Não Acabou

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Nate analisou todas as possibilidades antes de entrar.

A Porta estava aberta, então ele olhou para a mulher atrás do balcão, ela estava com os cabelos presos num coque comportado, ele se lembrou de como os castanhos claros de Laura eram jogados para trás por conta do vento quando eram adolescente, e agora viviam presos, as sobrancelhas dela estavam escondias por um par de óculos grandes e ela usava uma camisa de mangas compridas, percebia agora porque ela estava cobrindo tanto o corpo, na verdade entendia melhor como as coisas funcionavam no mundo de Laura ultimamente, mas ele não estava disposto a ir embora, sentia como se algo estivesse inacabado.

Aquilo o aniquilava numa proporção tão grande que não teve sossego pelo resto da semana, não conseguia comer, não queria dormir, ele tentou resolver muitas coisas por telefone e via e-mail, cada dia longe de Los Angeles significava mais dias longe da vida que ele trabalhou muito para conquistar, porém, aquilo soava tão vazio e falso perto da vida que ele realmente poderia ter tido se houvesse escolhido ficar.

Laura tinha razão sobre muitas coisas, mesmo que percebesse que por trás das duras palavras dela, houvesse algo que a cegasse e não permitisse que ela o deixasse por perto, mas ele a entendia muito bem, melhor ao menos do que ela pensava.

Foi egoísta e não a ter visitado nas férias, foi egoísta em não ter escrito para ela naqueles anos ou tentado ligar, e quem sabe, não a ter visitado? Porque eles se conheciam desde cinco anos de idade, e apesar de tudo, ele deveria ter sido um pouco mais empático em querer se reaproximar dela.

Viveu os melhores anos de sua vida ao lado de Laura, muitas aventuras, uma infância onde ambos viviam perto da grande metrópole, mas longe das crianças da cidade grande, eles mais viviam um no quarto do outro que tudo, jogavam Nintendo e quando o cartucho queimava, Laura xingava a tudo e a todos, foi nela que ele deu o primeiro beijo e com quem perdeu a virgindade, então, havia crescido e esquecido Laura, deixado ela para trás como se nada daquilo tivesse algum significado, e estava errado por conta daquilo, mas não sabia exatamente se deveria se culpar por ter partido.

Estava em Nova York há dias, estudava uma forma de se reaproximar dela, mas depois da discussão na casa da amiga dela, não pensava com muita exatidão no que deveria falar, deveria ter voltado para Los Angeles há quatro dias, mas não conseguia pensar em deixá-la ali daquela forma, não por pena, mas porque sabia que não deveria, era injusto com Laura, não novamente.

Ele se aproximou do balcão, havia duas clientes usando toucas de plástico na cabeça, e uma outra lixava as unhas com papel alumínio nos cabelos, Nate não sabia exatamente o que falar, mas saiu do hotel disposto a conversar novamente com Laura, agora de uma forma na qual, ambos não brigassem, ele sabia que ela precisava de um tempo para pensar assim como ele, estavam nervosos naquele dia, passou na floricultura duas ruas acima e comprou um buquê de rosas, talvez já fosse um começo.

—Laura?

Ela parou de rabiscar a agenda, e logo em seguida ergueu o olhar fitando-o bastante séria, mas tudo o que ele enxergava nela era o reflexo da dor causada por tudo o que ela viveu e ele não estava ali por ela, para ela, Nate estendeu o buquê de flores brancas para ela, Laura permaneceu imóvel olhando-o em silêncio.

—O que faz aqui? —perguntou ela bastante séria.

—Bem, eu quero... —não fale conversar, ela irá te expulsar novamente. Avisou a voz em sua cabeça. — Bom... As flores são para você Laura.

O que mais poderia dizer? Se sentiu nervoso! Ela era intimidadora!

—Não, obrigada! —disse Laura com irritação. — Já pode ir embora senhor Doyle.

Nate enrijeceu, mas decidiu não se irritar.

—Pois então, as flores são para você Laura—justificou e pensou rapidamente numa bela desculpa. — Quero cortar o cabelo.

—Que? —perguntou Laura impaciente.

—Quero cortar o cabelo—repetiu nervosamente. — Consigo horário para agora?

—Não! —disse ela imediatamente.

—Ok—respondeu ele tentando manter a calma. — Eu espero.

Nate deixou o buquê sob o balcão e se afastou, então se sentou numa das cadeiras de espera e pegou uma revista, cruzou as pernas e decidiu esperar. De uma coisa ele sabia, não sairia dali até que ela o ouvisse ou conversasse com ele.




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FIM DA DEGUSTAÇÃO

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