"Por favor, me dê um remédio
Um remédio que vai fazer meu coração parado voltar a bater
O que eu devo fazer agora?
Por favor, me salve, me dê mais uma chance"
Jamais Vu, 2019Eu amava aniversários e amava mais ainda o fato do meu ser três dias após o da minha mãe. Mas aniversários só fazem sentido se tiver com quem comemorar, amizades era escassas na minha vida, já que a última que achava ser de verdade me roubou o namorado e minha posição na companhia. Me tornei uma pessoa solitária, a não ser pela vizinha que praticamente me obrigou a chamá-la de "halmeoni" e todos os dias passava no Studio e o senhor Park que as vezes tomava café comigo quando eu ia na sua querida Magnate. As outras pessoas do bairro me toleravam, mas depois de um tempo passei a não me importar. Esse ano me supreedi com a quantidade de flores e presentes que recebi no meu aniversário e sim eu ainda gosto, ele me trás memórias agridoces de quando comemoravamos com bolo e tomava sopa de algas mesmo achando horrível. Minha mãe amava a data e passei a gostar por ela, o número 13 virou meu número da sorte. Quando minha inscrição no concurso foi aceita tive certeza de que ela estava cuidando de mim, naquele mesmo dia o senhor Park falou que havia recomendado meu espaço pra alguém, fiquei muito agradecida e dois dias depois realmente alguém me procurou, nosso primeiro contato foi embaraçoso, contudo conseguimos nos entender e ele reservou alguns dias da semana, praticamente todos os horários que estavam vazios.
A sensação que tinha era de que já o conhecia de algum lugar, seu rosto era familiar, quando ele falou seu nome então tive certeza, eu o conhecia, só não estava ligado todos os pontos. Enquanto ele lia o contrato aproveitei para olhá-lo, seu rosto era delicado tinha algumas pintinhas espalhadas pelo rosto, tinha o cabelo volumoso e com algumas mechas, usava argolas brilhantes, sua boca era cheia e rosada, tinha um dos dentes da frente levemente torto, o que juntando com todo o resto se tornava fofo. Magro, usava roupa largas, uma camisa manga longa preta e um jeans jargo escuro, estava deslocado, suas mãos inquietas lhe denunciava, por fim as uniu frente ao corpo, sua voz era calma e doce e seu sotaque mostrava que era nativo de Busan. A pequena exposição de figurinos lhe chamou a atenção e então o segundo maior questionamento sobre mim, porque parei de dançar, o primeiro era sempre porque eu tinha nome de uma cor, essa história eu amava contar, já que era a música favorita da minha mãe. Quando percebeu a gafe se desculpou e depois dos últimos ajustes saiu passando por minha halmeoni postiça, essa então parecia que tinha visto uma super celebridade, o que não deixava de ser verdade
- O que o filho do senhor Park veio fazer aqui? - perguntou num misto de curiosidade e euforia - Você o conhece de onde?
-Quem? Filho de quem? - estou confusa
-Esse jovem que acabou de sair, você sabe quem ele é, não sabe? - balanço a cabeça negando - Minha pequena, em que mundo você vive? - pergunta condescendente
Sei que pode parecer loucura eu não reconhecer alguém tão famoso, ainda mais vivendo na mesma cidade, no mesmo bairro e tendo contato direto com sua família. Confesso que me senti um pouco idiota, mas acho que estive tão mergulhada na minha autocomiseração que não reparei o mundo e as pessoas ao meu redor, colocando em perspectiva vejo que sempre me isolei em pequenas bolhas, antes vivia pelo balé e pela companhia, Bob sempre falava o quanto eu era frigida e robótica, por várias vezes me perguntou se eu realmente sentia alguma coisa. Eu sentia, apenas não demonstrava, o mundo não é emocional. Hoje sobrevivo, talvez por estar muito concentrada na minha própria desgraça não reparei o mundo ao redor, então lembrei que já tinha visto o dançarino que acabara de sair e sem dúvida alguma as fotos e vídeos não lhe faziam jus, de perto ele era muito mais bonito.
Minha halmeoni, fez sopa de algas pra mim e também comprou um bolo, pensei em descer ao Studio e lhe oferecer um pedaço, porém desisti já que não tínhamos qualquer intimidade, trocamos algumas palavras apenas. Existia duas entradas de acesso a casa no andar de cima, a primeira por fora do lado da garagem e a segunda por dentro do Studio, passei a usar a entrada de fora já que o Studio estava ocupado, aquele dia foi seu primeiro dia, resolvi deixar água e um bilhete, nos dias seguintes repeti a mesma coisa, no segundo dia tinha um post-it colado sobre o meu
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Yellow Dreams
FanficQuando um acidente muda o rumo de todos os seus planos e Yellow se vê sozinha no mundo,com dívidas para pagar e um Studio de balé infantil para tocar ela conhece um admirável dançarino que também faz parte de um super boygroup coreano. Entre eles na...