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Jimin abria seus olhinhos enquanto o sol irritava seu rosto. Talvez, só talvez, ele tenha esquecido de fechar a janela na noite passada. Suas madeixas rosas voavam com o vento que vinha do lado de fora, mas ele só ousou abrir os olhos quando ouviu um miado fraquinho, vindo do chão. 

O coreano então abre os olhos rapidamente e ignora a dor que sentiu ao ter que se acostumar com a luz, procurando de onde vinha o miado. Ele procurou por cada canto do cômodo e só então decidiu olhar embaixo da cama. 

Lá estava ele. 

Lá estava Benjamin, seu melhor amigo, o encarando com seus olhos azuis que estavam preenchidos pela pupila, o que indicava que ele estava se divertindo ao ver seu dono procurando por ele. 

Jimin ficou totalmente sem reação, não sabia se chorava de felicidade, gritava, pulava ou dava a risada mais sincera da sua vida. Mas o que ele realmente fez foi pegar Ben com muito cuidado e aninhá-lo em seu colo. Era um domingo e faziam alguns dias que o gato siamês estava desacordado. 

Ver seus olhos abertos deu esperanças a Jimin. 

O menino beijou seu gatinho, abraçou, fez tanto carinho até ele miar novamente mostrando que não aguentava mais tanto toque. Gatos...

Falando em gatos, Jimin não via Jungkook desde o acidente. Eles se falavam todos os dias, o moreno ouvia atentamente cada sentimento que saía pela boca e pelos olhos do amigo. 

Amigo esse que Jungkook não aguentava mais fingir que não estava, completamente, inteiramente pronto para o próximo passo. Mas, qual é o próximo passo? Ele se pergunta. Jimin está passando por um momento tão delicado, Jeon tem medo de agravar sua situação se o incomodar ou falar algo errado. Logo, apenas permanece calado nas chamadas, sorrindo cada vez que o de cabelos rosa abria a boca.

Ao mesmo tempo que o aliviava falar com Park todas as noites antes de dormir, seu coração apertava mais do que nunca quando via seus olhinhos cheios de lágrimas pelo medo de Benjamin não acordar. 

Mas aqui está ele, acordado e pedindo comida para seu dono. Jimin imaginou que ele estava faminto então o pegou no colo e foi correndo para a cozinha, onde ficava seu pote de ração. Ele estava tão aéreo que nem percebeu uma segunda voz vindo do andar de baixo. Já com seu aparelho auditivo no lugar, ele pôde perceber quem era o dono da voz.


- Jungkook? - ele para quando vê o jovem sentado na mesa tomando café com a senhora Park. Antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, Ben miou, indicando que estava acordado. Tanto a mãe de Jimin quanto o Jeon mais novo deram um gritinho de felicidade, alivio. - Ele acordou, mãe! - a mulher sorri verdadeiramente e corre para encher seu potinho de comida. 

Jungkook se levanta da cadeira e abraça Jimin e seu gatinho. Os olhos da senhora Park encheram de lágrimas quando notou. 


- Querido, deixe-me colocá-lo no chão para comer um pouco, deve estar faminto. - Os meninos saem do abraço e o coreano de cabelo rosa entrega Ben para a mais velha. 

- Senta aqui com a gente, Jimin... - Jeon puxa sua mãe e o faz se sentar na cadeira ao lado da sua. - Nós estávamos falando sobre a compra da lanchonete. 

- Ah, sim. Eu sinceramente nem me lembrava mais que alguém tinha comprado a lanchonete no nosso nome. Não entendo por quê alguém faria isso. - Jimin apenas pega uma xícara de  café sem perceber os olhares em si. Quando ele olhou para a cara nada inocente de Jeon, cuspiu todo seu café na mesa. 

- Jimin! Modos garoto. - Jeon apenas dava risada, aquela risada gostosa que o Park mais novo tanto amava. 

- Foi você, não foi? - Jimin encarava Jeon, seus olhos estavam cheio d'água. 

- Foi sim, lindo. Me desculpe não ter lhe contado antes, eu... - antes que ele pudesse terminar sua frase, Jimin começou a falar primeiro. 

- Por que... Por que você fez isso? N-não precisava, sabe? É muito dinheiro e eu não vou ter como pagar...

- Jimin. _ Jeon o chamou mas não foi ouvido.

- Sério Jungkook, aquele terreno é grande, deve ter sido um absurdo! 

- Jimin, lindo...

- Eu vou ter que te pagar com beijos porquê dinheiro eu nunca vou ter! - Jimin se cala assim que percebe o que falou e que sua mãe estava ali, assistindo tudo. Jungkook sorri de canto. 

- Jimin, eu ia dizer que não precisava pagar, mas se for com beijos talvez eu cobre... - Jeon foi chegando cada vez mais perto de Park, esse que arregalava os olhos a medida que suas respirações se encontravam. 

- Vão para o quarto vocês dois. - disse a senhora Park, fazendo seu filho cair na realidade e Jeon apenas cair na risada mesmo. - Mas, falando sério. Jimin está certo, querido. Nunca teremos como pagar. 

- Vocês sabem quantos imóveis meus pais têm na cidade, imóveis que eles nem sabem os nomes dos donos e nem lembram da data em que compraram? - ambos os Park o encaram atentamente, abrindo suas bocas em choque quando Jeon termina a frase. - 23. Além do mais... - ele finge estar pensando. - Por seu filho, senhora Park, eu compraria a lua. 


Jimin quase engasgou com a própria saliva quando ouviu a fala do mais novo. 


- Definitivamente vocês precisam de um quarto. 

- Mãe! - Jimin volta seu olhar para Jeon. Ele ainda sorria de canto e o mais velho sentiu suas bochechas ficarem da cor do seu cabelo. - Eu nunca vou ser capaz de te agradecer por tudo que tem feito por nós, Jungkook. Nunca.

- Dispenso seus agradecimentos, lindo. Quero apenas que me prometa uma coisa. - o outro pergunta o que era, se surpreendendo com Jeon pela vigésima vez só hoje. - Promete que vai comer direito, que vai encher o buchinho de comida com o dinheiro absurdo do aluguel que vocês pagavam; me promete que vai cuidar mais de si. Você é só mais uma pessoa para o mundo mas, pra mim... 

- Ele é seu mundo. - ambos olham para a senhora Park. - Seu pai costumava falar isso para mim, filho. "Você pode ser uma pessoa para o mundo. Mas, para uma pessoa, você pode ser o mundo.". 


Os meninos se encaram como se aquilo fosse a única coisa que precisavam fazer naquele momento. Não só os olhos de Jimin estavam cheios d'água novamente, mas o de sua progenitora também. Como aquilo era possível? Deveria, Jimin, de fato acreditar em alma gêmea? 

Ninguém falou nada. Os meninos apenas ouviram os passos da mais velha se esvaindo da cozinha enquanto eles ficavam lá que nem dois idiotas se encarando. Talvez fossem mesmo dois idiotas. Um pelo outro. 

Jeon toma a iniciativa e chega com seu rosto mais perto de Jimin, até que suas respirações se tornassem uma só. O mais novo toca com seus dedos longos as bochechas magras e morenas do Park, esse que tinha os olhos fechados. Jungkook faz um carinho singelo no rosa desbotado do mais velho e então o beija. 

Um beijo apaixonado, necessitado. Um beijo com saudade que falava mais que mil palavras. Um beijo com tantos sentimentos que faziam o coração dos jovens explodir de tanta magnitude.

Jeon pede permissão para entrar com sua língua na boca do outro, esse que cede no primeiro segundo. Suas línguas dançam a música mais bonita que poderia ser escrita. 

A música do amor. 

O moreno finalmente admitira que, nesse jogo de paixão, ele perdera. Estava completamente rendido pela imensidão que é Park Jimin. 

Jeon Jungkook, antes um residente de medicina sem perspectiva de futuro, agora é Jeon Jungkook, o estudante de música que amava a vida e, principalmente, amava Park Jimin.

É, isso mesmo. Jeon Jungkook amava Park Jimin. 

O Som da Sua Voz • PJM+JJK•Onde histórias criam vida. Descubra agora