Sem querer

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EI SUAS MOIÇOLAS, SE VOCÊS QUEREM CHAMAR A ATENÇÃO DAS GAROTAS — Stan gritava, apontando para o outro lado do campo, onde as garotas estavam jogando vôlei. — VOCÊS ESTÃO NO LADO ERRADO DO CAMPO! PEGUEM A PORRA DA BOLA E TOQUEM ELA, ISSO AQUI NÃO É UM JOGO INDIVIDUAL, VOCÊS TEM QUE TOCAR A BOLA, ENTENDAM ISSO DE UMA VEZ POR TODAS!

Os vacas de South Park ouviam os gritos e apenas concordavam com gestos com a cabeça. Qual é! Stan é o melhor jogador do time e estava ali para conscientizá-los.

— VAMOS VOLTAR AO JOGO! — ele mandou e voltou ao campo, liderando seus pobres amigos sonhadores que só queriam pegar uma garota tão bonita quanto Wendy Testaburger, a presidente do conselho de classe e namorada do Quarterback.

Para Stan, o jogo de futebol era o único momento da semana onde ele extravasava as emoções, corria, batia, caia, chutava, gritava e terminava o jogo leve como uma pena. Era como uma terapia para o seu coraçãozinho agitado.

Mas diferentemente dele, seu melhor amigo Kyle Broflovski não encarava o jogo da mesma forma. O ruivo preferia o basquete, onde poderia pular alto, gritar, cair, sem se preocupar em ligar pras provocações dos outros meninos pois ele era o melhor do time quando se tratava desse esporte. Não lhe agradava a violência gratuita do futebol, mas ele se esforçava.

O jogo recomeçou com passes calculados e dribles bem articulados, Kyle se movimentava na zaga do campo, tentando interpelar Tolkien, o atacante do time B, e tomar a bola. O ruivo estava concentrado demais para notar que, na verdade, Tolkien entregou a bola à outro jogador se afastando.

— CUIDADO!

— KYLE!

— SAI DAÍ, AGORA!

O garoto não entendeu o que estava acontecendo, mas em uma fração de segundos tudo teria feito sentido, não fosse a bola de futebol americano voando em direção à cabeça do ruivo desapercebido.

Um baque.

Tudo começou a girar e Kyle não podia entender o que estava acontecendo. Não conseguia distinguir vozes nem rostos. Ele estava ficando sufocado com a falta da visão e da audição. Era como se ele estivesse em uma porra de uma realidade paralela, e isso não era nada legal. Kyle tentava se localizar mas isso parecia ser impossível, seus pés não sentiam o chão e ele tateava em busca de qualquer superfície que lhe conferisse um apoio. Não sabia se estava correndo, andando ou rastejando. A única certeza de que o ruivo tinha, era de que estava morrendo.

— MAS QUE PORRA!

— AI MEU DEUS!

— O QUE VOCÊ FEZ BUNDÃO?

— PUTA QUE O PARIU!

Todos garotos largaram suas posições e correram até o corpo estirado no gramado.

— Que merda você fez, Cartman? — Stan estava aflito, olhando pro gordo que arremessou a bola. — Você tá MUITO ferrado.

— É, o Kyle vai ter prazer em te caçar no inferno pra arrancar sua cabeça — Butters falou.

Cartman apenas cruzou os braços, observando a movimentação dos enfermeiros que acabavam de chegar.

****

Já no hospital, os oito adolescentes se aglomeravam na pequena sala de espera. Era óbvio que não se fazia necessário aquele tanto de gente ali, mas era mais óbvio ainda que nenhum deles sairiam de lá enquanto não vissem e falassem com o pobre Kyle, que jazia sedado no quarto ao lado.

— Qual a porra do seu problema, seu imbecil? — Craig reclamou; era pelo menos a terceira vez que Clyde tentava meter um dedo molhado na orelha do moreno. Tolkien suspirou alto e balançou a cabeça em negação.

Em pé de guerra | Kyman!Onde histórias criam vida. Descubra agora