Silence (Ariana/You)

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Ariana

A semana que se passou trouxe uma mudança palpável na atmosfera da escola. As coisas realmente estavam diferentes, e não sabia dizer se isso era bom ou ruim. Por um lado, o fato de Clara ter parado de roubar meu lanche era um alívio, mas, por outro, a constante sensação de estar sendo observada começava a me incomodar.

S/n parecia ser a epicentro dessa mudança. Sempre que ela estava por perto, Clara, que normalmente não perdia uma oportunidade de me infernizar, ficava estranhamente quieta, como se a simples presença da alemã fosse suficiente para mantê-la à distância. Eu deveria me sentir grata, mas, ao invés disso, me sentia desconfortável. A sensação de que S/n estava me observando, mesmo quando não estava diretamente ao meu lado, era constante. Seus olhos, sempre atentos, pareciam seguir cada um dos meus movimentos, como se estivesse esperando algo.

E não era só ela. Lilith e Trevor, seus amigos inseparáveis, agiam como se fossem uma extensão de sua vontade. Eles estavam sempre por perto, prontos para intervir ao menor sinal de conflito. Lilith, com sua expressão fria e inabalável, parecia sempre pronta para entrar em ação, enquanto Trevor, com seu olhar sombrio, se movia com uma calma perigosa, como se carregasse um segredo que ninguém mais conhecia.

Toda vez que alguém se atrevia a cruzar o caminho de S/n, Lilith e Trevor estavam lá para defender sua líder. Vi mais de uma vez Lilith encurralar alunos que ousaram desafiá-la, enquanto Trevor, com seu silêncio intimidador, fazia o resto. Era como se a escola inteira tivesse se adaptado à presença deles, ajustando-se a essa nova ordem que, de alguma forma, S/n havia imposto sem dizer uma única palavra.

Apesar de toda essa atenção, S/n nunca falava diretamente comigo. Não trocávamos mais do que algumas palavras curtas durante as aulas em que éramos dupla, e mesmo assim, eu sempre sentia que havia algo mais, algo não dito, pairando no ar entre nós. E esse silêncio, essa ausência de comunicação direta, só tornava tudo mais estranho.

À medida que os dias passavam, comecei a me perguntar por que S/n parecia tão interessada em mim. Seria por causa daquela primeira interação? Ou haveria algo mais que eu não conseguia entender? O desconforto crescia, mas junto com ele, uma curiosidade inquietante também se instalava. Eu queria entender o que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo, tinha medo do que poderia descobrir.

A escola Baylor não era mais o mesmo lugar, e eu não tinha ideia do que viria a seguir. Mas uma coisa era certa: S/n, Lilith e Trevor estavam no centro de tudo isso, e de alguma forma, eu parecia estar sendo arrastada para o olho desse furacão.

Eu estava, mais uma vez, fugindo de Clara. Minhas pernas se moviam o mais rápido possível para algum lugar que parecesse seguro. Eu olhei para trás, para ter a certeza de que ela estava distante o suficiente, e nesse pequeno minuto de distração, esbarrei em alguém, o que me fez cair no chão. Ao olhar para cima, vejo Trevor me encarando.

Meu coração estava acelerado, tanto pela corrida quanto pela súbita colisão com Trevor. Enquanto tentava processar o que havia acabado de acontecer, minha visão ainda estava um pouco turva do impacto, e o zumbido persistente nos meus ouvidos dificultava a concentração. Quando S/n se aproximou e pegou meu aparelho auditivo caído, senti uma mistura de alívio e constrangimento.

Ela me entregou o aparelho, e eu o coloquei rapidamente, o som do mundo voltando aos poucos ao normal.

— Esta tudo bem?— A primeira coisa que ouvi claramente foi a voz dela, calma e firme, perguntando se eu estava bem. Olhei para ela, ainda um pouco atordoada, mas não pude deixar de notar a suavidade em sua expressão, uma que eu não esperava encontrar.

— S-Sim... Está tudo bem — respondi, tentando soar convincente, embora minhas mãos ainda tremessem um pouco.

Meus olhos se voltaram instintivamente para onde Trevor havia ido, o que não passou despercebido por S/n. O fato de Clara ter corrido na direção oposta me dizia que algo sério estava prestes a acontecer, mas antes que eu pudesse perguntar ou expressar minha preocupação, S/n me interrompeu.