Carta

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Notas da autora: Essa história é uma "side story" (se é que posso chamar assim) de "I want you". Espero que gostem.

Obs: As partes sublinhadas estariam rabiscadas/borradas na carta.


~


Don't say you need me if

You leave last, you're leaving

I can't do it, I can't do it

But you do it well

~ Lana del rey


Kaz.

Eu sinto sua falta. Mais do que consigo colocar em palavras. Mais do que sinto falta de Jesper. Mais do que sinto falta de Nina ou Wylan. Muito mais do que qualquer um. Porque o que sinto por você, Kaz, não sinto por nenhuma outra pessoa. E como me sinto com você, não é como me sinto na maior parte do tempo.

Mas você não me quer.

Você não me quer. Não mais do que dinheiro, poder ou vingança. Não mais do que qualquer uma das coisas pelas quais você atravessaria o mundo para conquistar.

Você não me quer.

E isso me faz chorar todas as noites, por um motivo tolo e simples. Um motivo que talvez você despreze intimamente.

Não acredito que o amor seja uma fraqueza, mas amar você, Kaz, me enfraqueceu. E talvez a culpa seja minha por permitir que você entrasse no meu coração sem nunca deixar que eu entrasse no seu.

Você não me quer.

Mesmo assim não consigo arrancar esse sentimento do meu peito. O sentimento de que estaria muito melhor ao seu lado, seguindo seus passos e sendo uma sombra das noites em Ketterdam, do que a tantas cidades de distância (que me trazem a sensação de que estamos separados a uma distância contada em vidas). Encontrei minha perdição em um demônio feito de carne e osso e penso que nem os santos podem me salvar disso.

Você não me quer. Não como eu quero você.

E tento usar isso para me conformar com o fato de que nunca daria certo entre nós. E tento me lembrar de todos os empecilhos e de todas as nossas falhas. Tento me lembrar de todos os motivos pelos quais parti para evitar voltar atrás e aceitar a vida que eu nunca quis porque você faria parte dela. Tento me lembrar que não pertencemos um ao outro.

Kaz. Queria ouvir sua voz.

Queria dizer seu nome em voz alta sem que fosse encarando o teto de meu quarto vazio na penumbra, quando acordo dos pesadelos que vivencio na madrugada. Queria dizer seu nome sem que fosse um desejo sussurrado a cada pôr do sol.

Kaz.

Kaz.

Kaz.

Onde erramos para acabar assim? Onde nós dois nos perdemos?

Não posso jogar minha liberdade fora por incertezas. Não posso desistir de ter uma vida sem a certeza de que você gostaria que eu estivesse na sua.

Sabe quantas noites perdi sonhando em receber uma carta sua? Quantos despertares passei acreditando, por um instante, que você se importaria o bastante para tornar os sonhos reais? Quantas horas procurei seu rosto nas multidões de cada porto pelo qual passei nos últimos meses? Quantas cartas escrevi e não enviei porque estavam repletas de assuntos fúteis e esperanças das quais você zombaria?

Eu me pergunto se você se importaria em saber de cada uma dessas coisas. Porque eu me importo tanto, Kaz.

Porque eu quero você.

Eu quero você.

E eu já te quis tanto, Kaz, que passei a desejar não querer mais. Não amar mais você. Não esperar por notícias ou gestos. Passei a desejar que você me esquecesse e que eu pudesse esquecê-lo. Passei a desejar em cada oração que pudesse esquecer de cada segundo ao seu lado, de cada sentimento que guardei.

Você não me quer. E eu não quero te querer.

Sempre soubemos de nosso destino. Do único destino que poderíamos ter juntos. Talvez por isso você não mande cartas e não tenha me procurado. Talvez por isso você não se importe. Talvez por isso você não me ame.

Não posso culpá-lo, posso?

Mas eu posso sentir sua falta.

Eu sinto sua falta, Kaz. E preciso continuar sentindo se quiser guardar nossa história em um baú fechado e enterrado a sete palmos abaixo da terra.

Preciso sentir sua falta para lembrar quem você foi para mim e mesmo assim não te querer.

Preciso sentir sua falta para forçar meu coração, mente e corpo a entender que amar dói. E que te amar foi a escolha mais dolorosa que já fiz. 

I miss you - KanejOnde histórias criam vida. Descubra agora