Dez Dias Com Você - DEGUSTAÇÃO

Algo Diferente

—Muito obrigada Laura, eu amei!

—Que bom Goreth!

Laura sorriu e se despediu de sua última cliente daquela tarde, ela acenou para Goreth enquanto ela se afastava até o outro lado da rua, sorriu, havia sido um dia cansativo, mas produtivo, enquanto houvesse clientes ela não poderia reclamar, porque entrava dinheiro e ela conseguia manter tudo bem equilibrado.

Ela entrou no salão e trancou a porta, depois foi até o caixa e pegou o dinheiro, já estava anoitecendo lá fora, Laura queria tomar uma ducha e preparar o jantar daquela noite mais cedo, quem sabe ver um filme?

—Ainda bem que trancou a porta.

Deu um pulo e encarou Nate com um olhar punitivo.

—Eu entrei enquanto você estava arrumando o cabelo da moça, não fique brava, só queria ver se você está mesmo bem.

—Eu estou Nate nossa! —exclamou nervosa. — Não faz mais isso.

Ele assentiu depois se aproximou, as mãos dele estavam dentro do bolso da calça, ele usava uma camisa preta, jeans e tênis, boné, como sempre muito bonito.

—Eu não tinha visto, você machucou a perna?

Ela negou com a cabeça, Goreth era meio alta, e ela ficava incomodada em ter que ficar na ponta do pé para alcançar Goreth, então à prótese incomodava quando forçava muito, também porque não teve muito tempo de se sentar naquele dia.

—Não, é só porque eu trabalho muito tempo em pé então fico cansada das pernas. —Ela odiava mentir, mas não sabia qual era o objetivo dele em ficar vindo vê-la.

—Seu namorado está lá em cima?

—Não, eu estou encerrando.

—Ah! Eu pensei em pedir uma pizza, calabresa, o que acha?

—Melhor não Nate, acho melhor você ir embora.

—Você não consegue me perdoar é isso?

Ela não queria ter aquela conversa com Nate, aquele era o problema, porque sabia que não levaria ambos os a nada.

—Não é questão de perdão Nate.

—Então é questão de que? Eu não vejo mal em que você aceite jantar comigo, inclusive até com seu namorado, como amigos.

—Acontece que não somos mais amigos Nate, nossa amizade acabou há muitos anos, e sabe disso.

—Não te arrancaria pedaço que me deixasse ser seu amigo mais uma vez.

Aquilo era a maior ironia que ela já ouvira na vida.

—Não Nate, mas não acho que tenha mais nada entre nós que demonstre os velhos laços—explicou. —Fomos amigos, mas a nossa amizade acabou há muito tempo, e não há nada que possamos fazer sobre isso, você fez suas escolhas e seguiu com a sua vida.

—Deveria saber que você nunca entenderia que eu tinha que ir, que não era uma opção ou uma escolha!

—Eu entendo que você precisava ir Nate, e não havia nada que pudéssemos fazer sobre aquilo, o que mais quer que eu diga?

—Nada.

—Que bom porque eu não tenho nada a falar, eu não quero que se decepcione pelo fato de eu não me importar, passou, ficou no passado, agora somos adultos.

—Não queria sentir como se destruísse seus sonhos.

—Você não destruiu, fique tranquilo.

Ele a olhava fixamente.

—Sei que você está me escondendo algo Laura, e quero que me fale agora o que é.

Ela entrou em pânico.

—Não sei do que está falando—aquela foi sua primeira reação. —Não estou escondendo nada.

—Esta sim.

—Nate isso é ridículo.

—Você está diferente, eu sei que sim, eu te conheço desde que éramos crianças, sei que você não me trataria com tanta frieza nem que tentaria me evitar, mesmo que estivesse brava Laura.

—Ben, os anos passam, as pessoas mudam, e eu mudei Nathaniel, pode fazer o favor de ir embora da minha casa?

Ele a olhou com raiva depois deu meia volta, Laura o seguiu em silêncio, depois quando ele se virou ela parou apenas a alguns metros de distância dele.

—Eu sinto muito Laura.

—Você já disse isso.

Ela se aproximou e abriu à porta, Nate saiu do salão com cara de poucos amigos, Laura fechou a porta e passou à chave sentindo-se tensa, ela sabia que teria que tomar cuidado a partir daquele dia, não queria Nate Doyle por perto, em nenhum sentido, ele não deveria saber do bebê, nem do acidente, ele deveria ir embora e deixa-la só, afinal, era bom naquilo.