Amigo imaginário *andreil*

Monstro embaixo da cama

21/08/2008

— EU NEM QUERIA SER SEU IRMÃO.

Aaron tinha o rosto vermelho de raiva, lágrimas presas nos olhos e gritava o mais alto que conseguia.

— EU PREFERIA SER IRMÃO DE QUALQUER PESSOA QUE NÃO FOSSE VOCÊ.

Andrew sentiu o choro ardendo na garganta, ele foi pego desprevenido pela afirmação de Aaron, em seus 6 longos anos de vida e de discussões com seu irmão ele nunca imaginou que seu clone realmente pensasse isso.

— Aaron, você não acredita mesmo nisso né? Sei que está bravo, mas não pode falar assim com o seu irmão.

Bee tentava intervir, mas naquele momento Andrew já tinha virado as costas e corrido para o seu quarto.

O plano era se trancar nele e chorar a noite toda, mas assim que fechou a porta e se jogou em cima da cama ouviu um resmungo baixinho.

— Ai.

Por um momento achou que era sua cama reclamando, mas quando decidiu que isso era impossível decidiu olhar embaixo dela.

Felizmente ele já tinha vencido o medo de monstros da cama no mês passado, senão ele teria corrido para fora do quarto no mesmo segundo.

De primeira ele não enxergou nada pela falta de luz, forçando um pouco a vista enxergou cachos avermelhados e quando percebeu aquilo se mexendo deu um pulo.

Andrew viu os olhos azuis da criatura embaixo da cama antes de levantar e correr para porta, ele escutou algo logo atrás e antes de conseguir alcançar a maçaneta sentiu uma mão puxando o seu braço.

Andrew estava prestes a gritar quando escutou a coisa falando baixinho, a voz tremida e visivelmente com medo.

— Por favor não grita, se minha mãe descobrir que eu to aqui ela vai ficar brava de novo.

Mesmo apavorado Andrew se virou para trás, e para sua surpresa o "monstro" não parecia nada monstruoso.

Na verdade era um garoto pouco mais baixo que si mesmo, com os cabelos ruivos e olhos azuis como o mar.

Infelizmente não era isso que mais chamava atenção no seu rosto, e sim o roxo na sua bochecha bem debaixo do olho esquerdo.

Andrew percebeu que a voz tremida era por causa das lágrimas que o "monstro" tentava não derramar.

— Quem é você?

De todas as camas para assombrar porque a escolhida tinha que ser justamente a Andrew?

— Minha mãe disse que é para falar Chris caso alguém pergunte, mas pode me chamar de Abram.

Abram.

Não se parecia com um nome de um monstro.

Não que Andrew soubesse de muitos nomes de monstros, talvez fosse um nome comum e houvesse muitos monstros chamados Abram.

— Porque você tava embaixo da minha cama, Abram?

O garoto em sua frente pareceu hesitar antes de responder, dizendo em um tom quase inaudível:

— Tava me escondendo dela.

— Dela quem?

Andrew estava muito confuso, mas já não sentia mais vontade de sair correndo e gritando, já que o "monstro" parecia com mais medo do que o próprio Andrew. Não era atoa que Bee sempre o chamasse de corajoso.

— Minha mãe.

O pequeno loiro inclinou a cabeça para o lado tentando entender a resposta.

— Por quê? Ela quer que você tome banho e você não quer ir? O Aaron faz muito isso também.