Tinnitus | Taegyu

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⁝ Ataques e desavenças ⁝

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O pequeno Taehyun respirou fundo o ar gelado.

Era inverno no Reino Mágico, o que significava neve, frio e muita diversão. Naquela época do ano, os jardins reais, os quais conseguiam ser vistos da varanda do quarto do pequeno príncipe, estavam cobertos de uma manta gélida e branca. Mais cedo, depois de nevar durante a noite inteira, Taehyun se levantou cedo da cama, atravessou o quarto até abrir as grandes janelas com suas mãos pequenas, pisou no chão gelado de neve da varanda, sem se importar, e andou devagar até chegar na balaustrada, então se inclinou e subiu nela.

Balançando as curtas pernas, Taehyun observou o reino coberto em branco, tudo brilhava com a luz do sol nascendo num horizonte muito longe. Aquela calma que ele só conseguia encontrar aquele horário, era tão estranho para um garotinho como ele, mas o tirava de si por um tempo, o vento frio beijava suas bochechas e levava as preocupações embora, deixando para trás um rubor nas maçãs do seu rosto pela baixa temperatura. Ele olhava para as nuvens brancas e para o céu meio alaranjado, imaginando se seus pais o podiam olhar lá de longe, das estrelas, pois ele ainda era muito novo para se conectar a eles, mas ansiava por esse dia que ainda iria chegar.

Mais tarde, quando o sol já tinha nascido e o reino tinha despertado quase que completamente, Taehyun desceu da balaustrada. Suas calças estavam molhadas pela neve que derreteu debaixo de seu bumbum, mas ele não ligava para o frio, até certo ponto chegava a ser boa aquela sensação.

Alguns minutos depois, Taehyun saiu de seu quarto e não encontrou nenhum guarda ali na frente, ele nunca os encontrava. Mas tinha um ali, escondido para que ele não percebesse sua presença. A Rainha, alguns meses atrás, decidiu levar em consideração os inúmeros pedidos de Taehyun para se tornar um guarda real e o colocou para treinar golpes, armas e conduta todos os dias, mesmo ainda sendo uma criança, desde então seus guardas não o escoltam diretamente, mas o acompanham silenciosamente em seu encalço, como sombras. Taehyun nunca se sentiu tão bem desde então, ele não era seguido e treinaria todos os dias para algo que desejava ser do fundo de seu coração, ele não queria de jeito algum ser um Príncipe que nem Yeonjun, ele não sabia liderar, ou falar bem, ele tinha apenas o forte ímpeto de proteger os que ama, e devia muito a sua família para pesar ainda mais em sua decisão.

Após caminhar por corredores durante alguns minutos, se encontrou com Yeonjun no jardim interno, algum andar acima, o pequeno elfo comia frutas sentado no centro de uma elevação com pilares ornamentados em volta, dois guardas, visíveis, estavam guardando a entrada, não olhavam para eles, mas sabiam o que estavam fazendo. Taehyun costumava prestar muita atenção no comportamento dos guardas que acompanhavam Yeonjun, eles não diziam uma palavra que fosse considerada desnecessária, permaneciam em seus lugares sem mover um músculo que também não fosse necessário, eles eram fantasmas na maior parte do tempo, até que uma ameaça surgisse.

Taehyun olhou para a frente, vendo Yeonjun. Ele era Príncipe, tinha o cabelo preto, como o da Rainha, suas mãos eram mais compridas que as de Taehyun e pegavam muitas uvas de uma vez, suas orelhas eram mais pontudas que as dele também, o que o intrigava mais que qualquer outra coisa. Taehyun juntou-se a ele sentado à mesa.

- Bom dia, Tae! - Yeonjun o cumprimentou com a boca cheia. O rosto dele estava radiante como sempre, as bochechas brilhantes e rosadas, os lábios saudáveis e postura reta. Todas as vezes em que punha os olhos no Príncipe, algo dentro de si o lembrava que eles não eram irmãos de verdade, não se pareciam em nada e nunca iriam parecer. Isso o deixava meio chateado.

- Bom dia! - disse também. Estendeu a mão e pegou um pão fresquinho, ainda quente, que estava empilhado com outros pães em uma bandeja de prata. Eles comeram. - Você quer ir lá fora?