O Passado Como Ele é

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—Mãe, o que sabe sobre a Laura Harpper?

—Ah, eu não te disse? A mãe da Laura faleceu há alguns anos!

A Silvia Doyle andava de um lado para o outro no quarto de Nate, ou antigo quarto, ele não pretendia passar aqueles dias na casa dos pais, mas sua mãe insistiu muito, ele sabia que aqueles dias em Nova York seriam regados de perguntas e insistências, sua mãe provavelmente arrumaria umas dez pretendentes para ele, ela fazia aquilo sempre que ia a Los Angeles passar as férias.

—Até onde soube ela mora com o pai.

—Os pais dela se divorciaram!

—Antes da Penélope morrer? Mas eu não soube disso!

—Laura me disse isso ontem.

—Esteve com ela?

—Estava por acaso andando no bairro onde ela morava quando vi o salão de cabeleireiro dela, ela montou na antiga casa onde morava, aproveitei e conversei com ela—revelou ele achando aquilo estranho. —Laura está diferente mamãe.

—Claro que está querido, ja faz quase 12 anos que não a via, ela emagreceu?

—Sim, bem, acho que mais ou menos.

Laura era rechonchuda na época da escola, Nate lembrava que gostava de ficar apertando as dobras dela, e rindo daquilo, ele viu sua mãe abrindo as cortinas do quarto, parecia apressada... Nervosa.

—O que foi? Brigou com o papai?

—Não, é que eu tenho alguns compromissos agora, você vai para as reuniões que marcou?

—Hoje estou livre, amanhã tenho mais um almoço com um possível investidor.

Silvia se aproximou da cama e lhe deu um beijo na cabeça, o olhar dela estava diferente, conhecia.

—Barbara irá lhe servir o café filho...

—Você não acha que deveria ter ajudado a Laura com a mãe dela?

—Quando eu soube que Penélope estava doente ela ja havia morrido Laura não nos avisou, eu soube da morte dela porque o pai de Laura avisou para o seu pai.

Ele sabia que a mãe de Laura e sua mãe eram grandes amigas, mas se afastaram com o tempo.

—Deve ter sido difícil para ela mamãe, me sinto culpado.

—Não se sinta Laura é uma moça forte e decidida, o pai dela deve ajudá-la.

Algo em sua mãe estava estranho.

—Ha algo que queira me falar mamãe?

—Ora, do que está falando?

—É que a senhora parece ter remorso.

—É que gostava de Penélope, não queria que ela houvesse morrido.

Ele também não queria.

—Laura está bem filho.

Ela parecia querer convencer ele, mas Nate ainda sim sentia que havia algo errado, ele concordou com um breve acenar de cabeça, e sua mãe partiu deixando-o em sua cama, ele se deitou novamente e puxou os cobertores.

Tinha fixa a ideia de que aquela mulher com quem conversou ontem não chegava nem perto da garota por quem se apaixonou na adolescência, os olhos castanhos de Laura estavam mais apagados, ela estava mais pálida, e seus lábios não carregavam mais os traços do sorriso que ela mantinha sempre, nem mesmo o semblante de Laura parecia o mesmo, ela havia... Envelhecido, mas não fisicamente, parecia que algo nela havia se perdido.

Conhecia Laura desde a infância, e por muitos anos acreditou que possuíam um laço inquebrável, mas aquilo acabou quando decidiu ir embora, por muitos anos Laura permaneceu quieta dentro de sua memória, Nate se sentia no dever de tentar esquecê-la, porque quando se lembrava dela, tudo nele se agitava, aprendeu a superar e entender que querer não era poder, e que tinha o dever para com os seus pais de cuidar para que tudo ficasse bem.

Nate não teve escolha se não seguir o que os pais planejavam para ele, tinha 16 anos quando os pais determinaram que ele deveria ir estudar fora, os anos na universidade haviam sido ótimos, conheceu muitas pessoas, fez muitos amigos e farreou enquanto pode, teve quatro namoradas das quais aproveitaram cada momento com ele.

Não se considerava um conquistador, mas gostava de aproveitar a vida que o dinheiro do pai lhe proporcionava naquela época, por isso, foi fácil esquecer Laura e deixar de lado os sentimentos que havia ali, os sonhos que construiu com ela.

Quando terminou a faculdade estava longe de querer algo além de alcançar seus objetivos e sonhos, seu primeiro sonho estava fora de alcance, Laura jamais poderia ser dele, então focou na empresa e nos negócios, e hoje era bem-sucedido, tinha dinheiro, o que mais poderia ter?

Um homem não poderia ser feliz em todos os quesitos da vida! Ninguém tinha tudo o que queria.

Aquele era seu ditado.

Nate se ergueu depois de alguns momentos, ele sabia que não adiantava ficar remoendo o passado. Era hora de viver o presente, mesmo que Laura não fizesse parte dele.



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