A Maçã

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Capítulo um
A Maçã

Abri meus olhos, eles se acostumam com a luz fraca do ambiente, me levanto com um enorme esforço e dor nas costas, apoiando nos pulsos e conseguindo ouvir minha respiração calma pelo silêncio do local. Olho envolta, senta na cama, uma maçã no criado-mudo, ao lado do abajur.

Me estico até o fruto, está molhado como se alguém lavasse mas não se desse o trabalho de secar. “Bem, ela está limpa” penso eu, mordendo o fruto, meu estômago pede quando toca minha língua o gosto doce e azedo da maçã. A porta se abre, não me importo com o ranger, fico sentada mastigando e olhando o quarto.

Paredes brancas, um guarda roupa, uma cama de casal (qual estou sentada) e o criado-mudo com um abajur.

Jogo o resto do fruto no chão, um ar frio passa por mim e percebo que estou nua, me levanto assustada, consigo ouvir alguma coisa atrás da porta. “Preciso de roupas” vou até o guarda roupa, abro e vejo um vestido, um único vestido de seda preto. Lindo.

Visto o vestido, fecho o guarda roupas e vou em direção a porta, a empurro e me deparo com um corredor que leva a uma escada, ando calma, observando os quadros nas paredes. Maçãs, desde semente à árvores, de árvores à frutas, de lindos frutos vermelhos ao chorume da fruta podre. Chego nas escadas, desço degrau por degrau, o silêncio começa a me deixar ansiosa, sem barulho algum. Mais um ranger de portas.

Lá no chão outra maçã, me aproximo, me abaixo e uma carta, nela diz: “amo maçãs, venha jantar”.

Pego a maçã e sigo andando até a porta aberta, uma mesa de 12 cadeiras, me sento na primeira, tem um bilhete escrito: “coma o quanto quiser”. Encho o prato, como, a fome passa, encho o copo com suco, bebo um pouco e fico olhando a letra na folha. A porta faz barulho, quando eu olho minha visão já está borrada, turva, a figura preta não pode ser reconhecida e logo eu durmo.

Me & The DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora