Capítulo 33 - Sonhos revelam.

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[Rosé Pov]

Lisa estacionou o carro em frente a minha portaria. A rua ainda estava vazia, apesar dos dias em Seul sempre começarem muito cedo.

Nos entre-olhamos e um sorriso escapou dos lábios de Lisa. Naquele momento, percebi que a vejo sorrindo de verdade pouquíssimas vezes, o que deveria ser um crime, pois seu sorriso era lindo.

— Está entregue, Park. — Ela falou, quebrando o silêncio.

— Nada mais justo depois de me roubar um beijo, não é? — Provoquei. — Eu sabia que cederia para mim, Manoban.

— Não cedi absolutamente nada, Park. Tudo isso só vai piorar as coisas para você.

— Piorar?

— Obviamente. Nos beijamos. Quero ver se vai ter essa marra toda quando não puder me beijar de novo.

— Isso não vai acontecer.

— Eu não teria tanta certeza. — Sorriu novamente, enquanto destrancava as portas do carro.

— Boba! — Respondi, antes de sair.

Estava caminhando em direção a portaria. Olhei em volta e não havia nenhuma movimentação na rua, nada, nem ninguém. E aquilo me acalmava de certa forma. Parei no meio do caminho, apenas para olhar para trás e verificar Lisa, que me vigiava.

Acenei com a cabeça para ela, que mandou um tchauzinho. Após isso, continuei caminhando até a portaria, onde adentrei o prédio e peguei o caminho mais rápido até meu andar.

Ao chegar em casa, tirei meus tênis na entrada e logo após minhas meias, sentindo o piso de madeira do meu apartamento.

Caminhei até meu quarto, desmontando meu look pouco a pouco. Quando fui retirar minha blusa para tomar uma ducha para descansar um pouco, percebi que ainda vestia o sobretudo de Lisa.

— Que droga! — Falei em voz alta, tirando rapidamente o casaco.

Balancei a cabeça em negativo e fui direto para o banho.

Assim que a água bateu em minha pele, eu senti como se eu estivesse sendo abduzida. Meus músculos cansados de uma noite na rua finalmente relaxavam. Meus cabelos molhados traziam uma sensação muito boa. Naquele momento, eu estava me sentindo tão feliz, apesar de todos os problemas que eu teria que enfrentar logo após a ducha e uma boa dormida.

Queria pensar que a Manoban não era a causadora de tudo isso, mas infelizmente, ou felizmente, fosse.

Seu beijo foi como um antídoto para toda a angústia que se prendia no meu peito durante anos. Era bizarro pensar que alguém que eu não suportava conseguiu fazer com que eu me sentisse mais leve.

[•••]

Sai do banho enrolada na toalha, diretamente para o meu quarto. Tratei logo de me vestir, com um pijama de seda bem confortável. Meus cabelos estavam úmidos após uma secada bem rápida apenas para poder descansar. Assim que me virei para minha cama, dei de cara com o sobretudo novamente.

Ali, pensei em mil coisas, em dobra-lo e separar para devolver a Lisa. Em esconde-lo para simplesmente não ver e pensar que estou apaixonada. Mas meu único impulso foi pegar o sobretudo.

Encarei ele durante alguns segundos, lembrando de tudo que aconteceu enquanto ele me envolvia e protegia do frio.

Passei uma de minhas mãos sobre o tecido felpudo e quentinho do casaco, e logo levando ele até meu nariz. Pude sentir um cheiro específico do perfume que a Manoban usava, era um aroma muito gostoso, mas dificilmente eu saberia descrevê-lo, era como um cheiro único, só dela. E eu, por sinal, fiquei feliz de poder sentir novamente.

 Roses Are Dead  - Chaelisa.  Onde histórias criam vida. Descubra agora