Se eu beber me segura que eu crio coragem

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* MARAISA *

Ver Danilo aqui no meu apartamento, conversando sobre assuntos banais, como se nos conhecêssemos há anos, foi incrível! Ele era um cara tão acessível e humilde que nem parecia ser o comediante famoso e o apresentador bem sucedido, era simplesmente Danilo!

Passamos horas jogando conversa fora e bebendo vinho, tudo estava fluindo naturalmente, já não tinha toda aquela tensão por estar tão próxima ao meu ídolo, mas não nego que havia sim uma ansiedade da minha parte, algo que surgiu discretamente e foi, aos poucos, tomando uma proporção maior do que deveria. Aquela minha suspeita sobre a troca de olhares durante a apresentação dele no dia em que nos conhecemos no comedy club ficou ainda mais evidente hoje. Talvez por estarmos sozinhos e, com certeza, com influência da bebida, acabou escancarando o que até então estava velado.

Entre risos e piadas bobas, também falamos sério em alguns momentos. Senti um aperto no peito ao falar da falta que sentia da minha família e percebi, talvez discretamente, um desconforto da parte dele quando citei que meu noivo também havia ficado em Goiânia. Acabamos mudando de assunto e foi quando ele me convidou para me apresentar no comedy club pela 1ª vez. Meu Deus, eu estava nas nuvens!! Fiquei tão empolgada que, quando percebi, havia praticamente me jogado para cima dele em um abraço de gratidão.

Por isso que você não devia beber vinho a essa hora com o estômago quase vazio, não é Maraisa?!

Depois de me recompor e ter vontade de desaparecer de tanta vergonha, ele me salvou mudando totalmente o assunto! Danilo saiu andando pela sala, elogiando a decoração do ambiente e me fazendo perguntas, até que encontrou o telescópio de Maiara!

Ah esse telescópio...

Ele, empolgado como um menino de 8 anos em um parque de diversões, se interessou em ver o sol; e eu, empolgada como uma professora que encontrou um aluno interessado em aprender sobre uma de minhas paixões, quis mostrá-lo. Foi quando nos atrevemos a deixar uma distância quase nula e consequentemente perigosa entre nossos corpos e somado a algumas taças de vinho de ambos os lados...tudo aconteceu! Confesso que toda a sequência dos acontecimentos ocorreu de uma forma tão envolvente e natural que parecia até óbvio que as nossas bocas precisavam se encontrar. Eu sei, foi errado, extremamente covarde da minha parte com relação à Wendell, sem justificativa. Mas ao mesmo tempo não parecia precisar de justificativa, era como se fosse o destino cumprindo o seu papel e nós ali, apenas como marionetes sendo guiados por alguma força maior!

No instante em que senti seus lábios junto aos meus, uma sensação estranha tomou conta de mim, era como se uma outra Maraisa tivesse assumido o controle do meu corpo. Uma Maraisa que antes era desconhecida por mim, mas que resolveu começar a se manifestar desde o momento em que fui ao encontro de Danilo naquele comedy club e, gradativamente, se fazia cada vez mais presente.

O efeito que o beijo de Danilo teve sobre mim foi assustador! Nossos corpos estavam queimando em desejo e pareciam se buscar com urgência como se um dependesse do outro para existir, como se já tivéssemos nos conhecido antes e, após um longo e interminável período afastados, nos encontrássemos novamente. E nada disso fazia o menor sentido, nós tínhamos nos conhecido ontem! Como isso era possível?!

Levando em conta o calor daquele momento, não nego que corríamos um sério risco de avançar para outra etapa, ainda mais íntima. Teria sido a sequência natural dos acontecimentos caso a mesa de centro não tivesse cruzado o nosso caminho em direção ao sofá. Bendita mesa! Foi ela que me trouxe de volta à realidade, unindo minha consciência ao senso de responsabilidade. Ela que trouxe nitidamente a imagem de Wendell na minha mente no exato instante em que acordei daquele transe e abri meus olhos.

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