Prólogo

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Dia 31 de dezembro. Finalmente meu aniversário de 18 anos. Independência, em partes, é claro. Eu ainda morava com minha mãe e ela pagava todas as minhas contas. Depois do ocorrido na escola no ano passado, posso dizer que ficamos ainda mais próximas, éramos confidentes e nada me fazia tão bem quanto isso. Dona Almira foi promovida e andava de romance com um homem da firma em que trabalhava, acho que agora vai.

Maiara e Gustavo estavam mais grudados, se isso fosse possível. Ele conseguiu uma bolsa como jogador no time Miami Hurricanes, representando a University Of Miami. Maiara não tinha como ficar mais orgulhosa, porque além dele realizar um sonho, estaria sob os olhares e cuidados dela, pois também tinha passado para Medicina na UOM. Claro que ela surtou quando eu disse que não tinha enviado uma carta para tentar bolsa na UOM, mas depois de eu explicar o motivo, pareceu entender.

Bárbara Landres. Esse nome ainda me dava um certo arrepio. Não pelo que passamos, mas pela certeza de que se um dia nossos caminhos se cruzassem, eu não deixaria algumas ofensas ditas por ela naquela sala da diretoria, esquecidas. Alguns disseram que se casou com a tal Gabriela e que não dava mais aulas, outros dizem que ela desistiu do casamento e mudou-se para Londres. Acreditei muito mais na segunda hipótese, ainda mais vindo de uma pessoa como ela.

E finalmente, não menos importante, aliás, a mais importante, Marília Mendonça. Nosso namoro estava perfeito. Fim de semana sim, fim de semana não, eu dormia em sua casa, minha mãe já não ligava mais para esse tipo de coisa e até preferia que eu passasse mais tempo com a nora preferida dela. Como se fosse existir outra.

Viajávamos sempre, o ar de Miami não fazia tão bem quanto antigamente e nosso espírito aventureiro já tinha nos levado a lugares que eu nunca vira na vida, mas Marília, como sempre, já sabia de tudo. Me explicava cada detalhe e cada história dos locais por onde passávamos. Certa vez em Roma, quase fomos pegas transando no provador da Armani. Eu morri de vergonha, é claro, mas pensam que Marília se abalou?!

Pelo contrário, por ela, terminaríamos o que começamos, mas o meu bom senso falou mais alto. Nós fizemos isso em diversos locais que seriam fáceis de nos pegar, mas como dizem as más línguas, perigoso é divertido.

O dia de hoje estava ensolarado e o calor era insuportável. Estava deitada na minha cama com o ar condicionado ligado a 16ºC, minhas cobertas formavam um ninho e eu lia um livro novo que Marília trouxe para mim da sua última viagem. A voz do Ed Sheeran soava baixinha vinda do som e aquele aconchego foi dando um certo sono. Porém, nem tudo são flores e meu celular vibrou enlouquecido em cima da mesa de cabeceira. Já ia xingar os antepassados do infeliz quando vi a foto do visor.

Marília.

- Parabéns pra você, nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida ao meu lado! - aquela voz rouca cantando e gargalhando no final improvisado, me deu todo o gás para pular da cama.

- Bom dia, meu amor!

- Então, aniversariante, espero que esteja de pé! Vou passar ai em quinze minutos para te dar seus dois presentes.

- Você já é o meu maior presente. - ouvi um risinho fraco, sabia bem qual cara ela estava fazendo.

- Boa tentativa, mas presente trocado não vale. Você me deu presente de natal, eu falei que não precisava, que você era o meu maior presente e você disse que não interessava. Pois hoje falo o mesmo, não interessa.

- Você sempre me convence. Tudo bem, vou me arrumar.

- Te amo. - desligou e eu corri para o banheiro, precisava tomar um banho e colocar uma roupa no mínimo decente, apesar de que Marília já tinha me visto vestida de qualquer maneira. Sem roupa então, nem dá pra contar.

My Biology - 2 TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora