Capítulo 12

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Resumo: Keigo fica com o baby blues e Enji descobre que ele é um pouco mais sábio do que era há vinte anos.

Keigo teve um bebê hoje.

Ela era tão linda e incrível e ele esperou tanto para conhecê-la... então por que ele não consegue olhar para ela?

Keigo se sentiu bem no hospital, exausto como o diabo, mas definitivamente não estava ansioso, triste, com raiva e, mais do que tudo, apavorado. Na volta de carro para casa, Enji estava tão focado em dirigir com segurança que felizmente não notou Keigo chorando silenciosamente no banco de trás com a mão fechada sobre a boca, incapaz de reconhecer o bebê.

Quando chegaram em casa, Keigo foi direto para a cama e Enji (compreensivelmente) assumiu que estava cansado depois de uma longa noite passando um pequeno humano fora de seu corpo, então deixou o loiro dormir o quanto quisesse. Mas três dias se passaram e as coisas estavam começando a parecer estranhas com Keigo. Como o jovem passava a maior parte do tempo enterrado nas cobertas, Enji estava muito ocupado com o recém-nascido. Quando Keigo se mexeu na cama, ele ficou furiosamente agitado ao encontrar leite manchando sua camiseta, seu médico disse a ele que se ele optasse por não amamentar (ou amamentar no caso dele), isso iria embora por conta própria. Com raiva, ele arrancou a camisa suja e a jogou do outro lado da sala com um grito frustrado.

— Você está acordado. — Enji estava entrando em seu quarto e sorrindo.

— Onde está o bebê? — Keigo o olhou apreensivo.

— Ela está dormindo por enquanto. — Enji sentou ao lado dele na cama. — Mas ela vai acordar logo para que você possa passar um tempo com ela. O terno sorriso de novo pai Enji era irritante, ele sujeitou Rei a isso também? Keigo apenas bufou e rolou para longe de Enji. — O que está errado? — Enji colocou a mão no ombro de Keigo.

— Não me sinto bem. — Keigo estalou.

— Como assim? Devemos ir ao médico? — Enji perguntou.

— Não!

— Keigo... — Enji acariciou seu cabelo.

— Olha, eu não quero vê-la! Eu sei que isso faz de mim um pai de merda e uma pessoa terrível! — Keigo gritou com ele.

Enji parecia tão calmo como sempre, ele não estava nem um pouco zangado - nada do que Keigo esperava.

O homem mais velho se inclinou e beijou Keigo na testa.

— Tudo bem, você pode vê-la quando estiver pronto. — Ele disse.

No mínimo, sua atitude serviu apenas para irritar Keigo ainda mais.

— Por que você não está bravo?! Você deveria estar furioso! Você deveria me odiar! Eu não vou ver meu próprio filho! — Keigo estava gritando novamente.

Enji ficou com uma expressão de dor no rosto e pegou a mão de Keigo.

— Você está com depressão pós parto... Geralmente desaparece em uma ou duas semanas... mas se não, teremos que levá-la ao médico para ser tratada. Você tem que lembrar que você e seu corpo passaram por muita coisa. — Enji explicou.

— Por que você sabe essas coisas? — Keigo o encarou.

O olhar de dor no rosto do homem se aprofundou e ele também parecia profundamente envergonhado.

— Aconteceu com Rei depois que Natsuo nasceu e... eu não fui muito gentil com ela naquela época. Keigo ficou quieto por um tempo, com raiva de si mesmo por não poder estar com ou mesmo olhar para sua filha e com raiva de Enji por entender. Claro, o recém-nascido escolheu aquele momento para acordar e começar a chorar. Enji olhou para a porta, depois para Keigo e depois de volta para a porta. — Descanse o quanto precisar. Trarei um pouco de comida para você daqui a pouco. — Enji apertou sua mão e saiu para cuidar do bebê.

°°°

Outra semana se passou assim, Keigo pairando pela casa como um fantasma e evitando o bebê. Ele sentiu que, se não conseguisse nem mesmo passar um tempo com sua filha, poderia muito bem voltar ao trabalho, mas ele não achava que seu corpo estava à altura da tarefa ainda, para ser honesto. Ele recebia várias ligações e mensagens de texto por dia de amigos pedindo para vir vê-lo e ao bebê, e o próprio pensamento o fazia querer vomitar.

Naquela noite, ele foi acordado pelos agora familiares pequenos soluços no monitor do bebê que sinalizavam que Hiyori estava prestes a chorar.

— Enji. — Keigo cutucou a perna de Enji com o pé para acordá-lo, mas o homem não se mexeu. — Enji, o bebê precisa de você. — Keigo disse mais alto.

Keigo sentou-se e acendeu o abajur. O belo rosto de Enji estava esmagado em seu travesseiro e os círculos sob seus olhos eram perturbadoramente escuros. Pensando nisso agora, o bebê acorda pelo menos a cada duas horas e Enji esteve com ela o tempo todo. Como Keigo estava deixando literalmente tudo para ele, ele não dormia desde que a filha nasceu, há mais de uma semana.

Keigo gemeu irritado e balançou as pernas para fora da cama deixando seus pés descalços baterem no chão. O berçário ficava literalmente do outro lado do corredor do quarto deles, mas a caminhada parecia a maldita Green Mile. Suas asas pareciam rígidas, um sintoma permanente de estresse e uma sensação que ele sempre odiou. Ele gastou tanto tempo decorando este berçário e agora não suportava estar nele. Ele cautelosamente se aproximou do berço como se fosse explodir se ele não fosse cuidadoso e relutantemente olhou para dentro.

A recém-nascida ruiva estava chorando a plenos pulmões e chorando muito, ela era tão incrivelmente pequena e completamente indefesa. Como alguém relacionado ao Endeavor poderia ser tão pequeno e frágil? Durante a gravidez, ele temia que ela fosse enorme como ele e, embora ela não se sentisse necessariamente pequena durante o trabalho de parto, olhar para ela agora era um choque para ele. Sua boquinha pegajosa estava escancarada em uma rajada desesperada e ela não conseguia fazer nada além de chorar - ela não conseguia nem levantar a própria cabeça!

Ela precisava dele.

Keigo foi dominado pela necessidade inatacável de protegê-la, cuidar dela e dar-lhe tudo no mundo, que rasgou através de seus ossos. Ele não conseguia entender que a deixou sozinha nem por um segundo. Ele rapidamente a pegou e ela abriu os olhos com o contato. Keigo olhou para ela, seus olhos exatamente como os dele olhando para ele, as suaves penas vermelhas de suas minúsculas asas afofando e suavizando. De repente, sua visão ficou turva com lágrimas e ele estava soluçando enquanto a segurava na frente dele.

Keigo chorou descaradamente, em parte porque não conseguia acreditar que realmente deu à luz essa linda criatura que precisava e o amava incondicionalmente e em parte porque não tinha ideia de como fazê-la parar de chorar.

Enji, que finalmente acordou devido a todo o barulho, ficou meio adormecido na porta do berçário observando Keigo e Hiyori chorarem incontrolavelmente um com o outro.

— Enji, ela é tão linda! — Keigo lamentou por tê-lo notado ali.

— Eu sei que ela é. — Enji sorriu pegando uma garrafa e aquecendo-a em sua mão.

— Nós a fizemos!

— Eu sei que nós fizemos. — Enji posicionou Hiyori corretamente nos braços de Keigo e entregou-lhe a garrafa.

— Como alguém tão terrível quanto eu dei à luz um anjo como este?!

— Você não é horrível, só precisava de um tempo. — Enji guiou a garrafa na mão de Keigo para a boca de Hiyori.

Hiyori alegremente parou de chorar para comer, mas Keigo ainda estava bastante emocionado. Enji abraçou os dois e beijou o topo da cabeça loira de Keigo, feliz por ter seu amor de volta ao normal e feliz por Hiyori ter seu pai de volta.

— Enji... — Keigo finalmente murmurou no peito largo da ruiva.

— Sim?

— Eu preciso que você me mostre tudo. — Ele disse referindo-se a todas as muitas coisas que foram feitas para cuidar de sua pequena Hiyori.

Enji apenas riu e deu-lhe outro beijo.

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