Respiro fundo, na intenção de acalmar meu coração que já estava a mil por hora, quase pulando pela garganta e não consigo mais ser falsa com meus sentimentos. Não mais.
Nada respondo, me sento na cama e passo minha mão na cabeça, respirando fundo para controlar a ansiedade, para que não tenha uma crise logo agora e ao mesmo tempo, calculando uma resposta que me tirasse dessa situação.
— Wendell, eu te amo muito...
Ele se anima, até para de chorar e sorri, seus olhos brilham com ternura e em uma falha tentativa de proximidade, o mesmo da um passo para frente para perto de mim.
— mas não posso fazer isso comigo. - me desvencilho, vestindo depressa a minha roupa, sei que voltaria atrás sem pestanejar.
— mas Maraisa, isso não significou nada pra você? - ele indagou, me acompanho as pressas.
— é claro que sim, significou muito, mas também tudo o que vivemos nesses últimos meses, meio que bagunçou a minha cabeça e eu preciso de um tempo. - olho para o chão e em seguida volto meu olhar para o seu. — você me machucou muito Wendell, e apesar do amor, agora, eu preciso me priorizar. - digo com um nó na garganta já sem conseguir conter as lágrimas.
— eu te entendo, não pense que para mim foi fácil, em momento algum. - diz em meio a lágrimas. — eu precisava muito sentar e conversar com você sobre tudo isso, mas com calma.
— Wendell, nesse momento não estamos em condições de conversar, eu realmente preciso ir. - visto minha última peça de roupa e vou em direção a porta, sem olhar para seu rosto ou ao menos uma despedida justa.
É um momento extremamente difícil...
Nunca me priorizei a ponto de por um final, sempre esperei o fim por conta do outro... estou sensível com meus sentimento e jamais ficaria com alguém que me machucou e em troca do amor, me deu raiva e traição.
Quem bate esquece, quem apanha não.
Ele plantou esses exatos sentimentos em mim, que obviamente não queria sentir por ele, eu sabia que o amava e em mim só existia carinho e a certeza que éramos o amor da vida um do outro. Enfim, chega tá na hora de dizer adeus.
Cheguei em casa, exausta vendo o sol nascer pelas frestas da cortina. Peço para a Alexa fechar totalmente as persianas e me viro para ver o celular.
Respondo somente minha família, dou uma olhada nas redes sociais, interagindo com as publicações da gravação do dvd feita pelos fãs.
Decido tomar a decisão da minha vida, não me envolver com mais ninguém, literalmente me blindei contra o amor e fechei meu coração para balanço.
Eu me escolhi, pela primeira vez me escolhi e me sinto confortável com a ideia.
Precisei de muita terapia e mesmo sem conseguir dizer o nome dele, foi o melhor a se fazer.
Teve uns pegas por aí, não vou negar, pois todos temos necessidades e até uns que viraram romance mas nada duradouro, eu morri por dentro, pego e desapego no mesmo piscar de olhos.
Minhas amigas e fãs me apelidaram de véia da lancha e eu simplesmente amei, aderi para a vida.
2020.
Estava tudo indo tão bem, tour nova, festa das patroas decolando como nunca e do nada o mundo parou por conta de um vírus. Muita gente morrendo pela negligência de um governo nojento, artistas fazendo mil vezes mais do que o próprio presidente, lives em prol de arrecadações e aproveitamos para matar a saudade dos palcos e shows e dos amigos também, se eu soubesse teria aproveitado mais a companhia dos que mais amo.
A parte boa desse período, foi o retorno do trabalho que fizemos mesmo sabendo do risco que iríamos encarar; viramos memes na internet e também teve a chegada do nosso mascotinho, o Leozinho filho na nossa rainha Marília Mendonça com o cantor Murilo Huff.
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Identidade.
RomanceFoi aprendizado? Foi para fortalecer? Viver o agora? O que eu quero para daqui dez anos? Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante...