Dor Alheia

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Capítulo onze
Dor Alheia

Ela me olha, tensa, pressionando os lábios. Um olhar desconfortável.

— O que aconteceu com o seu braço?

— Eu cortei – sorrio –, é bem divertido.

Ela encara o braço cujo pano sujo cobre os cortes.

— Ele também tem cicatrizes de cortes...– ouço ela sussurrando para si mesma.

— Oi?

Ela me olha assustada assim que percebe o que falou, olha para a porta ao seu lado, abrindo e se trancando no cômodo rapidamente. Meu sangue ferve, eu sei que ela está se referindo a Ellan. Chuto a porta com força e ouço o seu grito assustado, solto uma risada mas logo o riso se desmancha.

O rosto de Ellan iluminado no corredor me encara sério. Ele me olha como se eu fosse o ser mais desprezível que já tivesse visto em toda a sua existência.

— Querida...

— Amanda! – grito, olhando para ele, sinto meu rosto queimar e lágrimas aparecerem, mas não posso deixar elas saírem assim.

— Amanda....– meu nome soa como doce ao sair dos seus lábios, e isso me deixa levemente feliz – Não precisa tratar ela desse jeito, sabia? Ela não te fez nada!

— Vai defender ela? Veio aqui pra isso? Estava atrás dela? Sério isso?

Uma série de perguntas saem de imediato, sem que eu perceba e enquanto ele me encara com mais desgosto ainda, parece totalmente entediado comigo.

— Na verdade.... você quer tomar sorvete comigo?

Um convite, um sorriso bobo surge em meus lábios.

— Eu quero.

Ellan está inexpressivo, mas começa a andar. Eu o sigo, passamos por corredores que ainda são estranhos para mim.

— Então...– decido falar para o clima não ser chato e o silêncio insuportável – Todos na sua festa, você conhece todo mundo?

— Não – ele admite –, não faço a menor ideia de quem sejam, nem quero.

— não conhecia ninguém?

— Umas três pessoas.

O encaro, não existe tom de ironia ou sarcasmo na sua voz, prefiro tomar como verdade antes que eu comece a perguntar se ele está brincando sem parar.

— E quantos gostam de você?

— Acho que nem você.

Ele sorri, abre uma porta que dá para uma sacada. Existe uma mesa com duas cadeiras ali, sorvetes em taças lindas sobre a mesa e uma vasta floresta escura e sombria, tudo que percebo é o quão alto estamos.

— Então, Amanda, você se interessou pela biblioteca mas já a deixou de lado.

Ellan fecha a porta, se senta em uma cadeira e começa a tomar seu sorvete.

Me & The DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora