Mentiras e Verdades

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—Ah, oi filho, o que houve? Perdeu seu voo?

Silvia se aproximou do filho, e lhe deu um beijo na cabeça, Nate a olhava um tanto sério, ele encarava a mãe de uma forma na qual Silvia nunca quis, há algumas horas ele viu algo que o deixou completamente sem ação. Ele tinha que embarcar naquela noite as 19:00 para Los Angeles, amanhã, muito cedo teria uma reunião importante, ele antecipou sua ida para casa uma vez que os compromissos acabaram, tinha ido à casa de Laura para se despedir, quando chegou lá, foi recebido por uma moça grávida de sorriso simpático, Nate não achou estranho perceber que a moça não tinha o braço direito, ele na verdade não se importou muito com aquilo, mas ao subir e algumas horas depois deparar-se com Laura sem uma perna... Seu estômago gelava, apenas em lembrar-se da cena.

—Pensávamos que você tinha ido embora filho. — disse seu pai Harry.

—Não, eu não fui—disse Nate e negou com a cabeça. —Eu perdi o voo, me atrasei.

Seus pais tinham um jantar importante naquela noite, Nate soube por Barbara, a ajudante de sua mãe, então ele decidiu esperar que eles chegassem para conversar com ambos.

—Você não parece bem...

—Desde quando a Laura sofreu um acidente e perdeu a perna mamãe?

Silvia e Harry se entreolharam, e naquele momento, ele soube que eles sabiam exatamente do que ele falava, Nate estava tão confuso sobre tudo que não conseguiu embarcar, ele não conseguiria depois do que viu, duvidava que antes daquilo também conseguisse, não estava bem, sentia-se tão inútil, e ao mesmo tempo nervoso com toda a situação.

—Nós soubemos quando a mãe dela morreu, Jill nos disse—disse Harry com pesar.

—E não ajudaram ela? Por que não me avisaram? O que realmente aconteceu aqui? —questionou ele nervoso.

—Depois que você foi embora nos afastamos da família da Laura querido, nós não tínhamos contatos com ela, soubemos do acidente no dia do enterro da Penélope, nós não sabíamos que ela havia perdido uma perna até então.

—Então pretendiam me deixar ir embora sem saber?

—Ela te disse? —perguntou Harry apressado.

—Não precisou, eu mesmo a vi.

—Bem, pessoas sofrem acidentes todos os dias filho, Laura já deve ter superado...

—Não, mamãe—a voz dele estava sufocada pela dor. — Como ousa dizer que ela superou algo assim? Ela me expulsou da casa dela, estava envergonhada, a senhora sabe o que isso pode fazer na vida de alguém? Laura e eu éramos amigos, era seu dever ter me dito!

— E o que mudaria? —perguntou sua mãe zangada. —Viria? Largaria tudo por uma garota que não tinha nada a lhe oferecer? Você só tinha 16 anos Nate!

—Foi quando eu fui embora? —parecia que a cada revelação tudo ficava ainda pior.

—Foi—Harry disse e olhou para esposa bastante sério. —Temos que contar para ele Silvia.

—Não foi nossa culpa que ela tenha se acidentado Harry—Silvia retrucou abalada.

—Eu não acredito que não me disseram...

—Quando você foi embora Laura começou a nos mandar cartas filho, ela dizia nas cartas que estava grávida de você, eu e a sua mãe não acreditamos, pois pensávamos que se tratava apenas de uma paixonite—disse seu pai impaciente. — Acreditávamos que ela só queria nos chantagear para que você voltasse.

Nate passou as mãos nos cabelos mal acreditando em tudo aquilo, sentia dentro dele um bolo estranho se formando em seu peito, subindo para sua garganta.

—Então nós não te falamos—o pai de Nate estava frouxando a gravata que usava. — Você havia acabado de ir para universidade, e não sabíamos se era de fato verdade.

—Laura não mentiria sobre isso. —Negou ele, sua garganta queimava.

—Só fizemos o que achamos melhor para você querido—a mãe dele o olhava com medo. — Vocês eram muito jovens Nate, Laura e você não poderiam ficar juntos...

—E o que aconteceu com o bebê?

—Jill nos disse que ela de fato estava grávida, mas que perdeu a criança neste acidente, e que ela havia amputado uma perna—Harry tirou o terno. — Nós oferecemos dinheiro, mas ele se recusou a aceitar, disse que arruinamos a vida da Laura e que você era um mimado nojento, então fomos embora do velório de Penélope sem falar com a Laura.

Nate se ergueu, diante de tudo aquilo... Ele nem sabia o que falar, pegou sua mala e sua mochila, sua mãe começou a chorar.

—Filho...

—Isso não se faz papai—disse ele, concreto.

—Para onde vai Nate? —questionou sua mãe enquanto ele se afastava.

—Resolver essa merda toda.



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