Epílogo

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— Quer que eu vá com você? — Perguntou James, que estava sentado no bando do motorista, ao perceber que Tony não se moveu para sair do carro. Tony o olhou com carinho e negou.

— Eu só estou pensando em como me levantar, a criança está cada vez mais pesada.

— Ajuda? — Tony negou novamente, seu sorriso travou e com um suspiro, escorregando pelo banco, em direção à porta. Ele sempre foi independente, então agradecia por James e Stephen deixarem ele ter a resposta final nesses momentos, ele odiava quando eles agiam como se Tony não pudesse fazer as menores coisas, era legal ter um pouco de independência nesses pequenos momentos.

Ele já estava no final do 7° mês e iria fazer a cesária quando chegasse ao 8°, Tony está muito bem para alguém prestes a dar a luz... e o principal, ele era Tony Stark! Com tudo que ele passou, aquilo não seria nada, Stephen e James pareciam entender aquilo muito bem, embora ainda soem preocupados. Ele escolheu bem as pessoas com quem decidiu passar o resto da vida.

— Se você demorar, eu irei atrás de você. — Avisou James e Tony assentiu, ele também não deixaria as coisas ainda mais difíceis, ele aceitava certas coisas, a possibilidade de desmaiar era uma delas — Vou avisar Strange que já chegamos.

— Eu não preciso que monitorem meus passos a cada segundo, você sabe. — Tony revirou os olhos com um sorriso sutíl no rosto — Será rápido, prometo. Nós ainda temos que ir buscar Peter no primário. — James assentiu e observou como Tony se afastava lentamente do carro.

Tony colocou as mãos enluvadas no bolso de seu sobretudo e o ajeitou rente ao corpo, se esquentando naquela tarde nublada de novembro, esteve chovendo a manhã inteira e ele esperou até que a chuva cessasse para ir até lá.

Ele podia sentir suas bochechas geladas e tinha certeza que estava com o nariz vermelho, ele sempre gostou daquela sensação.

Ele caminhou por aquele jardim de lápides e se viu pensando em tudo que o fez chegar até aquele momento.

Seu pai sempre disse que ele viveria uma boa vida e que seria feliz com a pessoa que ele escolhesse para ter do lado, um pouco contraditório quando ele sabia que só seria possível viver em paz, se o amor da sua vida morresse.

Completamente contraditório quando seu próprio pai usou o DNA do homem que ele viria a amar mais que sua própria vida sem se importar com a possibilidade de deixar a ambos crescerem juntos e lidar com a possibilidade de seu filho vir a sofrer, porque se casou com uma espécie de irmão... o pior de tudo, é que eles foram os primeiros, mas não seriam os últimos, não de acordo com os experimentos que o levaram a entrar na Shield como um agente.

Ele se lembra de quando James surgiu com muitas fichas de exames e experimentos, ele se odiou um pouco na época, mas não podia contar para Steve, Tony estava com medo de ele o achar repugnante por ter parte de seu DNA.

Isso não aconteceu, isso nunca aconteceria. Não com James ou Steve, porque nessa mesma época eles deixaram claro que não importava o que acontecesse, Tony era dele e eles nunca desistiriam dele. Tony tampouco faria, francamente, ele preferia a morte do que ficar sem eles.

Seu olhar suavizou sob a nuvem de pensamentos, ao chegar até a lápide de seu pai e sua mãe, um ao lado do outro. Ele se lembrou, não foi James. Ele agradeceu por isso, porque não queria que ele carregasse esse peso sozinho.

Um pouco mais afastado da lápide de seu pai e sua mãe, que estavam quase colados demonstrando o matrimônio, estava a de Steve. Já se passaram alguns meses, mas era a primeira vez que ele ia ali, ele caminhou até o espaço vago entre elas e com um pouco de dificuldade, se sentou.

— Sinto sua falta... — Foram as únicas palavras que ele professou em voz alta, enquanto sua mente passava a viajar por suas lembranças em um flash de calmaria e confusão. Ele aprendeu a dissimular, ele aprendeu a não agir de acordo com seus sentimentos e ele aprendeu a não sentir.

Ele sempre foi um péssimo aluno, porque ele não conseguia deixar tudo para trás, nem mesmo o bebê que estava em sua barriga o faria... não, talvez fosse justamente por causa do bebê em sua barriga que ele não conseguiria agir como se nada estivesse acontecendo.

E ainda tinha Peter, ele mal conseguia pensar no que aconteceria com seu pequeno se ele fizesse algo errado ou falhasse em protegê-lo. Foi por isso que ele se juntou à Shield, enquanto ele fizesse as coisas certas, eles estariam seguros.

Ele protegeria sua família, independente do que tivesse que passar para isso, independente do quanto tivesse que se perder para isso.

Ele sempre ouviu que era uma pessoa gentíl; ele ouviu isso de seus amigos mais próximos, de seus pais, daqueles que não queriam que ele fosse daquele jeito e principalmente: dos homens que amou e ama mais que tudo.

Ele sorriu ao ouvir passos atrás de si, talvez ele tenha demorado demais. Ainda assim, ele não se moveu, não precisava. Ele poderia reconhecer aquele cheiro em qualquer lugar e no meio de uma multidão de alfas excitados.

Ele continuou em silêncio, aproveitando seus últimos momentos em frente àquelas lápides depois de anos, ele nunca mais voltaria ali. O Alfa atrás de si esperou em silêncio e pacientemente por ele, ele poderia esperar por seu ômega pela eternidade e ainda assim, seria pouco.

Tony não conseguia mais culpar seu pai, não depois dele descobrir... ou apenas se lembrar, ele não sabe mais, mas não conseguia o culpar depois de saber que foi ele quem lhe deu a chance de conseguir fugir daquilo, não depois dele contar sobre os experimentos para James.

Eles não tiveram tempo de pensar muito sobre aquilo na época, mas eles sabiam de um coisa, James corria perigo. Por sorte ele tinha dois dos homens mais perigosos do mundo ao seu lado. Não foi fácil, mas eles conseguiram mantê-lo escondido... escondido, mas ainda perto o suficiente, porque Tony não conseguiria viver sem um de seus alfas por perto, principalmente ele sendo o pai biológico de seu filho.

Não era Steve quem estava naquele carro com ele quando ele sofreu o acidente que o levou a ter Peter antes do tempo planejado, era James. James quem estava com ele naquele hospital e que teve que deixá-lo quando o hospital estava sendo invadido pelas pessoas que queriam matá-lo.

Tony não se lembrou disso, foi James quem contou, se desculpando a cada respirar. Demorou um pouco para ele finalmente aceitar que estava tudo bem e que Tony não se importava, porque ele estava vivo.

— Acho que preciso de ajuda para levantar. — Resmungou Tony, depois de um tempo, arrancando uma risada nasalada de seu alfa, que se apressou a se abaixar e apoiá-lo.

— Você está irritado... — Comentou o alfa, Tony não deixava transparecer e ainda tentava ser gentil com as pessoas, mas seu alfa nunca deixaria nenhum sentimento seu passar despercebido e por dentro... por dentro Tony estava cansado e provavelmente seu pai se mostraria decepcionado com ele porque-

— Você estaria decepcionado se eu dissesse que não vou desistir até que eu destrua aquela agência e todos que me fizeram desfazer a marca do amor da minha vida? — O alfa lhe lançou um olhar compreensívo.

— Eu estaria orgulhoso e diria que você não fará isso sozinho, eu estarei com você como prometi a seu pai... nós destruiremos a Shield e todos os seus agentes, se você desejar. — O alfa deslizou sua mão pela do ômega e tirou sua luva, a levando até a boca e depositando um beijo casto sobre a aliança que Tony se recusa a tirar agora que tem todas as suas memórias de volta — Você tem a Hydra aos seus pés, meu amor, meu Homem de Ferro. — O alfa o beijou, um beijo sedento e como uma explosão de sentimentos que fez o ômega derreter em seus braços, quase ronronando por tê-lo tão perto.

— Vamos... — Ofegou o ômega, separando o beijo e sorrindo para um de seus alfas, enquanto olhava para aqueles olhos azuis como a imensidão do céu, que o olhavam com o mesmo apreço e devoção que ele o olhava — Vamos, Steve, meu Capitão Hydra, antes que James venha nos buscar e se irrite conosco por ter me deixado ficar tanto tempo no frio.

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