Capítulo 4

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Você é minha penicilina
Me salvando
Meu anjo
Meu mundo
Eu sou seu gato de chita
Vim para te encontrar
Me ame agora
Me toque agora
Serendipity, 2018

Nocauteado, fui nocauteado por uma delicada bailarina, como uma criatura tão pequena pode ter uma joelhada tão forte?
Eu estava entediado em casa, pensei que seria uma boa ideia aproveitar a noite para praticar um pouco, limpar a mente...
Entramos em uma contagem regressiva silenciosa para a tão temida pausa, esse assunto já nos rodeava a bons anos e cada um dos membros tem uma opinião sobre o assunto. Então entramos num consenso de trabalhar em projetos pessoais, o que é bem assustador, tendo tudo isso girando na minha mente resolvi dirigir até o Studio, como tinha acesso entraria e sairia sem chamar atenção, quando entrei acabei derrubando um cesto com alguns guarda-chuvas, torcendo para não ser descoberto, porém, acho que não tive sucesso, sinto uma movimentação atrás de mim, consigo chegar no interruptor e acender a luz, quando giro para me identificar sou atacado com um guarda-chuva, tento em vão falar já que saiu um baixo "calma, sou eu", consigo segurar o objeto antes que acerte minha cabeça, a garota se desequilibra, então a seguro junto ao meu corpo, olhando assim bem de perto seu rosto que, nesse momento está em apavorado, não tive tempo de falar, simplesmente fui atingido logo abaixo da cintura por uma joelhada, muito, muito forte. Caio no chão, protegendo a parte atingida, ela empurra meu capuz com a ponta do guarda - chuva e então começa a pedir desculpas, porém sua voz está bem revoltada por eu estar ali aquela hora, tive que concordar foi uma péssima ideia.

Depois que uma Yellow bastante envergonhada e arrependida se acalmou e me ajudou a subir a escada, consegui voltar a pensar com clareza e a observar as coisas ao meu redor, a casa era simples, dava pra ver que passou por algumas reformas, era visualmente agradável o estilo minimalista, estava sentado em um sofá confortável que tinha uma imensa TV na frente, abaixo da TV um aparador com algumas fotos e livros, um pequeno globo de neve com um menino loiro e uma raposa sentados lado a lado,achei fofo, era possível ver a casa inteira de onde estava, mas minha atenção ficou na garota, ela estava concentrada em alguma coisa atrás do balcão, depois entendi se tratar de uma bolsa de gelo que ela trás é me oferece para colocar no "machucado", que ainda doía mas toda aquela situação era embaraçosa e constrangedora, recebi a bolsa de gelo mas não coloquei

-Não vai precisar - tento devolver a bolsa- já estou melhor, consigo ir pra casa...

-NÃOO!! - ela parece assustada, inquieta- Não, acho melhor se recuperar mais um pouquinho

Ela torce os dedos na camisa do pijama, finalmente a vejo sem o preto habitual, ela usa uma camisa branca com mangas rosas com um imenso unicórnio estampado, a calça também é rosa e tem pequenos unicórnios espalhados, é bem fofo, nunca pensei nela usando esse tipo de roupa, seu cabelo está solto, caindo pelos ombros em cascatas,ela está nervosa, parece que algo lhe incomoda

-Você está bem? - pergunto com cautela - porque ainda estava acordada, já passa da meia noite

-Insônia? - responde com uma pergunta - Não conseguia dormir então... - fala e baixa a cabeça

-Então... - a insentivo

-Então resolvi ver um filme... - ela massacra a barra da camisa então solta de uma vez - de terror,acabei de ver um filme de terror e estou com medo

-Qual? - a minha curiosidade ainda vai me matar - foi tão ruim assim? - ela faz que sim com a cabeça, como uma criança confessando uma travessura

- Pânico, - então olha pra mim - eu estava bem até ouvir você invadindo o Studio. - ela faz um bico fofo e cruza os braços

- Me desculpe - começo, levando e fico de frente pra ela - realmente foi uma péssima ideia, estou envergonhado da minha atitude e espero sinceramente que me desculpe - me curvo um pouco mais que o habitual. Seus olhos estão arregalados me olhando, todos esses anos na América podem tê-la feito esquecer um pouco dos costumes, como por exemplo os honoríficos, já que ela fala informalmente comigo, não a corrijo, de certa forma gosta dessa intimidade.

-Não é pra tanto - remenda, acenando com a mão pra eu sentar novamente - não é como se estivesse invadindo de verdade, acho que o filme me deixo paranoica - me dá um sorriso amarelo

-Tive uma ideia - um pouco ousada, mas uma ideia - e se assistirmos algo, mais leve, depois eu vou embora e você vai dormir?

-Na sei... - ela troca o peso de uma perna para outra - você faria isso?

- O que? Ver um filme? - tento uma calma que não sinto, não estou habituado a essas situações - Posso recomendar um? É realmente adorável...

Ela acena que sim, me entrega o controle e senta no outro extremo do sofá, estou nervoso, isso parece um date? Não, claro que não, então porque estou nervoso? Busco no catálogo e dou play, coloco as legendas em hangul, ela sobe os pés para o sofá e abraça uma almofada, pego uma almofada e a imito.

- É uma animação - explico- ela é ótima e tem uma mensagem muito bonita...

-Eu conheço - fala com os olhos cheios de lágrimas - é muito, muito...

-Quer trocar? - pergunto sem saber o que fazer- podemos ver outro se quiser... - Ela acena em negativa e o filme começa.

Ficamos em um silêncio confortável, totalmente concentrados no filme, as músicas, a fotografia, tudo me encanta e emociona então na minha parte favorita ouço um ruído baixinho, olho pra ela, tenho vontade de rir, sério que ela dormiu? E ela ronca? Não é um ronco como o do nosso líder tá mais para um ruído fofo, mais não deixa de ser um ronco. Ela está com a cabeça encostada em duas almofadas e as pernas junto ao corpo, pego nos seus pés para esticar as pernas ela se mexe e muda de posição sozinha, penso em lhe levar pra cama, mas novamente lembro que é a primeira vez ali, desligo a TV, tiro a mecha de cabelo do seu rosto, ela dorme tão tranquila, tão linda, seu rosto é tão delicado e aquela pintinha acima do lábio... Balanço a cabeça pra afastar aqueles pensamentos, saio sem fazer barulho, dirijo até em casa e vou direto pra cama e capoto.

No dia seguinte acordo cedo, tomo um tempo com minha mãe, a ajudo com as atividades de casa, comemos juntos, jogo um pouco online, e no meio da tarde vou para o Studio, chego um pouco mais cedo, as cortinas já estão fechadas, entro, mas as luzes estão acesas e ali na minha frente não tenho palavras para descrever a cena que se desenrola, mas se fosse escolher uma seria divina

A música River parece estar no modo repeat, ela usa uma calça muito justa e uma t-shirt ambas pretas, seu cabelo está preso num coque apertado, usa saltos finos, a sandália abraça totalmente seu pé até o tornozelo.
Seu corpo começa a se mover ao toque das batidas da música, ela joga o braço e perna direitos para o lado em sincronia com a música em seguida leva um cigarro imaginário a boca, acede e solta o ar de forma exagerada ao toque da batida forte e sensual, fica de cócoras e lentamente muda o peso do corpo de uma perna para a outra com os braços caídos frente do corpo, levanta passando as mãos no corpo de forma lenta, vira e joga os braços e a cabeça para trás em um movimento rápido que é desfeito lentamente em seguida ergue o braço direito com os dedos indicador e médio apontados pra frente, move os ombros como se estivesse disparando uma arma, vai de um lado para o outro passando uma perna pela outra e os braços acima da cabeça fazendo um movimento fluindo que harmoniza com a música, sua motivação de braços é rápido que mal posso acompanhar, então abaixa, levanta e avança, se move no ritmo da música, e troca o peso do corpo de uma perna para a outra a levantar na altura do joelho, então seu joelho falha e ela se equilibra, saindo do transe em que estava e percebendo minha presença, ela está sem fôlego e suada, sorri tímida e então digo a primeira coisa que me vem a mente

-Eu gosto, pode repetir - e lhe lanço meu melhor sorriso, seu sorriso amplia e então balança a cabeça concordando.










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