ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 𝔇𝔢𝔷𝔢𝔰𝔰𝔢𝔦𝔰

842 91 7
                                    


Azriel conseguia pensar em diversas respostas para o porquê de amar Astrea. Talvez por ela tê-lo aceitado, tão facilmente, como ninguém jamais fizera, mesmo perante a morte. Talvez por nunca ter olhado pras suas cicatrizes com um olhar enojado ou cauteloso, talvez pela maneira como brincava com ele como quase ninguém o fazia, dando-lhe uma cotovelada e abrindo um sorriso esplêndido. Ou pela maneira como lutavam tão bem juntos, costas a costas, como um só, a maneira como ela o defendera em campos de batalha e fora excepcional junto a ele, ou a quando se tornaram amigos e ambos costumavam, entre sorrisos contidos, murmurar sobre boatos daquela vizinhança e de qual féerico simpatizavam ou não. Da maneira como ela ansiava por ele tanto quanto ele por ela, ao ponto de ambos se conectarem de tal forma, que ele jamais seria capaz de descrever em sua vida, principalmente quando o bebê illyriano balbuciou algum lamento. Azriel estava sentado a cama enquanto sua parceira, deitada a mesma, segurava o pequeno em mãos, Azriel sorriu, de modo que ele retribuísse instantaneamente e, em um piscar de olhos, levasse um de seus dedos a boca, mordiscando e babando algo incompreensível. Azriel fez menção de retirar o dedo, encolhendo-se ― um antigo e péssimo hábito ― e Astrea o impediu ao encostar a testa a dele, o encarando quando murmurou

nunca mencionei as minhas coisas favoritas em você, não foi?

Com isso, ele piscou, levemente atordoado, embora não se afastasse e a acompanhasse, com a mão ainda pousando sob a bochecha e lábios do recém féerico.

Gosto dos seus olhos. Quando o conheci, eles eram como ônix negra, firmes como uma pedra ― ela fez uma pausa, enquanto ele seguia congelado diante das palavras ― mas quando sorriu para mim pela primeira vez e desde então, se tornaram em tom de mel e avelã, o que me leva a segunda coisa favorita, que são suas sardas. Me lembram das constelações do meu mundo, uma em específica, que fora marcada no dia do meu nascimento em celebração e... Suas mãos. ― Azriel agora mantinha-se sério, paralisado no tempo. Havia contado a sua parceira a história por trás, e ela o acolhera e beijara suas mãos diariamente desde então, com ou sem as sombras acompanhando-as ― Quando vi você próximo a Rhyssand e Cassian...

Rhyssand parecia um cristal perfeito e lapidado demais, de tal maneira que me incomodava, enquanto Cassian era como uma máquina de batalha impotente e distante, e você era você. Tão belo que me fazia criar sentimentos que acreditava que não possuiria outra vez, e quando parecia perfeito demais ao ponto de me incomodar, ao ponto que eu o ridicularizaria, lá estavam suas mãos e suas sombras, e eu o amei e o aceitei tão rapidamente, az. Eu sequer fui capaz de perceber que já o amava antes mesmo de me apaixonar por você...

Ele a beijou, levando sua mão livre ao rosto de Astrea em um toque suave, porém possessivo, um beijo quente e levemente úmido que ia crescendo de acordo com o ritmo de ambos, e ele murmurou entre os lábios o quanto a amava, e quando ela fez o mesmo, a porta praticamente despencou com o peso de Rhaegar, Aegon, Helaena e Aelyx, que reviravam ou tapavam os próprios olhos e murmuravam algo como “ nojento ” “ eca, papai ”

“ vocês são pais terríveis, isso é traumatizante ”

Astrea apenas revirou os olhos carmins enquanto Azriel exibia um sorrisinho, mas logo puxou Aelyx, antes protestante e enojada, ao seu colo. Não demorou muito pra que a mesma cedesse e o abraçasse, se envolvendo em seu torso e abraçando o pescoço do Espião conforme fechava os olhos “ sabe papai, as vezes você e a mamãe são nojentos, mas eu amo você muitão, quase tanto quanto a mamãe ”

E seu coração se aqueceu de um modo que não sabia ser possível quando, não o bastante, Helaena se aproximou, sentando-se aos pés da cama em uma postura mais relaxada, observando o pequeno Aemond e acariciando os fios escuros do cabelo dele. ― Acho que você me deve algumas moedas, Rhaegar.

A menção do seu nome, o mesmo bufou em protesto, embora muito sorrateiramente, o tilintar de algo metálico em uma bolsinha de veludo pudesse ser ouvido quando o mesmo se aproximou da ponta da cama e acariciou o cabelo de Astrea, beijando sua testa ― você nos preocupou, mãe. Sabe que poderia ter...

― Está tudo bem agora ― e quando Aegon se aproximou de Azriel, as asas expostas conforme bryaxis permanecia em um canto mais escuro do cômodo, sentada em uma antiga cadeira de balanço próxima a lareira ― vamos ficar bem. E sem novas aventuras. vocês tem a minha palavra.

Isso pareceu ser o suficiente, de modo que ficaram assim por um longo período, conversando sobre os mais variados assuntos. Por vezes, Azriel sorria e tocava o cabelo de Helaena, que apertava sua mão com um sorriso. Aelyx dormira muito tranquilamente no colo do espião, apesar de já ser grandinha o bastante, ele admitia ser um tolo por sempre permitir a famosa “ apenas mais uma vez, ela um dia irá crescer.. ”

Aegon e Rhaegar murmuravam sobre suas impressões sobre o lugar, sobre como fizeram amizade com Nyx, e como, pro deleite de Azriel, Rhyssand embranqueceu ao ser chamado de “ Tio Rhyssandde modo que o illyriano prometera retribuir com boas moedas, logo repreendido por Astrea com um leve rosnado. Azriel gostou ainda mais em saber que Cassian era o favorito de Aelyx, o que lhe retirou uma pequena risada. Aegon o contara sobre como Aelyx puxara os cabelos do capitão, subira em suas costas e o questionara sobre o tamanho do cabelo, e se ele era na verdade, uma féerica muito forte e barbuda, e se poderiam caçar lagartos, que pra surpresa de Azriel, Cassian havia apenas empurrado a pequena em suas costas e obedecendo-a como uma marionete, com direito a boatos sobre uma trança ― muito suspeita ― no cabelo do capitão.

Helaena e Elain se tornaram amigas instantaneamente, o que era um tanto... Desconcertante e óbvio, se fosse franco. No entanto, conforme Helaena falava e sorria, ele retribuía, acariciando-lhes o cabelo até que ela cochilasse com o rosto repousado em seu joelho, sendo coberta por um cobertor estendido por Rhaegar. Helaena falara sobre o quão incrível Elain era, e o quanto estava feliz por finalmente encontrar uma amiga que a compreendesse, e até mesmo Astrea pareceu surpresa quando Elain convidara Helaena para seu jardim e passaram a tarde juntas, já que certa vez, o illyriano mencionara que ninguém, sob nenhuma circunstância, tocava e pisava no jardim de Elain.

Aegon e Rhaegar questionaram Astrea se, temporariamente, poderiam ter aulas com Cassian e Rhyssand devido aos poderes de ambos, algo que a sua parceira respondeu que pensaria a respeito no próximo dia, mas não negou a possibilidade, e então surgiram mais assuntos, até que os olhos de Bryaxis voltaram aquele ambiente e seu rosto se dirigia a porta, encarando-a segundos antes que três batidas suaves ressoassem no ambiente. Antes de qualquer coisa, a mesma já estava de pé, parada em frente a mesma em uma postura protetiva e indecifrável quando murmurou ― Querem falar com você, minha senhora.

― Quem?

― Nesta Archeron e... sua irmã caçula.

Houve uma pausa, como se o tempo congelasse. Azriel não sabia dizer em que momento tornara-se um cão fiel a sua parceira, mas pro inferno, ele talvez fosse. Principalmente quando rapidamente a encarou, como se questionasse se deveria derrubar o mundo ou aguardar o movimento da sua senhora.

Era isso. era como se Astrea fosse sua senhora, e todo seu ser se curvava a ela, e ele sequer questiona-se sobre isso. era o que era.

Após uma longa pausa, ela sinalizou com o olhar para que ele se mantivesse sentado, ademais que as crianças ainda estavam espalhadas em volta, e Amren não seria tola de tentar algo ali, principalmente com Aemond sob os braços da mãe, e a própria Bryaxis em sua defesa, certo?

𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑺𝒕𝒐𝒓𝒎 𝒂𝒏𝒅 𝑳𝒐𝒗𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora