Capítulo 2

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Eu vim aqui
Eu escrevi uma canção para você
E para todas as coisas que você faz
E foi chamada de Amarelo

Então eu esperei minha vez
Oh, que coisa para se ter feito
E era tudo amarelo

Sua pele
Oh, sim, sua pele e ossos
Transformaram-se em algo bonito
Você sabe...
Yellow, 2000

Levo um tempo para absorver o ambiente, o piso flutuante de compensado naval, os imensos espelhos, as barras, o ambiente tinha cheiro de lavada, o que na minha opinião combinava com toda atmosfera, a garota estava distraída limpando algumas marcas de dedos do espelho, tive que limpar a garganta duas vezes para poder ter sua atenção, ela vira e

-Olá, seja bem vindo - me cumprimenta e se curva brevemente - no que posso ajudar?

-Olá, obrigado - retribuo o cumprimento e vou direto ao assunto - me indicaram seu Studio, disseram que é exatamente o que eu preciso.

-Owh... Fico feliz - seu rosto se ilumina, ela olha em volta - mas onde está sua criança?

- Oh! Não tem criança - explico

-Entendo, queria conhecer antes de traze- lo - ela sorrir condescendente - Quais suas dúvidas?

-Na verdade eu busco um espaço para mim - continuo a explicar - preciso de um lugar para praticar

- Oh, não trabalho com adultos - informa depois de entender a situação, ou quase - só dou aulas para crianças, mas posso indicar uma ótima academia...

-Não, não... acho que continua entendendo errado - tento mais uma vez um pouco constrangido - eu preciso de um lugar para praticar, me informaram que esse lugar - mostro em torno - vi na sua rede social que tem alguns dias livres, gostaria de reservar.

-Não tenho muita certeza disso... - ela me olha intrigada com a sobrancelha levantada e cruza os braços - digo não sei quem é você e nem quem o indicou...

Então percebi o tamanho da minha gafe e tento remediar, tiro a máscara e o boné e me apresento, explico que o dono do Magnate me indicou o lugar depois de falar muito bem dele, como esperado sua expressão suaviza e parece um pouco mais relaxada.

-Porque não falou antes - seu tom era amoroso quando falava do meu pai e aquilo aqueceu meu coração - Senhor Park sempre me envia dançarinas que precisa de um lugar tranquilo para praticar...

-Mesmo? - estou surpreso com a informação - então vocês são próximos? - especulo

-Na verdade não, ele era mais próximo dos meus pais - sua voz sai baixa no fim da frase - porém acho que ele continua mandando pessoas e alunos por consideração a eles. Vocês são próximos?

-Entendo- é bem o jeito dele - eu o conheço desde que eu nasci...

- A propósito, me chamo Yellow - fala e se curva brevemente.

- Como a cor? - nunca conheci alguém com nome de cor - Desculpa a curiosidade

-Não... - ela sorri indicando que aquela pergunta era recorrente - Como a música, é uma música bem famosa na verdade é tem um significado especial

Eu não estava muito acostumado com interações como aquela, além dos meus membros, os funcionários da empresa, a minha família e alguns poucos amigos de infância, contudo não foi tão desconfortável, ela era gentil e atenciosa, me guio até uma minúscula sala onde funcionava uma espécie de escritório, a decoração era mínima assim como a mobília, apenas uma mesa duas poltrona a frente e uma cadeira atrás da mesa, na lateral um móvel simples branco com portas rosas, na sua mesa um notebook um bloco de notas, um caderno e três canetas, na parede um imenso quadro do clássico O Quebra Nozes. Falamos sobre os horários livres, assinamos um contrato simples, expliquei sobre as câmeras que iriam ser instaladas, o que a deixou um pouco reticente mas por fim concordou. Voltamos para a sala de prática e tomei mais um tempo observando, não sabia onde colocar as mãos então as mantive unidas na frente do corpo segurando a máscara e o boné, eu simplesmente amava o cheiro do piso de madeira, a energia que havia naquele tipo de ambiente, lembro de que muitas vezes praticava tanto que adormecia na nossa antiga sala de prática na empresa.

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