa que aumentou quando os jovens pairaram as costas de Astrea, acenando levemente para Azriel, que com o olhar, parecia murmurar estão indo bem, estou orgulhoso e sinto muito. E antes que pudessem retrucar, Helaena preencheu o ambiente com sua presença e a de Aelyx. Helaena seguiu com os passos idênticos ao da mãe, enquanto Astrea praticamente corria para alcançar a mesma, agarrando-se a barra do vestido dela e fazendo-a segurar sua mão junto a Azriel. Quando ergueram o olhar, Rhyssand os encarava, em silêncio, como se aguardasse, o que quer que fosse. Desagradável seria um eufemismo dada a situação. Haviam tantas coisas ditas e não ditas, tantas coisas sobre as quais gostariam de falar ...

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑺𝒕𝒐𝒓𝒎 𝒂𝒏𝒅 𝑳𝒐𝒗𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora