Capítulo 1.

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Esse é o fim de um começo.

- Wendell? - o chamo, abrindo a porta mas sem crer no que ouvi e no que está estampado em minha cara, com ironia chego a coçar os olhos para mais clareza e puta que me pariu, não poderia ser real, será que é um sonho? Tantas perguntas retóricas são formada na minha cabeça; enquanto um nó me engasgava a garganta. Não é possível que nessa altura do campeonato, justo eu passaria por isso. Sim, eu! Eu sou foda, sou poderosa eu sou eu, caralho.

Era 2018, final de tarde ou começo de noite, só lembro que tudo já estava escuro pois aqui no nordeste, o costume é anoitecer cedo; depois de um dia de amor, calor e muita água salgada digamos que bronzeador e também sexo com a pessoa que eu mais amava no mundo, porra, era o meu conto de fadas, o meu felizes para sempre a história perfeita que eu iria contar aos meus filhos. Esse não pode ser o fim, não pode acabar assim era simplesmente a vida perfeita na qual eu narrei, eu fiz acontecer e dei o meu sangue para chegar até aqui.

2021.
Mas meus olhos pingavam raiva, não que eu consiga por em palavras, mas só queria que todo mundo sentisse um pouco disso peço até desculpas pelas palavras baixas que estou demonstrando meu ódio. Porque o luto nunca vai acabar e eu queria a vida perfeita de volta.

Mas...

Espera.

2018.
Essa história precisa de um desfecho, o famoso desenrolar da história, pois todo mundo quer um final feliz para o casal que já não existe mais. Porém talvez eu não, talvez eu seja uma exceção por mais que eu apenas estava caçando o meu felizes para sempre. Quem viveu isso na pele fui eu e não estou dizendo da viagem, mas de toda essa baboseira escrita sobre a minha vida em anos anteriores.

Atualmente é 2023, para ser mais exata: fevereiro de dois mil e vinte e três, dia... já nem sei mais e tenho tanta coisa a contar.

Agora não, agora eu estou solteira, curtindo a minha vida adoidada com anos de solteirisse sendo a velha da lancha mais cobiçada, como meus fãs costumam me chamar, eu mereço. Leiam essa última frase com desdém e olhos revirados, eu nem ligo mais. Não desmerecendo quem me colocou no meu lugar, eu só não levo a sério as palhaçadas que vocês fazem, é algo que eu lido na mesma moeda, nesses últimos anos vocês sabem apenas o que eu deixo saberem. E é claro, eu amo vocês seus porra! Mimimi.

Calma, eu não quero dizer que sou uma pessoa vazia e infeliz, muito pelo contrário, eu sou rica, continuo fazendo o que eu amo e sendo a maior. Sim assim que eu me tornei depois que aquilo aconteceu.

Então, iremos rebobinar essa fita lá para dois mil e dezoito quando eu acreditava em amor, alma gêmea, a pessoa que eu nasci para amar, formar uma família jurar que fomos feitos, fomos feitos? Talvez não, talvez essa não seja a frase pois a mesma causa pouco impacto... Vamos melhorar, nascemos um para o outro, fomos milimetricamente calculados e nasci para caber justo no alecrim dourado da pessoa que me pediu em casamento.

- Wendell, eu não sou criança! Eu confiei em você, minha irmã confiou em você, você disse que nunca faria isso e fez. - digo.

Depois do amor, do tão maravilhoso amor, da conexão que temos, que fazemos que me deixa de pernas bambas e corpo cansado após ter o melhor orgasmo da minha vida. Senti meu corpo relaxar e me deixar descansar em seus braços, prometendo ser um do outro para o resto da vida... Estava tudo perfeito, e eu só não queria que acabasse, por mim naquele instante eu moraria ali, no seu abraço, até que pego no sono ouvindo a sua respiração se chocar contra meu rosto, me impulsionando cada vez mais ao sono profundo e logo entro em estado de transe.

Acordo totalmente descansada e descabelada, mas assustada e sentindo o coração acelerado. Minhas costas começam a pesar, minha cabeça rodar e o estômago embrulhado no mesmo instante em que minha consciência volta para o lugar. Abro os olhos devagar, sem ainda conseguir enxergar muita coisa e o chato em sussurros.

- amor... - nada escuto, então continuo falando na intenção de acorda-lo. - Wendell, amor... acho que estou passando meio mal.

Forço meus olhos abrirem e não vejo absolutamente nada. Muito menos meu noivo. Apalpo o lado da cama que estávamos a dormir pelo que eu me lembro da última vez em que o vi. Com dificuldade pois minha cabeça estava rodando, levanto e vou até o banheiro para ver se poderia estar ali a tomar banho, mas não.

Volto lentamente para a cama, porque me recuso a vomitar no momento, acho que comi algo que não me fez bem. Sento na cama, tiro meu celular do carregador e vejo se meu noivo mandou alguma mensagem, avisando se iria para algum lugar, mas não, nenhuma mensagem ou sinal de vida. Mando mensagem falando que acordei e que não o vi, perguntei se estava tudo bem e disse que o amava. Esperei a mensagem carregar e tento ligar, mas parece que ele está fora de área. Isso durou em torno de trinta a quarenta minutos, até que fui vencida pelo tédio e fome também, me arrumei para procurar algo para jantar por aqui mesmo, pelo hotel. Coloquei um shorts jeans e a parte de cima do biquíni é uma camisa mais fresquinha. Aproveitei para perguntar a alguns dos funcionários do hotel se haviam visto meu noivo por ali, mas ninguém se quer lembrava dele. Dei de ombros, agradeci e voltei para o quarto, abre um parênteses para eu olhando o celular de cinco em cinco minutos nesse meio tempo.

Por uma coincidência do destino, resolvi passear e conhecer o hotel, já que estava atoa mesmo, até por ser o hotel mais bem avaliado, o lugar era conhecido por ter várias atrações no dia.

Andei pelo corredor que dava acesso aos bares e meu sexto sentido mandou eu entrar em um corredor antes no qual dava para os quartos inferiores, mais afastados mas ainda bem localizados.

Parei, gelei e me estremeci inteira ao reconhecer esse cheiro que estava vindo do quarto. Ouvi sua voz ainda um pouco inaudível e me aproximei da porta para eu ter mais clareza.

- é lógico que eu fiz o que você mandou Bruna. - wendell disse com o soar estranho, irônico para ser mais exato.

- se ela aparece aqui, a casa cai. - a mulher disse.

Não pode ser. Eu estou ouvindo isso mesmo? Só pode ser brincadeira, ele não faria isso. Cheguei mais perto da porta e percebi que a mesma estava com uma luz verde piscando, indicando que estava destrancada.

- calma Bru, ela tomou aquela água com o remédio provavelmente só acorda amanhã. - ele ri.

Minha ficha caiu, meu noivo...

Seguro o trinco da porta e escuto barulhos parecido com de beijos e faço pressão para abrir sem ao menos saber o que diria a eles, só sei que minha primeira reação foi travar ao ver que na viagem da minha vida, o amor da minha vida, me trairia bem de baixo do meu nariz, literalmente.

- me traiu. - digo com os olhos marejados.

Como em um passe de mágica, ele vestiu a roupa e ela se jogou em baixo dos lençóis. Eu conhecia aquela cara de pau e aquele cabelo ensebado, é óbvio, eu sou mesmo uma idiota. A Marília me avisou sobre isso e eu simplesmente não acreditei, uma hora isso iria acontecer.

- Maraisa, não é isso que você está pensando. - ele disse receoso.

- claro que não Wendell, é pior, e eu ouvi que você me drogou! - digo com nojo, apertando cada vez mais o trinco da porta enquanto o mesmo rasgava minha mão por conta da força, da raiva e indignação, minha vontade era enfiar um tapa na cara dele.

- eu não fiz isso, amor...

- amor é o caralho! - falo, antes que ele me dirigisse a palavra me chamando de amor. - Quer saber, desculpa atrapalhar, o casal ai. - saio batendo a porta e correndo para o meu quarto.

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