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Pesadelos ⁝

Taehyun caminhava calmamente por um corredor coberto por plantas, vinhas com folhas pequenas e redondas, algumas flores roxas brotavam aqui ou ali, deixando um ar meigo. O único som que quebrava o silêncio eram seus passos, além de uma brisa que balançava as vinhas, sua respiração era regular e baixa o suficiente para não ser percebida. O caminho parecia não ter fim a medida que ele andava, sequer conseguia ver o final, a iluminação era fraca como uma noite de lua nova. Taehyun tateou as vinhas, não deixando de caminhar, elas se enrolavam em sua mão e soltavam, pareciam sussurrar coisas que não podiam ser entendidas por ele.

—Onde estou? — ele sussurrou para si mesmo, sua voz sendo levada junto com a brisa fria.

Não se passou um segundo quando o som de pedra sendo arrastada chamou a atenção do meio fada, uma abertura surgiu na parede coberta de vinhas e flores roxas. Taehyun não hesitou em passar pela abertura, que o levou a um caminho de pedras coberto apenas pelo grande céu estrelado, olhou para o final do caminho de pedras redondas e viu uma construção em pedras brancas como nuvens. Pilares desenhados se erguiam do chão, se encontrando em arcos a muitos metros de altura, plantas subiam por eles e pendiam lá de cima, dentro da construção sem muros um pedestal estava no centro, com uma bacia de pedra apoiada.

Taehyun fitou com seus grandes olhos enquanto se aproximava, subiu alguns degraus até estar de frente ao pedestal, observando uma bacia de pedra com água até a borda. Por mais cheia que estivesse não transbordava, a água estava tão rente a borda que se uma gota caísse tudo começaria a escorrer, mas lá estava, perfeitamente cheio. O reflexo de Taehyun na superfície da água era tão nítido quando em um espelho, as estrelas no céu em volta de sua cabeça, ele piscou ainda hipnotizado com a imagem. Sua mão coçou para tocar a água, tentou se segurar enquanto aquela bacia parecia chamá-lo para derramar a água fora.

Quando sua mãos pairou sobre a superfície imóvel da água sua imagem distorceu, mas ele sequer tinha encostado um dedo. A água ondulou da forma que faria caso uma gota caísse nela, e então a imagem de Taehyun desapareceu, sendo substituída pelo rosto de Beomgyu, com seus cabelos castanhos e o rosto fino, a boca entreaberta como fazia quando estava distraído. Taehyun não percebeu eu prendia a respiração, sua mão nem ao menos esperou que seu cérebro pensasse quando afundou na água, distorcendo completamente a imagem, mas a bacia não transbordou, as pequenas ondas balançaram e voltaram a se encontrar.

—O que está fazendo? — Taehyun se virou quase que imediatamente, encontrando Beomgyu de pé no primeiro degrau, os braços ao lado do corpo, sua cabeça levemente inclinada para a direita.

—Beomgyu.

—Taehyun — seu nome foi seguido por um sorriso pelos lábios de Beomgyu. Aquilo fez Taehyun sorrir junto.

Taehyun desceu os degraus rapidamente, parando um degrau acima do que Beomgyu estava, fitou os olhos dele que pareciam ainda mais brilhantes a luz da lua. Beomgyu estendeu uma das mãos, Taehyun a segurou, sendo puxado pelo humano até estarem no caminho de pedras, se encaram por alguns segundos até Beomgyu estender o corpo e colar os lábios dos dois. Taehyun fechou os olhos e segurou a nuca dele, sentindo aquele arrepio que sempre sentia quando se beijavam, nunca cansaria de senti-lo.

Quando se separaram o sorriso de Taehyun desapareceu com o vento ao perceber que Beomgyu chorava, lágrimas grossas escorrendo pelas bochechas avermelhadas. Estendeu as mãos para limpar o rosto dele, sem entender o motivo do choro repentino.

—O que foi? Aconteceu alguma coisa?

—Desculpa — Beomgyu disse entre um soluço.

—Mas por quê? Você não fez nada — a confusão que a mente de Taehyun estava era perceptível em seu rosto. — Não chore.

Tinnitus | Taegyu Onde histórias criam vida. Descubra agora