Chapter 05

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Apesar de muitos não acreditarem, os cabelos de Stephen eram naturais, simplesmente se tornaram assim com o passar dos anos, o que lhe deu a aparência estranha. Era uma anomalia, todos o viam assim, nem mesmo sua família sabia explicar, até mesmo Nona, sua irmã mais nova, se rendeu ao bonde dos que o zoavam, mas ele não se importava quando ela o fazia, contanto que Nona estivesse feliz.

Quando trabalhava como Neurocirurgião, aquilo lhe dava um ar vitoriano, era bom no que fazia e sua aparência o tornava mais elegante, então nunca se importou muito com aquilo. Ele sempre morou em Nova York, mas quando sua irmã apareceu com um bebê em casa, decidiu que viria a visitar, achou tudo muito estranho, ela havia largado o emprego e sumido, vindo morar nesse lugar que ele sequer conhecia de nome. 

Ela sempre quis adotar, estranhou que fosse fazer aquilo sozinha e tão repentinamente, mas o que poderia fazer? Ela estava tão feliz em cuidar da criança, dissera que seu pai havia morrido no parto e pedira para ela cuidar, pois não tinha mais ninguém, ele não pôde fazer nada a não ser ajudar. Estranhamente foi muito fácil adotar Peter, tudo parecia tão certo, nem mesmo se importaram dela ser mãe solteira. 

Depois daquilo, veio o acidente, Stephen estava dirigindo e acabou descendo a ribanceira, tentando desviar de outro carro; suas mãos foram completamente esmagadas, não poderia mais atuar como neurocirurgião. Não poder trabalhar não foi nada, se comparado a não poder fazer a cirurgia de sua irmã, se estivesse com a mão boa, ele teria feito aquilo direito... teria a salvado.

Antes do acidente, ele tinha Christine, sua namorada. Um filho estragaria sua carreira, ela não poderia arcar com o peso daquilo, não poderia se mudar de Nova York, sua vida era lá. Não a julgava, talvez ele fizesse o mesmo se fosse o contrário, era mais comodismo do que amor. Ele era arrogante demais para amar alguém na época.

Naquele momento, essa casa e Peter eram as únicas coisas que restavam de Nona, sua vida agora girava em torno disso, fazia anos que não saia com ninguém, Peter necessitava de si e passou a amar o pequeno mais que tudo. Todo o seu tempo sendo preenchido em fazer Peter feliz e preencher papéis de pedidos aos fornecedores. Quando se divertia, fazia isso com Peter, vê-lo sorrir lhe acalentava o coração.

Não tinha tempo para uma parceira, não podia levar qualquer pessoa para dentro de casa e Peter, apesar de gentil, sempre reparava no cheiro das pessoas, era uma coisa natural pra ele. Às vezes mulheres bonitas apareciam e Peter chamava Stephen no canto e falava que não gostava do cheiro delas. A primeira vez que ele falou que não gostava do cheiro de alguém, foi para um homem bêbado, um senhor que passou para encher o tanque do barco de gasolina.

Stephen tinha três bombas de gasolina para carro no estacionamento e uma para barcos no ancoradouro, então era normal que clientes passassem na loja para para comprar algo, enquanto enchiam o tanque.

A segunda e última vez, foi para uma mulher particularmente bonita, depois disso Stephen o puxou de canto e disse que não podia fazer aquilo, ele parou de fazer. Contava só para Stephen quando o cliente saia.

Stephen se assustou ao chegar no mercado e encontrar Peter fazendo aquilo com um cliente depois de tanto tempo. O cliente não pareceu se importar quando pensou que estava cheirando mal, mas corou quando recebeu o elogio de Peter, suas bochechas coradas lhe davam um ar mais delicado. Embora parecesse que algo se escondia por trás daqueles olhos.

Peter nunca se sentiu tão à vontade quanto se sentira com ele, nem mesmo com as crianças que iam à loja ou Wong, um dos ajudantes do mercado, ele era assim, apesar de energético, Peter era tímido. Wong era a única pessoa que Stephen confiava para ficar com Peter, são extremamente raras essas ocasiões, e geralmente duram só algumas horas, nunca o deixou sozinho durante a noite.

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