Luto.

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Foi muito difícil escrever esse capítulo. Então cada erro que aqui estiver, foram as lágrimas que digitaram.

2021.

Após o lançamento do ep patroas, o que foi digno de Oscar e o trabalho mais importante de nossas carreiras, ou melhor, de nossas vidas, no qual eu deitei a cabeça no travesseiro e tive a certeza de que deu certo, o trabalho planejado e sucedido, com a dedicação de milhões, literalmente, na medida de uma capa da Forbes.

O início de uma nova era, a era das Patroas, precursoras do novo sertanejo feminino, do empoderamento sertanejo feito para quem se sente e se acha mulher.

Bom, era...

Era para ser o começo de um sonho, sonhado por três mulheres, feito por mulheres, aquele que havíamos sido sonhado como mulheres que fazem umas pelas outras, sem competições e mimimi que a mídia tenta impor sobre nossas amizades, iria cair por terra cada fala machista sobre a força da mulher no meio sertanejo.

Era para o ser o nosso momento.

05.11.2021 - estrelinha.

Amiga, eu te amo.

O dia começou estranho, logo cedo já teria reunião marcada no escritório mesmo em day off, o dia cinza em pleno verão de Goiânia, meu humor um pouco para baixo sem saber o porque tava tão ruim.

Minha mãe ligou dizendo que nossa casa no aldeia havia estourado as janelas e era para irmos em direção a outra, virando em um mar de cacos de video pelo chão. Disse também que graças a Deus ninguém se machucou, porém por muito pouco. Sei lá, sensação estranha, na reunião perdemos patrocinadores, shows cancelados e tudo muito em cima da hora, o público nos xingava nos comentários de praticamente todos os posts que fizemos, perdendo centenas de milhares de seguidores.

Parece que o dia não tinha como piorar.

Resolvi terminar as reuniões no escritório na tentativa de acalmar ambos os lados, pois não era o fim do mundo, assim que acabou vou indo em direção ao restaurante na empresa e lá escutamos um burburinho sobre algum acidente, meu coração disparou ao saber que teria sido com a Marília mas no mesmo instante os bombeiros soltaram uma nota dizendo que estava tudo bem, e eu tentando contato com a minha melhor amiga, é claro que meu coração não iria acalmar se não conseguisse falar diretamente com ela.

Meu pai me acalmou, ou ao menos tentou e o motorista levou a gente para casa, logo que abri o celular, congelo derrubando o mesmo da mão, meu corpo estremeceu e entrou em estado de choque e pânico; a ansiedade explodiu. Soquei meu próprio corpo, o banco da frente e a porta do carro que no mesmo instante quebrou pela força na minha mão. Elas sangraram.

— NÃO, NÃO, NÃOOO - grito.

O motorista parou o carro e meu pai pulou para o banco de trás.

— filha, eu sei... - me segurou enquanto eu não tinha mais controle do meu corpo.

Parece um filme de terror, eu não sei viver sem ela, eu não sei se vou conseguir eu não sei o que fazer, não sei mais cantar, a minha voz não sai.

Foi tudo tão difícil, eu nunca imaginei que teria que usar preto para te encontrar assim. Não sei mais o que dizer sobre este fatídico dia. Não usei nenhum tipo de entorpecente e me sinto envolvida em uma bolha de realidade aleatória em que só escuto meus próprios pensamentos e a dor da alma.

Eu fui embora sem me despedir. Joguei a última flor.

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