Humilhada

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—Fiz um chá.

Ben era um cara legal, Jeane tinha muita sorte de ter encontrado ele, alguém compreensivo e bom, alguém disposto a cuidar dela, a amá-la e principalmente aturar sua melhor amiga depressiva. Pensou Laura enquanto agradecia o chá que Ben lhe servia. Não suportava mais ficar trancada em casa, ela decidiu sair de casa porque não suportava mais ficar ali pensando em tudo, chorando, e se sentindo minimizada pela situação. Parecia que quanto mais tentava esquecer mais lhe vinha à cabeça o olhar de reprovação de Nate, tudo o que ela queria era poder esquecer aquele episódio, humilhante e doloroso.

—Amiga eu juro que eu não sabia!

—Eu sei que não fez por mal Jeane.

—Ele me disse que era seu namorado, então eu o deixei subir.

Jean era uma pessoa especial, daquele tipo de mulher que quando sorria, fazia as pessoas terem um dia um pouco mais feliz, o sorriso angelical, ela era loira, tinha olhos azuis e grandes, não era muito alta e era mais magra, franzina, alguém muito especial em sua vida, sua verdadeira amiga há anos.

Ela também nunca saberia quem realmente foi Nate em sua vida, porque Laura nunca falou dele para ninguém, enterrou Nate junto com o bebê que perdeu durante o acidente, e todas as lembranças das quais teve com ele, ela abandonou, enterradas no passado.

Mas teve que contar tudo para Jeane, porque se sentia péssima em lembrar-se da visita inesperada de Nate, ela teve que cancelar toda a sua agenda no dia seguinte e então foi para casa da amiga para poder desabafar um pouco, ou apenas não ficar em casa lembrando de tudo o que aconteceu.

Ela sabia que Nate não voltaria mais, porém a visita dele mexeu muito com Laura, a deixou deprimida e minimizada em relação a tudo.

Ben foi para cozinha, Jeane passou a mão no meio de suas costas lhe dando conforto, antes daquilo, ela lhe entregou uma caixinha de lenços, desde que a amiga abriu a porta, Laura não conseguia parar de chorar, a situação fora uma das piores que passara em sua vida.

—Ele não merece as suas lagrimas amiga—disse Jeane cuidadosa.

—Não consigo pensar em mais nada—respondeu ela incerta. —Você não sabe o jeito como ele me olhou Jeane, ele ficou com medo de mim, medo e nojo.

—Amiga é uma situação complicada.

Jeane tocou a barriga crescida, estava grávida de seis meses, a barriguinha redonda e crescida, aquilo fazia Laura lembrar que um dia também carregou um bebê no ventre, e que se quer tivera a chance de conhecer sua própria criança por conta do acidente, aquilo há destruiu um pouco mais.

—Acho que estou perturbando vocês não é mesmo? —ela se ergueu. —Vou para casa, já é tarde.

—Laura, para com isso! —Jeane disse mais séria. — Você é a minha melhor amiga, o Ben não se importa, ele na verdade até prefere que você esteja aqui, sabemos o quanto você é só e que isso não te faz bem.

Jeane a puxou pelo braço e ela se sentou, bebeu um pouco do chá e ficou quieta, talvez pelo fato de ter seus medos expostos, ou porque ela não queria que mais ninguém a visse daquela forma tão feia na qual havia se tornado, uma mulher que nunca mais seria completa por conta de um acidente que não levou apenas a vida de seu filho, mas também sua vontade de viver, sua autoestima, e sua vaidade.

—As coisas vão se resolver amiga! —disse Jeane.

Ela sabia que não, mas apenas assentiu em silêncio, havia outra coisa que pudesse fazer ou falar para mudar aquilo? Ela acreditava que não.

Dez Dias Com Você - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora