I miss you - Kanej

Escolhas

N/a: Se você não leu "I want you", sugiro voltar depois de ter lido.

Eu levei um tempão pra escrever isso, mas eu amei tanto que assim que terminei já quis postar (e cá estamos).

Boa leitura!

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As vezes Inej olhava aquela última carta escrita para Kaz. Era uma recordação nada saudável do que sentia por alguém que já deveria ter esquecido com o passar dos anos. Era uma recordação dos sentimentos que nunca deixou voltarem a crescer por mais ninguém, embora ela estivesse sendo cúmplice de algo que deveria soar muito mais romântico que qualquer outra coisa em sua vida; ela estaria se casando no final daquele mês.

Não era algo que fazia parte de seus planos no começo. Não era algo que ela esperou ou aguardou ansiosamente. Mas seu noivo era bom e ela precisava se cercar de pessoas boas. Precisava se deixar ser consumida por isso, pelo carinho e afeto de pessoas que a amavam.

Talvez por isso ela tenha ousado escrever para Jesper e talvez por isso ela tenha ficado tão insegura em escrever para Kaz. Um convite formal seria o ideal para amigos que ela não via a tanto tempo, mas palavras soltas com os nomes de dois noivos não pareciam certas o bastante. Então, mesmo absolutamente descontente com as frases escritas em uma letra cursiva, ela decidiu que seria aquele convite que enviaria. Mesmo se Kaz amaldiçoasse sua escolha por se entregar a um matrimônio (algo que jurou nunca fazer), secretamente Inej esperava que ele pudesse comparecer. Secretamente esperava que ele não o fizesse.

Secretamente esperava que Jesper a parabenizasse por ele. Esperava não o visse nunca mais. Que não pudesse ter essa chance de mudar ideia sobre tudo, não quando estava tão perto de conquistar uma nova calmaria em sua vida depois de dois anos cruzando os horizontes todos os dias, a deriva no mar ou se impondo contra as ondas fortes.

E, secretamente, Inej desejava que Kaz já houvesse se esquecido dela, da forma como ela gostaria de ter feito com ele.

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Por longas horas ela acreditou que ele não viria. Acreditou que estava finalmente livre do peso da decepção das coisas não ditas e de um sentimento desfeito. Mas Kaz nunca deixou as coisas fáceis para nenhum dos dois, não que elas fossem naturalmente boas para algum deles.

Ela já estava com o vestido de noiva e pronta para entrar na igreja e ser abençoada pelos santos em sua união quando ele chegou. E por um instante, Inej teve que se ater aos detalhes bordados em dourado na imensidão marfim da seda de seu vestido. Kaz estava o mesmo. Os mesmos olhos penetrantes e áurea inquieta. Os mesmos cabelos escuros e palidez assombrosa em sua pele. As mesmas vestes pretas e semblante sério.

A mesma forma de olhá-la que Inej havia passado a odiar conforme os meses foram passando e as lembranças boas foram se tornando apagadas e sem vida.

— Kaz — suspirou, tentando ignorar as batidas fortes de seu coração causadas pela súbita adrenalina — Você veio.

— Você me chamou — o Brekker respondeu, tão frio quanto o mar no inverno. Tão quebrado quanto sempre foi.

— Não sabia se viria — confessou, tentando não se prender aos olhos cruéis de Kaz e a sua postura rígida. Ele parecia estar suportando o momento, como se estivesse sendo afligido pela repulsa. Inej não sabia o que pensar sobre isso.

— Mesmo agora... Eu cuido de meus investimentos — disse entre dentes, jogando seus olhos para um espelho em uma das paredes (ele olharia para qualquer coisa além de Inej em um vestido de noiva) — Você está radiante — murmurou sem conseguir esconder o quanto isso era detestável para ele.