Chapter 02

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O final de semana consegue ser ainda mais movimentado que os dias normais, era manhã de domingo e o dia estava especialmente bonito, as mesas todas cheias de clientes sorrindo e conversando, conversas fúteis, conversas interessantes, alguns estavam mais calados, mas para Tony era até acolhedor.

— Parece que os Stark's estão sem idéia ultimamente. — Tony passava por uma das mesas quando seu corpo paralisou ao escutar um dos clientes. Eles o conheciam.

— Mercenários da morte! — Respondeu a mulher que estava de costas para ele. — Quem sabe assim eles param de financiar a guerra... meu filho morreu por causa das armas daqueles assassinos. — O corpo de Tony finalmente voltou a funcionar, caminhou até a mesa que o chamava e anotou seus pedidos, andou o mais rápido que pôde de volta para o balcão.

— Você está bem? — Perguntou Clint, Tony assentiu — Parece que vai ter um ataque...

— Pausa... — Disse com dificuldade.

— Vai lá... acho que a Nath dá conta.

Correu até o banheiro, mal fechou a porta e começou a ofegar, seu rosto pálido como se todo o sangue estivesse se esvaido. Ficou uns minutos tentando recuperar o fôlego, jogou um pouco de água no rosto, não podia correr o risco de voltar lá, ao menos não até aqueles clientes irem embora.

— Tudo bem aí? — Perguntou Clint do outro lado da porta.

— Tudo... — Respondeu, enquanto terminava de secar o rosto, logo abrindo a porta.

— Oi... — Disse, o olhando com atenção — Tudo bem mesmo?

— Sim... acho que foi minha pressão, já estou melhor.

— Não quer sentar um pouco?

— Estou bem... — Sorriu gentilmente. Clint deu passagem para ele, estava prestes a falar sobre o que escutou quando ouviu a voz do homem que vem transformando seus sonhos em pesadelos.

— Bom dia, gostaria de um café. — Olhou à procura do homem e o vislumbrou conversando com Natasha. — O café de vocês é famoso, ouvi dizer que tem um lindo atendente.

— Ah, sim... muitos clientes vêm só para conhecê-lo. — Respondeu Natasha, por um instante ele achou que ela não o tinha reconhecido.

Steve não chegou a conhecer nenhum deles, Clint e Natasha são mais novos que eles, nem mesmo Tony os conhecia antes de virar um fugitivo.

— Ele está aí? — Todo o corpo de Tony gelou, deu passos inconscientes para trás, torcendo para Natasha não dizer seu nome, não dizer que ele estava ali... Parou ao bater em Clint.

— Não, não, não... — Sussurrou

— O que houve? — Perguntou Clint, sem entender.

— Não...

— O Alan? Está, vou chamá-lo... — Por um momento, Tony havia se esquecido que não usava seu nome real com os clientes.

Em um movimento rápido, Clint o puxou até os fundos, finalmente entendendo do que se tratava.

— Meu marido... Meu marido, Clint... — Começou a divagar, Clint o encarou franzindo o cenho, nunca pensou que pudesse ver alguém tão assustado, queria o abraçar.

— Ele não é seu marido. — Disse com um pouco de irritação na voz. — Não o chame assim, ele não merece isso... — Tony o encarou, em silêncio — Tudo bem, você fez uma escolha ruim, ele pode estar usando seu nome para conseguir o que quer, mas ele não é seu marido há muito tempo. É injusto que você continue o chamando assim, você não merece ter o nome vinculado a um homem como aquele.

— Você ouviu o que eles falaram?

— É claro que ouvi e a culpa não é sua.

— Se eu não tivesse casado com-

— Para. Eu posso aceitar que não queira nada comigo, mas isso é demais.

— Você precisa ir lá, Clint. — Falou Natasha aparecendo no local.

— Eu?!

— Ele está bêbado, incrivelmente bêbado. Vai ser fácil pra você se passar pelo Tony, você é bom de lábia. — Clint encarou a Tony por uns instantes, antes de assentir.

— Eu vou cobrar... aquele homem parece uma muralha, se eu apanhar, você terá que ser meu enfermeiro.

— Vai logo, Clint! — Bradou Natasha. Clint saiu os deixando a sós. Tony deixou seu corpo cair ao chão, se encolheu na parede, logo tampando o rosto.

— Fiquei muito tempo no mesmo lugar... — Murmurou — Acho que fiquei muito à vontade com vocês, esqueci que ele poderia chegar aqui... ele está sozinho?

— Parece que sim... É culpa nossa, era pra gente estar de olho, Fury não aparece há dias, vou tentar falar com ele.

— E se ele não responder?

— Ei... você não está sozinho, lembra? Estamos aqui, não tem nada que não consígamos fazer... com Fury ou sem, ainda somos amigos. — Tony assentiu.

— Acha que ele chegou aqui sozinho?

— É difícil saber... mas acho que se estivesse trabalhando com alguém, ele teria vindo antes. Talvez tivesse invadido.

— Melhor não arriscar. — Nath assentiu.

— Ele se mandou... — Falou Clint aparecendo depois de alguns minutos — mas algo me diz que vai voltar, está meio transtornado, desconfiado... que tipinho você foi arranjar, hein.

— Ele não era assim quando o conheci.

— Aposto que se parecia com um príncipe no cavalo branco... — Tony assentiu, Steve era exatamente isso. — Sabe, pelo menos existe um motivo para você ser tão difícil...

— Vou ligar para a Carol e para o Fury... se ele não responder, ela vai.

— Obrigado.

— Você fica tão adorável quando age como um ser humano normal, sem todo aquele egocentrismo... — Falou Natasha, saindo antes que ele pudesse a responder.

Clint se abaixou ficando na altura de Tony, olhando em seus olhos com atenção, percorreu seu rosto com o olhar parando em sua boca.

— Acho que eu nunca tive chance, né? — Tony se encolheu — Tudo bem, pessoas complicadas nunca foram o meu tipo. — Mentiu.

Se Tony pedisse para Clint ir com ele, ele não hesitaria em aceitar, talvez tenha se apaixonado, mas Clint percebeu que não era disso que ele precisava, não era de Clint, Tony procurava algo mais... algo longe daquilo.

Por algum motivo, Tony achou que seus olhos não diziam aquilo... conhece Clint há uns 3 meses, passou a maior parte do tempo viajando sozinho, mas Fury quis tentar algo novo, por isso colocou Natasha e Clint de guarda.

Tony o puxou para perto, logo colando seus lábios, um beijo calmo, carinhoso, de agradecimento.

— Obrigado.

— É um beijo de despedida, né?

— Desculpa...

— E eu achando que poderia terminar por cima... — Tony o abraçou, um abraço apertado, Clint sentiu o cheiro de café adentrando seu nariz, era estranho que mesmo marcado, ele soltasse esse aroma. Percebeu isso desde o momento que o viu, seu cheiro era uma delícia.

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