Capítulo seis
CabelosUm cheiro horrivel impregna em minhas narinas. Acordo, o cheiro de chorume está no quarto, me levanto meio cambaleante, em direção ao guarda roupa, abro as portas e vejo um vestido verde bufante.
Pego o vestido e saio do quarto, respiro o ar que pelo incrível que pareça está melhor do que o do quarto. Ando procurando algum criado, me deparo com uma mulher melancólica varrendo o corredor.
— Com licença, onde fica o banheiro disso?
Ela me olhou e sorriu, apontando para o fim do corredor, ela sussurrou algo que não deu para entender direito e depois me mostrou uma placa, “Sacada” dizia a placa ao lado da porta.
— Obrigada – agradeci.
Saí andando até o fim do corredor, cheguei numa porta, a placa ao lado dizia “banheiro”. Entrei, fechando a porta e colocando o vestido verde no chão, me despi e olhei ao redor, um chuveiro, uma banheira, sem espelhos e uma privada. Entro no chuveiro, pego a bucha e o sabão, me esfregando o máximo minha pele, até que minha pele negra fique vermelha.
Desligo o chuveiro, procuro algo que eu possa m secar, esqueci desse fato de que coisas molhadas secam. Procuro pelo banheiro até achar uma espécie de armário, abro e vejo toalhas pretas, pego uma e outras caem junto, guardo as outras de volta no armário e me seco.
Visto o vestido, um decote enorme axalta meus seios, me sentindo totalmente desconfortável, pegando uma blusa de manga longa que estava jogada por ali, cheirei mas parecia nunca ter sido usada – entendo que cheirar algo que não é seu é nojento, mas existem situações que exigem coragem – visto a camisa de manga longa por de baixo do vestido, ficando algo mais aceitável e até criativo.
Saio do banheiro, vendo a fumaça sair junto, arrumo alguns fios fora do lugar e os arrumo.
Ando até a sala de jantar, me sento para comer, desta vez uma sopa de tomates, está com uma “cara” boa, não demoro para comer e me levantar. Saindo da sala de jantar e indo para a biblioteca, sinto uma sensação estranhas nos meus pés enquanto ando pelo chão do corredor. Arrisco olhar para baixo e vejo o chão coberto de cabelo, meu estômago embrulha e eu saio apressada para a biblioteca.
O cabelo do chão acaba, chego na biblioteca e abro a porta, entro e a fecho novamente. Assim como no dia anterior, Ellan comentou sobre os livros da mesa e lá estavam eles, me sentei para ler por um tempo.
Terminei de ler alguns livros, histórias sobre guerras e outras coisas que me deixavam zonza, a maioria fictício. Me levanto para guardar os livros, o mundo me parece vazio quando não se tem com quem conversar. Passo por algumas estantes que ainda estão vazias, algo me intriga pois estão cheias de cabelo. Meu semblante fecha, jogo o cabelo com a mão no chão, guardo os livros ali mesmo e vou a procura dos mapas.
A biblioteca pode ter livros bons e mapas mas ainda está desorganizado, começo a pensar sobre tentar organiza-la em algum momento.
Cabelos aparecem nas estantes no caminho, tiro eles das estantes furiosa, não aguento mais ver cabelos. Finalmente chego perto dos mapas, começo a selecionar os que eu preciso e o som de um choro chega aos meus ouvidos, me aproximo do som vendo que alguém está sentado no chão da biblioteca enquanto chora.
— você está bem? – minha voz oscila pelo fato de eu ter ficado um bom tempo sem dizer nada.
Me movo até conseguir enxergar a pessoa que está sentada no chão. Os mapas caem no chão quando vejo uma moça de cabelos pretos longos, ela pega os cabelos e os põe na boca, ela me olha e sorri, tossindo o cabelo para fora, da pra ver que alguns fios estão entre os dentes.
— Você também gosta?
Minha testa franze vendo a aberração comer o próprio cabelo, ela ainda está parada com um sorriso bizarro em sua face enquanto engasga no cabelo, ela se levanta vindo em minha direção, meu corpo paralisa, não consigo me mexer, a aberração fica perto do meu rosto, ela brinca com o cabelo, o sorriso some e ela põe o cabelo em volta do meu pescoço, ela começa a apertar, meus movimentos voltam, tento me soltar do cabelo em volta do meu pescoço, ela aperta o cabelo com força começando a me sufocar, entro em desespero enquanto ela solta uma risada estérica, começo a ficar tonta até ouvir a porta abrir.
— ESCARLAT! SOLTE-A!! PARA COM ISSO!
A voz de Ellan soa pela biblioteca coma um estrondo, a porta bate e minha cabeça lateja, a aberração aperta ainda mais o cabelo em volta do meu pescoço.
Ele me alcança, ela ainda aperta o cabelo com mais força, começo a arfar. Minha visão escurece e eu escuto um tapa, a aberração grita e o cabelo solta meu pescoço, mas Ellan acaba indo atrás dela enquanto meus olhos fecham, minha mente se esvazia lentamente.
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Me & The Devil
FantasíaEla acorda sem a consciência, em um castelo na floresta. Ele é sua única comunicação.