Visitas Nada Oportunas

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Laura colocou a plaquinha de fechado e encerrou seu dia.

Ela começou a limpar todo o salão recordando-se de todas as contas que chegaram naquela manhã, das encomendas das clientes e dos pedidos de seus cosméticos do mês, repassava mentalmente a listinha para não esquecer.

Aquele ano estava sendo um pouco difícil e mais puxado que nunca, tinha que se desdobrar para que tudo desse certo e para não ficar sufocada logo próximo do final do ano.

Varria o chão quando ouviu um chamado.

—Laura?

Os olhos de Laura estavam esbugalhados e intensos quando pousaram na figura alta e bonita do homem de calça jeans e camisa social, ela quase deixou cair o telefone do ombro, o salão estava vazio, ela acabara de encerrar mais um dia cansativo e seu expediente.

Mal acreditava no que via, sentia-se dura diante do homem que entrava fechando a porta atrás de si, faziam exatos onze anos que ela não via Nate Doyle, e nunca pensou que voltaria a vê-lo em toda a sua vida.

Nate aproximou-se dela com um pequeno sorriso, ele tinha no ombro uma mochila escura, usava tênis e os cabelos estavam muito diferentes dos cabelos encaracolados que ela conhecia desde a adolescência.

Nate cresceu, cresceu muito, pensou Laura espantada.

—Achei que havia me enganado — Nate disse com um pequeno sorriso nos lábios. — Não mereço um abraço Laura?

Não.

—Oi, como está Nate? —Laura perguntou a contragosto.

Depois se inclinou e abraçou Nate Doyle toda sem graça, foi um abraço superficial e rápido, tão logo o abraçou desvencilhou-se de seus braços, Nate recuou um passo parecendo entender aquilo.

—Estou na cidade a negócios, fiquei surpreso em ver que a casa dos seus pais virou um salão.

—Nem sabia que você lembrava onde meus pais moravam.

—Pois me lembro.

Nate tinha um belo sorriso, ele era um homem muito bonito desde que ela se lembrava, olhos mais claros, cabelos num tom acobreado, barba bem-feita e o rosto lapidado e bonito, talvez por isso ele houvesse deixado ela e ido embora, era homem demais para ela, pensou Laura incerta.

—Pois então—disse ela sem jeito. — Aceita um café Nate?

—Sim, por que não?

Era difícil para Laura acreditar que Nate estava ali, porém ele estava, sentia-se meio louca enquanto ia ao balcão e ligava a pequena máquina de café expresso, Nate deixou a mochila numa das cadeiras de espera e se aproximou do balcão.

—O salão é da sua mãe?

—É meu, mamãe morreu há alguns anos.

O Sorriso de Nate foi desaparecendo aos poucos.

—Sério?

—Sim, de câncer, papai se casou e se mudou para o Alabama.

Não tinha orgulho em falar aquilo, na verdade para Laura era algo muito doloroso.

—Sua mãe inclusive veio ao enterro—Laura completou sem graça.

—Não me recordo dela ter dito.

—Nem deveria.

Laura não gostava de falar sobre a perda da mãe, aquilo era doloroso e triste demais.

—E você Nate?

—Trabalhando muito.

—Trabalhar é bom.

Nate lhe deu um sorriso meio estranho ou coisa assim.

Ela lhe estendeu a xícara com café expresso e colocou o açúcar no balcão.

Ele bebeu o café em silêncio, Laura voltou a varrer seu salão tentando ignorar os olhares do ex-namorado de adolescência, afinal de contas era besteira preocupar-se com aquilo, fora a mais de onze anos atrás.

—Acho que já vou Laura.

—Quando sair feche a porta.

Ela não disse mais nada, Nate não respondeu e partiu em silêncio, bem como fez quando decidiu ir para longe dela e assim romper com o namoro, e melhor coisa que pode fazer naquela época foi esquecer, agora esta era a melhor coisa que poderia continuar a fazer.

—Esquecer!




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